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— Olá, chefe. Achei um negócio engraçado. Verifiquei o que há por trás do apartamento da Bellona.

— E então? — perguntou Rosa Figuerola.

— A empresa Bellona foi fundada nos anos 1970 e comprou o apartamento dos herdeiros da antiga proprietária, uma tal de Kristina Cederholm, nascida em 1917.

— E?

— Ela era casada com Hans Wilhelm Francke, o caubói que criava caso com o P. G. Winge quando a Sapo foi fundada.

— Ótimo — disse Torsten Edklinth. — Ótimo. Rosa, quero que o prédio seja vigiado dia e noite. Encontre todos os telefones. Quero saber quem entra e quem sai, que carros que visitam o prédio. Enfim, a rotina.

Edklinth deu uma olhada para Mikael Blomkvist. Pareceu que ia dizer alguma coisa, mas desistiu. Mikael ergueu as sobrancelhas.

— Satisfeito com o volume de informações? — Edklinth acabou perguntando.

— Acho que não falta nada. E você, satisfeito com a contribuição da Millennium?

Edklinth balançou a cabeça devagar.

— Você se dá conta de como eu posso me encrencar por causa dessa história toda? — ele perguntou.

— Não por minha causa. Estou tratando toda informação que consigo aqui como protegida. Vou revelar os fatos, mas sem dizer como cheguei a eles. Antes de publicar, vou fazer uma entrevista normal com você. Se você não quiser responder, é só dizer: Sem comentários. Ou então você pode denegrir à vontade a Seção de Análise Especial. Você é quem sabe.

Edklinth fez um gesto de assentimento com a cabeça.

Mikael estava satisfeito. Em poucas horas, a Seção ganhara uma form concreta. Era um furo e tanto.

Frustrada, Sonja Modig se deu conta de que a reunião na sala do procurador Ekstrõm estava se estendendo demais. Achou uma garrafa de água mineral deixada por alguém na mesa de reuniões. Ligou para o marido duas vezes para avisar que ia se atrasar, e prometeu compensá-lo depois com uma noite bem bacana assim que chegasse. Começava a se impacientar e se sentia como um voyeur de plantão.

A reunião só terminou por volta das sete e meia. Sônia foi pega de surpresa quando a porta se abriu e Hans Faste saiu para o corredor. Logo atrás dele vinha o Dr. Peter Teleborian. Em seguida, um homem mais velho, grisalho, que Sonja Modig nunca tinha visto. Por fim surgiu o procurador Ekstrõm, vestindo o paletó enquanto apagava a luz. Em seguida fechou a porta a chave.

Sonja Modig ergueu o celular entre a fresta da cortina e tirou duas fotos de baixa resolução do grupo em frente à sala de Ekstrõm. Eles se demoraram alguns segundos antes de saírem pelo corredor.

Ela prendeu a respiração quando eles passaram pela sala onde ela estava escondida. Quando finalmente ouviu a porta da escada se fechando, percebeu que estava molhada de um suor frio. Ao levantar-se, tinha as pernas bambas.

Bublanski ligou para Rosa Figuerola pouco depois das oito da noite.

— Você queria saber se o Ekstrõm estava com alguém.

— Isso — disse Rosa.

— A reunião terminou neste momento. O Ekstrõm estava com o doutor Peter Teleborian, com um antigo colaborador meu, o inspetor Hans Faste, e com um homem mais velho que não conhecemos.

— Espere só um pouco — disse Rosa Figuerola, tapando o fone com a mão e virando-se para os demais: — A gente estava certo. O Teleborian foi direto para a sala do procurador Ekstrõm.

— Alô?

— Desculpe. Você tem uma descrição do desconhecido, do terceiro homem?

— Melhor que isso. Vou lhe mandar uma foto.

- Uma foto! Sensacional. Fico te devendo um favor e tanto.

— Eu faria até melhor se soubesse o que está acontecendo.

— Eu volto a te ligar.

Por um instante, o silêncio tomou conta da sala de reuniões.

— Certo — disse Edklinth por fim. — O Teleborian se encontra com a Seção e depois vai direto falar com o procurador Ekstrõm. Eu pagaria muito caro para saber sobre o que eles conversaram.

