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Como eles tardassem a responder, acrescentou:

― Não alinho em ménages à trois. Vão ter de decidir.

― Com qual queres ficar? ― perguntou Franky.

― Não comeces com isso ― avisou Rosie. ― Ou então temos uma bela relação, como nos filmes. Nada de cama. E eu detesto isso ― disse, sorrindo para atenuar a dureza das suas palavras. ― Gosto muito dos dois.

― Esta noite fico em casa ― disse Franky.

Queria que ela soubesse que não tinha qualquer poder sobre ele.

Rosie despediu-se dele com um beijo e acompanhou-o até à porta.

― Amanhã vou ser muito especial ― sussurrou-lhe ao ouvido.

Tinham seis dias para passar juntos. Durante o dia, Rosie trabalhava na sua tese, mas à noite estava disponível.

Certa noite, os gêmeos levaram-na ao Garden, para ver um encontro entre os Knicks e os Lakers, e ficaram encantados ao descobrir que ela apreciava todas as sutilezas do jogo. Mais tarde, enquanto saboreavam uma ceia ligeira, Rosie disse-lhes que no dia seguinte, antevéspera de Natal, teria de ausentar-se durante uma semana. Os gêmeos sempre tinham assumido que ela passaria o Natal com a família. Mas agora, pela primeira vez desde que a conheciam, acharam-na um pouco deprimida.

― Não, vou passar o Natal sozinha, numa casa que a minha família tem no campo. Quero fugir a toda essa palhaçada do Natal, estudar um pouco e pensar na minha vida.

― Cancela isso e passa o Natal conosco ― propôs Franky. ― Alteramos o nosso vôo de regresso a L. A.

― Não posso ― disse Rosie. ― Preciso de estudar, e lá é o melhor lugar.

― Sozinha? ― perguntou Stace.

Rosie inclinou a cabeça.

― Sou mesmo uma parva ― murmurou.

― Por que é que não te fazemos companhia um par de dias? ― sugeriu Franky. ― Vamos embora logo a seguir ao Natal.

― Pois é ― corroborou Stace. ― Bem precisamos de um pouco de paz e tranqüilidade.

O rosto de Rosie como que se iluminou.

― Palavra? ― perguntou, muito feliz. ― É tão bom. Podíamos ir esquiar. Há uma estância a menos de meia hora de distância. E eu faço-lhes um jantar de Natal. ― interrompeu-se por um instante e acrescentou, muito pouco convincentemente ―: Mas prometam que se vão embora logo a seguir ao Natal. Preciso mesmo de trabalhar.

― Temos de voltar a L. A. ― disse Stace. ― Temos um negócio para gerir.

― Céus, adoro estes tipos! ― exclamou Rosie.

― Eu e o Franky estivemos a falar ― continuou Stace, como se nada fosse. ― Nunca estivemos na Europa, e pensamos que, quando acabasses as aulas, no Verão, podíamos ir todos juntos. Serás a nossa guia. Tudo do melhor. Só um par de semanas. Seria divertido, se fosses conosco.

― Pois é ― acrescentou Franky ―, não podemos ir sozinhos.

Riram-se os três.

― É uma idéia maravilhosa ― disse Rosie. ― Hei de mostrar-lhes Londres, e Paris, e Roma. E vão adorar absolutamente Veneza. Talvez até nunca mais queiram voltar. Mas diabo, rapazes, o verão vem ainda muito longe. Conheço-os bem, por essa altura hão de andar atrás de outras mulheres.

― Queremos-te a ti ― respondeu Franky, quase furiosamente.

― Estarei pronta quando telefonarem ― prometeu Rosie.

Na manhã de 23 de Dezembro, Rosie estacionou o carro diante do hotel para ir buscar os gêmeos. Guiava um Cadilac enorme, em cuja mala cabiam as suas grandes malas de viagem e uns quantos presentes embrulhados em papéis coloridos, e ainda restava espaço para a bagagem deles, mais modesta.

