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— Precisamos fazer um acordo. Em primeiro lugar, os colaboradores não devem ser citados nos seus textos.

— Combinado.

Edklinth lançou um olhar surpreso para Mikael Blomkvist.

— Em segundo lugar, você não pode falar com outros colaboradores que não eu e a Rosa Figuerola. Nós é que determinamos o que podemos lhe revelar.

— Se você tinha tantas exigências, deveria ter me falado ontem.

— Ontem eu ainda não tinha tido tempo de pensar no assunto.

— Então vou lhe contar uma coisa. Esta deve ser a primeira e única vez na minha carreira profissional que vou revelar o conteúdo de um artigo ainda não publicado para um policial. Portanto, e citando você... para ser franco, nao sei como administrar esta situação.

Fez-se um breve silêncio em volta da mesa.

— A gente talvez pudesse...

— O que vocês acham...

Edklinth e Rosa Figuerola começaram a falar ao mesmo tempo e s calaram.

— Estou querendo pegar o clube Zalachenko. Vocês querem denunciar o clube Zalachenko. Não vamos discutir além disso — disse Mikael.

Edklinth meneou a cabeça.

— O que você já tem?

Edklinth relatou o que Rosa Figuerola e sua equipe tinham descoberto Mostrou a foto de Evert Gullberg com o coronel espião Stig Wennerstrõm.

— Ótimo. Eu queria uma cópia dessa foto.

— Pode ser encontrada nos arquivos da Ãhlén & Ákerlund — disse Rosa Figuerola.

— Também está na mesa à minha frente. Com um texto no verso — disse Mikael.

— Certo. Dê uma cópia para ele — disse Edklinth.

— Isso significa que Zalachenko foi morto pela Seção.

— Assassinado por um homem que estava morrendo de câncer e se suicidou em seguida. O Gullberg ainda está vivo, mas os médicos lhe dão poucas semanas. Suas lesões no cérebro são tamanhas, depois da sua tentativa de suicídio, que ele está como um vegetal.

— E ele era o principal responsável pelo Zalachenko quando este desertou.

— Como você sabe?

— O Gullberg esteve com o primeiro-ministro Thorbjõrn Fálldin seis semanas após a deserção de Zalachenko.

— Você tem como provar?

— Tenho. No registro das visitas da chancelaria do governo. O Gullberg estava acompanhado do diretor da Sapo na época.

— Que hoje está morto.

— Mas o Fálldin está vivo e concorda em falar sobre isso.

— Você...

— Não, eu não falei com o Fálldin. Mas outra pessoa falou. Não posso dizer quem é. Estou protegendo minha fonte.

Mikael contou como Thorbjõrn Fálldin reagira à informação sobre Zalachenko e como ele próprio tinha ido aos Países Baixos interrogar Janeryd.

- Conclusão: o clube Zalachenko fica em algum lugar aqui da casa - disse Mikael, apontando para a foto.

- Em parte. Achamos que se trata de uma organização dentro da organização. O clube Zalachenko não poderia existir sem o apoio de pessoas-chave desta casa. Mas suspeitamos que a suposta Seção de Análise Especial se estabeleceu em algum lugar lá fora.

— Se entendi direito como isso funciona, uma pessoa pode ser empregada da Sapo, receber seu salário pela Sapo e depois fazer seus relatórios para outro empregador.

— E mais ou menos isso.

— Então quem, aqui, apoia o clube Zalachenko?

— Ainda não sabemos. Mas temos alguns suspeitos.

— O Mârtensson — sugeriu Mikael. Edklinth concordou com a cabeça.

— O Mârtensson trabalha para a Sapo e, quando precisam dele no clube Zalachenko, ele é liberado de suas funções habituais — disse Rosa Figuerola.

— Como isso é possível na prática?

— Ótima pergunta — disse Edklinth com um sorrisinho. — Você não gostaria de vir trabalhar para a gente?

— Nem pensar — disse Mikael.

— Estou brincando. Mas é exatamente essa a pergunta que deve ser feita. Temos um suspeito, mas nada que nos autorize a passar da desconfiança às provas.

— Vejamos... é necessariamente alguém que goza de alguma autoridade administrativa.

