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— E você ao meu lado — Starke sorriu para ela.

— O que aconteceu? Em Bandar Delam? — perguntou em inglês.

— Houve uma maldita batalha entre Zataki e seus homens e uns cinqüenta esquerdistas, na base. Ontem Zataki tomou a base em nome de Khomeini e da revolução. Eu tive um pega com ele quando cheguei lá, mas agora está tudo mais ou menos bem, embora ele seja psicótico, e mais perigoso que uma víbora. Mas o fato é que, de madrugada, os fedayins esquerdistas invadiram o aeroporto em caminhões e a pé. Zataki estava dormindo, bem como o resto dos seus homens, não havia sentinelas, nada. Você já soube que os generais capitularam e que Khomeini é o novo ditador?

— Sim, acabamos de saber.

— Quando percebi o ataque, já estava um pandemônio, balas por todo lado, entrando pelas paredes dos trailers. Eu, você me conhece, eu me abaixei e me arrastei para fora do trailer. Você está com frio, querida?

— Não, não querido. Vamos para casa. Estou precisando de um drinque... Oh, meu Deus...

— O que foi?

Mas ela já estava correndo para casa.

— O chili — eu deixei o chili no forno.

— Jesus Cristo — murmurou Ayre —, pensei que iam atirar em nós ou algo parecido.

— Vamos ter chilfl — perguntou Starke rindo.

— Sim. Bandar Delam?

— Não há muito o que contar, Freddy. — Eles começaram a caminhar para casa. — Eu evacuei o trailer. Acho que os atacantes imaginaram que Zataki e seus homens estavam dormindo lá, mas Zataki tinha posto todo mundo para dormir nos hangares, guardando os helicópteros. Freddy, eles são paranóicos em relação aos helicópteros, acham que vamos fugir neles, ou usá-los para retirar a Savak, os generais ou os inimigos da revolução. De qualquer modo, o velho Rudi e eu, nós estávamos abrigados atrás de um reservatório de lama, então alguns daqueles novos filhos da mãe, não se conseguia distinguir uns do outros, exceto pelo fato dos homens de Zataki gritarem "Allah-u Akbar" enquanto morriam, alguns dos fedayins começaram a atirar nos hangares bem na hora em que Jon Tyrer saía do trailer. Eu o vi cair e fiquei louco. Não vá contar para Manuela. Aí tirei o revólver de um deles e comecei minha guerrinha particular para chegar até Jon. Rudi... — Starke começou a rir. — Aquele é um filho da puta! Rudi também conseguiu uma arma e nós parecíamos Butch Cassidy e Sundance Kid...

— Deus Todo-Poderoso, vocês deviam estar malucos!

— E estávamos, mas conseguimos tirar Jon da linha de fogo e então Zataki e três dos seus homens saíram de um hangar e atacaram como selvagens. Mas, que diabo, ficaram sem munição. Os pobres filhos da mãe ficaram lá parados e eu nunca vi ninguém tão desprotegido. — Ele deu de ombros. — Rudi e eu achamos que não era justo deixar que eles fossem mortos como patos e Zataki tinha sido legal depois que o mulá Hussein saiu, e nós, ahn, chegamos a um acordo. Então atiramos por cima da cabeça dos atacantes e isso deu uma chance a Zataki e aos outros para se abrigarem. — Mais uma vez ele deu de ombros. — Foi isso o que aconteceu — disse. Estavam perto do bangalô. Starke farejou o ar. — Vamos ter chili mesmo, Freddy?

— Sim, a não ser que tenha queimado. Foi só o que aconteceu?

— Claro, exceto que quando o tiroteio acabou achei melhor que viéssemos para Kowiss e para o doutor Nutt. O mulá parecia mal e eu estava assustado com Jon. Zataki disse: "Claro, por que não, eu preciso ir para Isfahan" e aqui estamos. O rádio escangalhou no caminho; eu podia ouvir mas não podia transmitir. Só isso.

Ayre viu-o farejar o ar de novo, sabendo que um psicopata como Zataki jamais teria dado a Starke a autoridade que lhe dera — nem o teria protegido — por tão pouco.