Stace sentou-se no banco traseiro e deixou Franky ir à frente com Rosie. O rádio estava a tocar e nenhum deles falou durante cerca de uma hora. Era uma das coisas de que mais gostavam em Rosie.

Enquanto esperavam que ela os fosse buscar, tinham tido uma conversa ao pequeno-almoço. Stace sentira que Franky estava pouco à-vontade com ele, o que era muito raro entre os gêmeos.

― Deita lá isso cá para fora ― dissera Stace.

― Não quero que me interpretes mal ― começara Franky, defensivamente. ― Não sou ciumento, nem nada disso. Mas seria possível deixares a Rosie para mim enquanto lá estivermos?

― Claro. Digo-lhe que apanhei um esquentamento em Las Vegas, ou coisa assim.

Franky sorrira.

― Não é preciso ir tão longe. Só gostava de tentar tê-la para mim. Caso contrário, afasto-me e podes ficar tu com ela.

― Não sejas parvo ― replicara Stace. ― Vais estragar tudo. Olha, não a forçamos, não a aldrabamos. Isto é o que ela quer fazer, e eu acho que é porreiro para nós.

― Gostava de tentar sozinho ― insistira Franky. ― Só durante algum tempo.

― Tudo bem ― aquiescera Stace. ― Sou o irmão mais velho, tenho de zelar por ti. ― Era a piada preferida dos dois, e na verdade Stace parecia alguns anos mais velho do que Franky, em vez de apenas dez minutos ― Mas sabes perfeitamente que ela vai topar-te em dois segundos. A Rosie é esperta. Vai saber que estás apaixonado por ela.

Franky olhara para o irmão, com um ar de enorme estupefAção.

― Estou apaixonado por ela? ― exclamara. ― Então é isso? Porra! Jesus Cristo!

E riram-se ambos.

Tinham deixado a cidade para trás e atravessavam os campos de Westchester County. Franky quebrou o silêncio.

― Nunca vi tanta neve em toda a minha vida ― disse. ― Por que raio há de alguém querer viver aqui?

― Porque é barato ― explicou Rosie.

― Ainda falta muito? ― perguntou Stace.

― Cerca de hora e meia. Precisam de parar?

― Não ― disse Franky ―, continuemos.

― A menos que tu precises de parar ― sugeriu Stace.

Rosie abanou a cabeça. Tinha no rosto uma expressão determinada, as mãos firmemente pousadas no volante, observando atentamente a neve que caía.

Cerca de uma hora mais tarde passaram por uma pequena povoação e Rosie disse: ― São só mais quinze minutos.

O carro começou a subir uma ladeira bastante íngreme e no alto da pequena colina havia uma casa, cinzenta como um elefante, rodeada por campos cobertos de neve, uma neve perfeitamente pura e sem marcas, sem pegadas ou rastos de pneus.

Rosie parou diante do alpendre dianteiro e apearam-se todos. Ela carregou-os com malas e caixas de presentes.

― Vão entrando ― disse. ― A porta está aberta. Aqui ninguém as fecha.

Franky e Stace subiram os degraus do alpendre e empurraram a porta

Estavam numa vasta sala decorada com cabeças de animais nas paredes, e havia um grande lume aceso numa lareira do tamanho de uma cave.

Subitamente, ouviram lá fora o rugido do motor do Cadillac, e nesse momento entraram seis homens pelas duas portas da sala. Empunhavam armas e o chefe, um indivíduo enorme com um grande bigode, ordenou com uma voz marcada por um ligeiro sotaque:

― Não se mexam. Não larguem as malas.

Stace compreendeu imediatamente, mas Franky estava preocupado com Rosie. Demorou cerca de trinta segundos a juntar os elementos: o rugido do motor e o fato de ela não estar ali. Então, com a pior sensação que alguma vez tivera em toda a sua vida, compreendeu. Rosie fôra a isca.

Capítulo 7