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—   Quentyn da Casa Martel!.

—   Sapo fica-vos melhor. Não é meu hábito beber com mentirosos e desertores, mas deixastes-me curioso.

Quentyn sentou-se. Uma palavra errada, e isto pode dar em sangue em meio segundo.

—    Peço-vos perdão pelo engano. Os únicos navios que zarpavam para a Baía dos Escravos eram aqueles que tinham sido contratados para vos trazer para as guerras.

O Príncipe Esfarrapado encolheu os ombros.

—    'Iodos os traidores têm as suas histórias. Não sois o primeiro a ajuramentar-me a espada, a pegar no meu dinheiro e a fugir. Todos eles têm razões. "O meu filhinho está doente," ou "A minha mulher está a pôr-me os cornos," ou "Todos os outros homens me obrigam a mamar-lhes as picas." Era um rapaz tão encantador, este último, mas não lhe perdoei a deserção. Outro tipo disse-me que a nossa comida era uma porcaria tão grande que teve de fugir antes que o deixasse doente, portanto mandei cortar-lhe o pé, assei-o, e dei-lho a comer. Depois fiz dele o nosso cozinheiro. As nossas re­feições melhoraram de forma notória, e quando o contrato do homem ter­minou, assinou outro. Mas vós... vários dos meus melhores homens estão trancados nas masmorras da rainha graças a essa vossa língua mentirosa, e duvido que saibais sequer cozinhar.

—  Eu sou um príncipe de Dorne — disse Quentyn. — Tinha de cum­prir um dever para com o meu pai e o meu povo. Havia um pacto secreto de casamento.

—   Foi o que ouvi dizer. E quando a rainha prateada viu o vosso boca­do de pergaminho caiu-vos nos braços, não foi?

—   Não — disse a Linda Meris.

—   Ah não? Oh, já me lembro. A vossa noiva voou para longe monta­da num dragão. Bem, quando regressar assegurai-vos de que nos convidais para a boda. Os homens da minha companhia adorariam beber à vossa fe­licidade, e eu gosto imenso de casamentos à moda de Westeros. A parte de levar para a cama, em especial, só... oh, esperai... — Virou-se para Denzo D'han. — Denzo, julgava que me tinhas dito que a rainha do dragão tinha casado com um ghiscariota qualquer.

—   Um nobre meereenês. Rico.

O Príncipe Esfarrapado voltou a virar-se para Quentyn.

—   Poderá tal coisa ser verdade? Decerto que não. Então e o vosso pacto de casamento?

—   Ela riu-se dele — disse a Linda Meris.

Daenerys não se riu. O resto de Meereen poderia vê-lo como uma curiosidade divertida, como o ilhéu do verão exilado que o Rei Robert mantinha em Porto Real, mas a rainha sempre lhe falara com gentileza.

—  Chegámos tarde demais — disse Quentyn.

—  Uma pena que não tenhais desertado mais cedo. — O Príncipe Es­farrapado bebeu do vinho. — Então... nada de casamento para o Príncipe Sapo. Foi por isso que voltastes aos saltos para junto de mim? Os meus três bravos rapazes dorneses decidiram honrar os seus contratos?

—   Não.

—   Que aborrecimento.

—   Yurkhaz zo Yunzak está morto.

—    Notícias antigas. Eu vi-o morrer. O pobre homem viu um dra­gão e tropeçou ao tentar fugir. Depois, mil dos seus amigos mais próximos espezinharam-no. Sem dúvida que a Cidade Amarela está inundada por lágrimas. Pedistes-me para vir cá para fazermos um brinde à sua memória?

—   Não. Os yunkaitas escolheram um novo comandante?

—   O conselho dos mestres foi incapaz de concordar. Yezzan zo Qaggaz era quem tinha mais apoio, mas agora também está morto. Os Sábios Mestres estão a revezar-se no comando supremo. Floje o nosso líder é aque­le a que os vossos amigos nas fileiras chamavam o Conquistador Bêbado. Amanhã, será o Senhor Bochechas de Baloiço.

—   O Coelho — disse Meris. — O Bochechas de Baloiço foi ontem.