O texano abriu a porta do bangalô. Imediatamente, o cheiro gostoso dos temperos o invadiu, transportando-o para casa, para o Texas, a terra de Deus, e milhares de refeições. Manuela tinha um drinque pronto para ele, do jeito que ele gostava. Mas não bebeu, foi direto para a cozinha, apanhou a colher de pau e provou o ensopado. Manuela ficou olhando, quase sem respirar. Ele provou uma segunda vez.

— O que acham disso? — disse alegremente. Era o melhor chili que ele já tinha comido.

25

EM DEZ DAM: 16:31H. O 212 de Lochart estava estacionado do lado de fora do barracão que servia de hangar, perto de uma área de pouso bem cuidada que ficava ao lado do pátio de pedras da casa. Lochart estava trepado no helicóptero, checando a coluna do rotor com a sua infinidade de juntas, pinos de segurança — e pontos perigosos — mas não encontrou nada de errado. Cuidadosamente, desceu e limpou as mãos sujas de graxa.

— Tudo bem? — perguntou Ali Abbasi, estendido ao sol. Ele era o jovem e bonito piloto de helicóptero iraniano que ajudara a soltar Lochart na base aérea de Isfahan pouco antes do amanhecer, e viera com ele na cabine até aqui. — Está tudo bem?

— Claro — disse Lochart. — Está perfeito e pronto para partir.

Era um dia bonito, quente e sem nuvens. Quando o sol se pusesse, dentro de uma hora mais ou menos, a temperatura cairia uns vinte graus ou mais, mas isso não tinha importância. Ele sabia que não sentiria frio porque os generais sempre se cuidam — e cuidam daqueles que são necessários à sua sobrevivência.

No momento eu sou necessário para Valik e para o general Seladi, mas só no momento, pensou.

Risos abafados vieram da casa e também dos que estavam tomando sol ou nadando nas águas azuis do lago, lá embaixo. A casa parecia incongruente no meio daquele deserto — um bangalô moderno, de um só andar, espaçoso, com quartos, e aposentos separados para empregados. Localizava-se numa pequena elevação dando para o lago e para a represa, e era a única naquela região. Em volta do lago e da represa havia uma zona árida — com colinas rochosas protejando-se de um platô alto, desprovido de vegetação. Os únicos meios de acesso eram a pé ou por ar, de helicóptero ou num avião leve, que pudesse pousar na estreita pista de terra que fora aberta no terreno acidentado.

Duvido que um pequeno avião de dois motores consiga pousar aqui, pensara Lochart, ao vê-la pela primeira vez. Tem que ser de um monomotor. E não há jeito de subir de novo — se descer tem que ficar. Mas é um ótimo esconderijo, quanto a isto não há dúvida — simplesmente ótimo.

Ali se levantou e se espreguiçou.

Tinham chegado lá de manhã, depois de um vôo sem incidentes. Seguindo as ordens e as instruções do general Seladi, modificadas em voz baixa pelo capitão Ali, Lochart se mantivera perto do chão, esgueirando-se pelos desfiladeiros, evitando todas as cidades e aldeias. O rádio ficara ligado todo o tempo. A única transmissão que escutaram foi um comunicado maldoso de Isfahan, repetido várias vezes, sobre um 212 cheio de traidores que estava fugindo em direção ao sul e que deveria ser interceptado e abatido.

— Eles não deram os nossos nomes, nem o nosso registro — disse excitadamente Ali. — Devem ter esquecido de anotá-los.

— E que diferença faz? — retrucara Lochart. — Devemos ser o único 212 no céu.

— Não faz mal. Mantenha-se no máximo a trinta metros e vire para oeste. Lochart ficara estarrecido, pois pensara estarem se dirigindo para Bandar

Delam, que ficava quase na rota sui.

— Para onde estamos indo?

— Esqueça-se das marcações, eu vou guiá-lo daqui em diante.

— Para onde estamos indo?

— Para Bagdá. — Ali rira.

Ninguém dissera a ele para onde estavam indo até estarem prontos para pousar, e nessa altura, a pouco mais de trezentos quilômetros de Isfahan, voando muito baixo o tempo todo, com ventos contrários, consumindo exageradamente combustível, muito além do máximo previsto — com o ponteiro no vazio. Ali rezava abertamente.

— Se nós pousarmos neste ermo, nunca mais sairemos daqui, e quanto ao combustível?