— Se quiser, pode perguntar para mim — sugeriu Mikael Blomkvist. Edklinth e Figuerola olharam para ele.

— Eles se encontraram para acertar os detalhes da estratégia que vai derrubar a Lisbeth Salander no julgamento, daqui a um mês.

Rosa Figuerola o fitou. Então meneou a cabeça devagar.

— Isso não passa de suposição — disse Edklinth. — A menos que você tenha dons paranormais.

— Não é uma suposição — disse Mikael. — Eles se encontraram para revisar os detalhes da avaliação psiquiátrica da Salander. O Teleborian tinha acabado de redigi-la.

— Isso é um absurdo. A Salander ainda nem foi examinada. Mikael Blomkvist deu de ombros e abriu a sacola de seu computador.

— O Teleborian nunca perdeu tempo com futilidades como essa. Aqui está a última versão da avaliação psiquiátrica dele. Como podem ver, a data é a da semana em que vai ter início o julgamento.

Edklinth e Figuerola olharam para os papéis à sua frente. Então trocaram um olhar e se viraram para Mikael Blomkvist.

— E como você conseguiu pôr as mãos nisso? — perguntou Edklinth.

— Lamento. Eu protejo as minhas fontes — disse Mikael Blomkvist.

— Blomkvist... A gente tem que confiar um no outro. Você está retendo informações. Você tem mais alguma surpresa desse tipo?

— Tenho. É claro que eu tenho os meus segredos. Assim como estou convencido de que você não me deu carta branca para ver tudo o que vocês têm aqui na Sapo. Não é?

— E diferente.

— Não. É exatamente igual. O nosso acerto significa colaboração. Como você disse, a gente tem que confiar um no outro. Não estou omitindo nada que possa ajudar sua investigação a traçar uma imagem da Seção ou detecta os diversos crimes que foram cometidos. Já entreguei um material provando que o Teleborian cometeu crimes com o Bjõrck em 1991 e avisei que ele vai ser chamado a fazer a mesma coisa agora. E aqui está o documento comprn_ vando que é verdade.

— Mas você guarda alguns segredos.

— É evidente. Você pode escolher entre encerrar a nossa colaboração ou se conformar.

Rosa Figuerola ergueu um dedo diplomático.

— Me desculpe, mas por acaso isso significa que o procurador Ekstrõm trabalha para a Seção?

Mikael franziu o cenho.

— Eu não sei. Tenho a impressão de que ele é mais um idiota útil manobrado pela Seção, isso sim. Ele é um carreirista, mas acho que é honesto, e meio tapado. Em compensação, uma fonte me contou que ele engoliu praticamente tudo o que o Teleborian falou sobre a Lisbeth Salander quando ela ainda estava sendo procurada.

— Você quer dizer que ele é fácil de se manipular?

— Exato. E o Hans Faste é um cretino que acha que a Lisbeth Salander é uma lésbica satanista.

Erika Berger estava sozinha em casa, em Saltsjõbaden. Sentia-se paralisada e incapaz de se concentrar em qualquer trabalho sério. Esperava que a qualquer momento alguém ligaria dizendo que havia fotos dela num site qualquer da internet.

Surpreendeu-se várias vezes pensando em Lisbeth Salander e se deu conta de que estava esperando demais dela. Salander estava trancafiada em Sahlgrenska. Não podia receber visitas e nem tinha o direito de ler os jornais. Mas era uma garota de muitos recursos. Apesar de seu isolamento, conseguira entrar em contato com Erika pelo ICQ, e depois por telefone. E, sozinha, fizera ruir o império de Wennerstrõm e salvara a Millennium dois anos antes.

Às oito da noite, Susanne Linder bateu à porta. Erika sobressaltou-se como se tivessem disparado um tiro na sala.

— Oi, Erika. Você parece mesmo angustiada, sozinha assim no escuro.

Erika assentiu com a cabeça e acendeu a luz. —- Oi. Vou fazer um café...

— Não. Deixe que eu faço. Alguma novidade?

Ah, claro. Lisbeth Salander deu notícias e assumiu o controle do meu computador. E ligou para dizer que o Teleborian e um sujeito chamado Jonas iam se encontrar hoje à tarde na estação central.

— Não, nada — disse ela. — Mas eu queria trocar uma idéia com você.