Mantenha-se baixo e devagar, poupe combustível e vá com calma para o sul, pensou, mais confiante. Aproxime-se da fronteira quando puder, não se afobe. Eles nunca o pegarão se você usar a cabeça. Vai escurecer dentro em breve e você sabe o bastante de vôo por instrumento para chegar ao Kuwait. Mas como foi que eles nos localizaram? Como souberam? É como se estivessem esperando. Será que eles nos viram no radar indo para Dez Dam? — Cuidado!
As árvores eram mais densas ali e ele contornou um grupo delas na encosta da montanha, chegou mais perto das rochas e subiu para o topo em direção ao próximo vale. Passou sobre ele e desceu para a proteção das rochas, com os olhos examinando à frente e acima, procurando sempre um bom lugar para descer caso o motor falhasse. Estava atento e confiante e fazia bem o seu trabalho. Todos os instrumentos estavam dentro da margem de segurança. Os minutos passavam e embora examinasse cuidadosamente o céu, não viu nada.
No início do próximo vale, girou o helicóptero num ângulo de 360° e examinou novamente o céu. Não havia nada lá em cima.
Salvos! Escapamos dele! Insha'Allah! Respirou fundo e, muito satisfeito, tornou a rumar para o sul. Passou pelo próximo cume. E pelo seguinte e lá na frente estavam as planícies. Os dois aviões de combate estavam esperando. Eram F14.
NO AEROPORTO DE TEERÃ — ESCRITÓRIO DA S-G: 17:48H. —...você não tem permissão para aterrissar! — ouviu-se pelo HF, junto com um bocado de estática. Gavallan, McIver e Robert Armstrong estavam agrupados em volta do rádio, escutando atentamente; pelas janelas, a vista era cansativa e pesada, a noite se aproximava.
A voz apagada de John Hogg tornou a soar, vinda do 125 que se aproximava:
— Controle de Teerã, aqui é Eco Tango Lima Lima, como ontem, nós temos permissão de Kish para pousar e...
— ETLL, você não pode pousar! — A voz do controlador de tráfego estava rouca e assustada e McIver praguejou baixinho. — Vou repetir: negativo, todo o tráfego aéreo civil está retido em terra e todas as chegadas canceladas até novas ordens do imã... — No fundo, eles podiam ouvir outras vozes conversando em farsi, vários microfones abertos para aquela freqüência. — Volte ao ponto de partida.
— Repito, nós temos permissão do radar de Kish para pousar, ele nos passou para o controle de tráfego aéreo de Isfahan, que confirmou a permissão. Longa vida para o aiatolá Khomeini e para a vitória do Islã. Estou a sessenta quilômetros ao sul do posto de controle de Varamin, pronto para descer na pista 29, esquerda. Por favor, confirme se o seu ILS está funcionando. Vocês têm mais tráfego no sistema?
Por alguns momentos, vozes em farsi dominaram a torre, e depois ouviu-se:
— Tráfego negativo, ETLL, ILS negativo, mas você não pode... — A voz em inglês com sotaque americano foi interrompida bruscamente, ouvindo-se uma voz zangada, com um sotaque carregado, dizendo: — Pousos não! Komiteh dá ordens Teerã! Kish não Teerã. Isfahan não Teerã. Nós damos ordens Teerã! Se pousar, você preso.
A voz alegre de John Hogg respondeu imediatamente:
— Eco Tango Lima Lima. Compreendo que vocês não querem que nós pousemos, torre de Teerã, e querem rejeitar as nossas permissões, o que eu acredito que seja um erro de acordo com os regulamentos de tráfego aéreo. Alerta Um, por favor. — Então, imediatamente, na freqüência particular da S-G, misturada com a estática, veio a sua voz tensa: — Chamando QG!
Imediatamente, McIver trocou de canal e falou ao microfone:
— Três sessenta, Alerta Um — o que significava: dê uma volta e aguarde uma resposta. Olhou para Gavallan, que estava com a fisionomia preocupada. Robert Armstrong assoviava baixinho. — É melhor o mandarmos voltar. Se pousar, podem prendê-lo e apreender o aparelho — disse McIver.
