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— Por que ri? Por que está tão feliz, senhor? — Porque você é uma alegria de se ver.

Blackthorne apoiou o próprio peso contra um dos três cabos grossos que estavam presos à quilha do navio. — Hipparuuuuuuu! — gritou — Puuuuuuuuuxem!

Havia cem samurais, só de tanga, puxando cada corda vigorosamente. Era de tarde agora, a maré estava baixa, e Blackthorne esperava poder deslocar o resto do navio e trazê-lo para a praia, para aproveitar tudo. Adaptara o primeiro plano quando descobrira, para júbilo seu, que todos os canhões tinham sido resgatados ao mar no dia seguinte ao holocausto e que estavam quase tão perfeitos quanto no dia em que haviam deixado a fundição perto de Chatham, no condado de Kent. Além disso quase mil balas de canhão, correntes e muitas coisas de metal tinham sido recuperadas. A maior parte estava retorcida e esfolada, mas ele tinha o essencial de um navio, melhor do que sonhara possível.

— Maravilhoso, Naga-san! Maravilhoso! — cumprimentara-o ele ao descobrir toda a extensão do que fora poupado.

— Oh, obrigado, Anjin-san. Tentei arduamente, sinto muito. — Não se lamente mais. Tudo bem agora!

Sim, regozijou-se ele. Agora The Lady pode ser um nadinha mais comprida e um nadinha mais larga, mas ainda será um galgo, para acabar com o inimigo.

Ah, Rodrigues, pensara ele sem rancor, estou contente de que você esteja a salvo, este ano, e que haja outro homem para afundar no ano que vem. Se Ferreira for capitão-mor de novo, será um presente do céu, mas não vou contar com isso e estou contente que você esteja indo embora. Devo-lhe a vida e você foi um piloto formidável.

— Hipparuuuuuuuu! — gritou ele de novo, e os cabos estremeceram, o mar escorrendo deles como suor, mas o navio não se moveu.

Desde aquele amanhecer na praia com Toranaga, a carta de Mariko nas mãos, os canhões descobertos logo depois, os dias deixaram de ter horas suficientes. Ele esboçara projetos iniciais, fizera e refizera listas, mudara os planos e muito cuidadosamente oferecera listas de homens e materiais necessários, não querendo que houvesse erro algum. E quando o dia findava, ele trabalhava no dicionário noite adentro, para aprender as novas palavras de que precisaria para dizer aos artesãos o que desejava, para descobrir o que eles já tinham e o que já podiam fazer. Muitas vezes, em desespero, tivera vontade de pedir ao padre que o ajudasse, mas sabia que não havia ajuda ali agora, que sua inimizade estava inexoravelmente fixada.

Karma, disse-se ele sem mágoa, com pena do padre pelo seu fanatismo ilegítimo.

— Hipparuuuuu!

Novamente os samurais fizeram força contra a garra da areia e do mar, então começaram a entoar uma canção e puxaram em uníssono. O casco moveu-se um nada, eles redobraram os esfor ços, então o resto do navio soltou-se com um estremecimento e eles se esparramaram na areia. Levantaram-se, rindo, cumprimentando-se, e se agarraram às cordas de novo. Mas o navio estava firme de novo.

Blackthorne mostrou-lhes como levar as cordas para um lado, depois para outro, tentando soltar o navio para bombordo ou estibordo, mas estava tão fixo como se estivesse ancorado.

— Terei que colocar bóias nele, depois a maré fará o trabalho e o erguerá — disse ele alto em inglês.

— Dozo? — disse Naga, desorientado.

— Ah, gomen nasal, Naga-san. — Por meio de sinais e desenhos na areia, explicou, amaldiçoando a sua falta de palavras, como fazer uma balsa e amarrá-la às costelas na maré baixa; depois a maré alta faria flutuar o navio e eles poderiam puxá-lo para a praia e abicá-lo. Na outra maré baixa seria fácil lidar porque eles teriam colocado rolos onde apoiar o casco.

— Ah so desu! — disse Naga, impressionado. Quando explicou aos demais oficiais, eles também se admiraram muito, e os vassalos de Blackthorne se envaideceram com a importância que deduziram disso.