—  Obrigado pela correção, minha querida. Os nossos amigos yunkai­tas tiveram a bondade de nos fornecer uma tabela. Tenho de tentar ser mais dedicado na sua consulta.

—   Yurkhaz zo Yunzak foi o homem que vos contratou.

—   Ele assinou o nosso contrato em nome da cidade. É verdade.

—    Meereen e Yunkai fizeram a paz. O cerco vai ser levantado, os exércitos serão dissolvidos. Não haverá batalha, não haverá massacre, não haverá cidade para saquear e pilhar.

—   A vida está cheia de desilusões.

—    Durante quanto tempo julgais que os yunkaitas continuarão a querer pagar salários a quatro companhias livres?

O Príncipe Esfarrapado bebeu um gole de vinho e disse:

—   Uma questão aborrecida. Mas a vida é assim para os homens das companhias livres. Uma guerra termina, outra começa. Felizmente há sem­pre alguém a combater alguém, algures. Tilvez aqui. Enquanto nós bebemos, o Barba Sangrenta está a insistir com os nossos amigos yunkaitas para presentearem o Rei Hizdahr com outra cabeça. Os libertos e os esclavagis­tas olham os pescoços uns dos outros e afiam as navalhas, os Filhos da Har­pia conspiram nas suas pirâmides, a égua branca atropela tanto senhores como escravos, os nossos amigos da Cidade Amarela olham para o mar, e algures nas estepes um dragão mordisca a tenra carne de Daenerys Targaryen. Quem governa Meereen esta noite? Quem a governará amanhã? — O pentoshi encolheu os ombros. — Duma coisa tenho certeza. Alguém terá necessidade das nossas espadas.

—   Eu tenho necessidade dessas espadas. Dome quer contratar-vos.

O Príncipe Esfarrapado deitou uma olhadela à Linda Meris.

—   Não lhe falta desplante, a este Sapo. Terei de lhe fazer lembrar? Meu caro príncipe, o último contrato que assinámos foi usado por vós para limpar o vosso lindo traseiro cor-de-rosa.

—  Eu duplico o que quer que os yunkaitas estejam a pagar-vos.

—  E pagais em ouro no momento em que assinardes o contrato, cer­to?

—  Pagarei parte quando chegarmos a Volantis, o resto quando estiver de volta a Lançassolar. Trouxemos ouro conosco quando zarpámos, mas teria sido difícil de esconder quando nos juntámos à companhia, portanto entregámo-lo aos bancos. Posso mostrar-vos papéis.

—  Ah. Papéis. Mas seremos pagos a dobrar.

—  O dobro dos papéis — disse a Linda Meris.

—  O resto recebereis em Dorne — insistiu Quentyn. — O meu pai é um homem de honra. Se eu puser o meu selo num acordo, ele cumprirá os seus termos. Tendes a minha palavra a esse respeito.

O Príncipe Esfarrapado bebeu o resto do vinho, virou o copo ao con­trário, e pousou-o entre os dois.

—   Bom. Deixai ver se entendo. Um comprovado mentiroso e perjuro quer contratar-nos e pagar-nos com promessas. E por que serviços? De­verão os meus Aventados esmagar os yunkaitas e saquear a Cidade Ama­rela? Derrotar um khalasar dothraki no campo de batalha? Escoltar-vos para casa, para junto do vosso pai? Ou contentar-vos-eis se entregarmos a Rainha Daenerys na vossa cama, húmida e pronta? Dizei-me a verdade, Príncipe Sapo. Que quereis de mim e dos meus?

—   Preciso que me ajudeis a roubar um dragão.

Caggo Mata-Cadáveres soltou um risinho. A Linda Meris encurvou o lábio num meio sorriso. Denzo D'han assobiou.

O Príncipe Esfarrapado limitou-se a inclinar-se para trás no seu ban­co e a dizer:

—   O dobro não paga por dragões, principelho. Até um sapo devia

saber isso. Dragões são caros. E homens que pagam com promessas deviam ter pelo menos o bom senso de prometer mais.

—   Se quereis que eu triplique...

—  O que eu quero — disse o Príncipe Esfarrapado — é Pentos.

O GRIFO RENASCIDO 

Enviou os arqueiros primeiro.