— Suspeitamos do secretário-geral Albert Shenke — disse Rosa Figuerola.

— O que nos leva ao primeiro obstáculo — disse Edklinth. — Nós lhe dissemos o nome, mas a informação não pode ser confirmada. De que jeito você pensa usar isso?

— Não posso publicar um nome sem provas em que me apoiar. Se o Shenke for inocente, pode processar a Millennium por difamação.

— Muito bem. Então estamos de acordo. Essa colaboração deve se basear na confiança recíproca. Agora é sua vez. O que você tem?

— Tenho três nomes — disse Mikael. — Os dois primeiros eram membros do clube Zalachenko nos anos 1980.

Edklinth e Figuerola aguçaram imediatamente o ouvido.

— Hans vou Rottinger e Fredrik Clinton. Rottinger está morto. O Qinton está aposentado. Mas ambos faziam parte do círculo mais próximo de Zalachenko.

— E o terceiro nome? — perguntou Edklinth.

— O Teleborian tem uma ligação com um tal de ]onas. Não sabemos seu sobrenome, apenas que ele fazia parte da turma de 2005 do clube Zalachenko... Temos motivos para acreditar que ele é quem aparece com o Mârtensson nas fotos do Copacabana.

— E esse nome Jonas surgiu em que contexto?

— A Lisbeth Salander invadiu o computador de Peter Teleborian, e estamos em condições de acompanhar uma correspondência mostrando que o Teleborian tem conspirado com o Jonas do mesmo jeito que conspirava com o Bjõrck em 1991. Jonas dá instruções a Teleborian. E aqui chegamos ao segundo obstáculo — disse Mikael, sorrindo para Edklinth. — Posso provar o que digo, mas não posso mostrar as provas sem revelar minha fonte. Vocês vão ter que acreditar na minha palavra.

Edklinth pareceu pensativo.

— Um colega do Teleborian em Uppsala, quem sabe — disse ele. — Certo. Vamos começar pelo Clinton e o Rottinger. Conte o que você sabe.

O presidente do conselho administrativo Magnus Borgsjõ recebeu Erika Berger em sua sala, ao lado da sala de reuniões da diretoria. Parecia preocupado.

— Me disseram que você estava machucada — disse, indicando seu pé.

— Vai passar — disse Erika. Ela apoiou as bengalas na mesa enquanto sentava-se na poltrona dos visitantes.

— Ah, que bom. Erika, faz um mês que você está aqui e gostaria que fizéssemos um balanço dessa experiência. Qual a sua avaliação?

Preciso falar com ele sobre a Vitavara. Mas como? Quando?

— Estou começando a me situar. Há dois aspectos. De um lado, o SMP enfrenta problemas financeiros e o orçamento está estrangulando o jornal. De outro, há uma quantidade incrível de peso morto na redação. __Não há nenhum aspecto positivo?

— Há, sim. Vários profissionais tarimbados que sabem como tocar o trabalho. O problema é que existem outros que atrapalham o tempo todo.

— O Holm me falou...

— Eu sei.

Borgsjõ ergueu as sobrancelhas.

— Ele tem um bocado de coisas a dizer sobre você. Praticamente todas negativas.

— Não faz mal. Eu também tenho um bocado de coisas a dizer sobre ele.

— Negativas? Não é bom que vocês não consigam trabalhar juntos...

— Eu não tenho nenhum problema em trabalhar com ele. Em compensação, ele tem problemas para trabalhar comigo.

Erika suspirou.

— Ele me deixa louca. O Holm tem experiência, é sem dúvida duas vezes um dos editores de Atualidades mais competentes que já conheci. Mas também é um cretino. Fica fazendo intriga e jogando as pessoas umas contra as outras. Eu trabalho na imprensa há vinte e cinco anos e nunca cruzei com um homem assim num cargo executivo.

— Ele é obrigado a ter mão de ferro para dar conta do trabalho. É pressionado de todos os lados.

— Mão de ferro, tudo bem. Mas isso não significa que ele precise ser um idiota. Infelizmente, o Holm é desastroso. Com ele é quase impossível fazer o pessoal trabalhar em equipe. Ele parece achar que o trabalho dele consiste em administrar dividindo.

— Você não mede as palavras.