Blackthorne notou isso e apontou um dedo para um deles. — Onde estão as suas maneiras?

— O quê? Oh, desculpe, senhor, por favor, desculpe-me por tê-lo ofendido.

— Hoje desculparei, amanhã não. Nade até o navio — desamarre esta corda. — O samurai roam tremeu e rolou os olhos nas órbitas. — Sinto muito, senhor, não sei nadar.

Fez-se silêncio na praia e Blackthorne sabia que estavam todos esperando para ver o que aconteceria. Ficou furioso consigo mesmo, pois uma ordem era uma ordem e involuntariamente ele dera uma sentença de morte que desta vez não era merecida. Pensou um momento. — As ordens de Toranaga-sama todos os homens aprender nadar. Neh? Todos os meus vassalos nadam dentro de trinta dias. Melhor nadar em trinta dias. Você, na água — a primeira aula agora.

Receoso, o samurai começou a entrar no mar, sabendo que era um homem morto. Blackthorne juntou-se a ele e, quando a cabeça do homem afundou, puxou-o para cima, sem nenhuma delicadeza, e fê-lo nadar, deixando-o submergir mas nunca perigosamente, até os destroços, o homem tossindo, tendo ânsias de vômito e prosseguindo. Depois puxou-o de volta à praia e a vinte jardas dos baixios empurrou-o para a frente. — Nade!

O homem fez isso como um gato semi-afogado. Nunca mais ele se daria ares de importância na frente do amo. Os companheiros aplaudiram e os homens na praia rolaram de rir na areia, os que sabiam nadar.

— Muito bom, Anjin-san — disse Naga. — Muito sábio. — Riu de novo, depois disse: — Por favor, mandei homens buscar bambu. Para balsa, neh? Amanhã tentar trazer tudo para cá. — Obrigado.

— Puxar mais hoje?

— Não, não, obrigado... -Blackthorne parou e seus olhos se turvaram. O Padre Alvito estava em pé sobre uma duna, observando-os. — Não, obrigado, Naga-san. Acaba tudo por aqui hoje. Por favor, com licença um momento. — Foi pegar as roupas e espadas, mas seus homens lhe trouxeram tudo rapidamente. Sem pressa, vestiu-se e enfiou a espada no sash.

— Boa tarde — disse ele, aproximando-se de Alvito. O padre parecia abatido, mas havia cordialidade no seu rosto, como houvera antes da violenta discussão nos arredores de Mishima. A cautela de Blackthorne aumentou.

— Ao senhor também, capitão-piloto. Vou partir esta manhã. instante. Importa-se?

— Não, em absoluto.

— O que vai fazer, tentar fazer flutuar o casco?

— Sim.

— Receio que isso não vá ajudar.

— Não tem importância. Vou tentar. Realmente acredita que pode construir outro navio?

— Oh, sim — disse Blackthorne com paciência, perguntando-se o que Alvito teria em mente.

— Vai trazer o resto da sua tripulação para cá, para ajudá-lo?

— Não — disse Blackthorne após um momento. — É melhor que fiquem em Yedo. Quando o navio estiver quase acabado... há muito tempo para trazê-los para cá.

— Eles vivem com etas, não?

— Sim.

— É essa a razão pela qual o senhor não os quer aqui?

— Uma delas.

— Não o censuro. Ouvi dizer que estão todos muito turbulentos e bêbados a maior parte do tempo. O senhor soube que, ao que consta, há uma semana mais ou menos houve uma pequena desordem entre eles e a casa se incendiou?

— Não. Alguém se feriu?

— Não. Mas só pela graça de Deus. Parece que um deles fez uma destilaria.

Alvito assentiu e olhou de novo para as costelas banhadas pelas ondas.

— Eu queria lhe dizer, antes de partir, que sei o que a perda de Mariko-san representa para o senhor. Fiquei extremamente entristecido com a sua história sobre Osaka, mas de certo modo exaltado. Compreendo o que significou o sacrifício dela... Ela lhe contou sobre o pai, toda aquela outra tragédia?