— Com permissões oficiais? — perguntou Gavallan. — Você disse à torre que nós temos a carta do embaixador britânico aprovada pelo gabinete de Bazargan...
— Mas não pelo próprio Bazargan, senhor — disse Robert Armstrong —, e mesmo assim, para todos os efeitos, aqueles patifes da torre são a lei no momento. Eu sugiro que... — Ele parou e apontou, com o rosto ainda mais preocupado. — Olhem lá! — Dois caminhões e um carro equipado com rádio, com sua longa antena balançando, estavam se aproximando pela estrada. Enquanto olhavam, os caminhões foram diretamente para a pista 29 esquerda e estacionaram bem no meio dela. Faixas Verdes armados saltaram e tomaram posições defensivas. O carro com rádio continuou andando na direção deles.
— Merda! — resmungou McIver.
— Mac, você acha que eles estão controlando a nossa freqüência?
— É mais seguro presumir que sim, Andy. Gavallan apanhou o microfone.
— Interrompa. B repito B.
— Eco Tango Lima Lima! — Então, na freqüência da torre, ouviu-se uma voz simpática e genticlass="underline" — Torre de Teerã: nós concordamos com o seu pedido para cancelar a nossa licença e solicitamos formalmente permissão para pousar amanhã ao meio-dia para entregar peças de reposição urgentes, repetimos urgentes, requisitadas pela IranOil, e desembarcar tripulação com licença vencida, e retornar imediatamente.
— Johnny foi sempre rápido nas suas respostas — resmungou McIver, e depois disse para Armstrong: — Nós vamos colocá-lo...
— Alerta Um, Eco Tango Lima Lima. — Sua voz foi abafada pela torre.
— Nós vamos colocá-lo na lista de passageiros quando pudermos, sr. Armstrong. Sinto, mas hoje não deu certo. E quanto aos seus papéis?
Armstrong tirou os olhos do carro que se aproximava.
— Eu, ahn, eu preferiria ser um consultor da S-G, saindo em licença, se você não se importar. Sem salário, evidentemente. — Ele olhou para Gavallan.
— O que é B repito B?
— Tente outra vez amanhã, à mesma hora.
— E se eles concordarem com o pedido do ETLL?
— Então será amanhã. Você vai ser um consultor.
— Obrigado. Vamos torcer para ser amanhã. — Armstrong olhou para o carro que se aproximava e acrescentou rapidamente: — O senhor vai estar em casa por volta das dez da noite, sr. Gavallan? Talvez eu pudesse dar uma passada por lá. Só para conversar, nada importante.
— Claro. Estarei esperando. Nós já nos encontramos antes, não?
— Sim. Se eu não estiver lá até dez e quinze é que eu me atrasei e não pude ir. O senhor sabe como é. E então me comunicarei com o senhor de manhã.
— Armstrong levantou-se para sair. — Obrigado.
— Está bem. Onde foi que nos encontramos?
— Em Hong Kong. — Robert Armstrong cumprimentou educadamente e saiu, alto e elegante. Eles o viram atravessar o escritório e abrir a porta que levava ao hangar e à porta dos fundos que dava para o estacionamento da S-G, onde ele deixara o seu indescritível carro. O carro de McIver estava parado na frente.
— É como se ele já tivesse estado aqui antes — disse McIver, Pensativamente.
— Hong Kong? Não me lembro dele de jeito nenhum. Você se lembra?
— Não. — McIver franziu a testa. — Vou perguntar a Gen, que tem uma boa memória para nomes.
— Não estou certo de gostar ou de confiar neste tal de Robert Armstrong, não importa o que Talbot diga.
Ao meio-dia, eles tinham ido ver Talbot para descobrir quem era esse Armstrong. Tudo o que George Talbot disse foi: