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— Oh, ele é um bom sujeito, e nós, ahn, nós apreciaríamos muito se vocês lhe dessem uma carona, sem fazer muitas perguntas. Vocês ficam para almoçar, é claro? Nós ainda temos um bom filé de linguado de Dover, congelado, bastante caviar ou salmão defumado se quiserem, duas garrafas de La Doucette 76 no gelo, ou salsichas com purê de batata e o vinho da casa, que eu recomendo se vocês preferirem. Pudim de chocolate ou torta de cerejas, e ainda temos metade de um bom Stilton. O mundo pode pegar fogo, mas pelo menos nós podemos vê-lo queimar como cavalheiros. Que tal um gim antes do almoço?

O almoço tinha sido muito bom. Talbot informara que Bakhtiar estava deixando o terreno para Bazargan e que Khomeini poderia evitar mais problemas.

— Agora que não há mais chance de golpe, as coisas vão acabar voltando ao normal.

— Quando você acha que isso vai acontecer?

— Quando 'eles', seja lá quem forem 'eles', ficarem sem munição. Mas, meu velho, o que eu acho não importa. O que importa é o que Khomeini acha, e só Deus sabe o que ele acha.

Gavallan recordou a gargalhada que Talbot tinha dado da sua própria piada e sorriu.

— O que foi? — perguntou McIver.

— Eu estava me lembrando de Talbot no almoço. — O carro ainda estava a uns cem metros de distância. — Talbot está escondendo uma montanha de segredos. Sobre o que você acha que Armstrong quer 'conversar'?

— Provavelmente quer distrair a nossa atenção um pouco mais. Afinal de contas, Mac, nós fomos à embaixada para nos informar sobre ele. Curioso! Geralmente eu não esqueço... Hong Kong? Eu o associo com as corridas em Happy Valley. Vou acabar me lembrando. Uma coisa é preciso dizer a favor dele: é pontual. Eu disse cinco horas e ele estava aqui, embora parecesse ter saído de dentro da parede. — Os olhos de Gavallan brilharam sob as espessas sobrancelhas, depois ele tornou a olhar para o carro que estava estacionado do lado de fora. — Tão certo quanto Deus ter criado a Escócia, ele não quis se encontrar com o nosso simpático komiteh. Eu me pergunto por quê.

O komiteh consistia de dois rapazes armados, um mulá — não o mesmo da véspera — e de Sabolir, o suado funcionário da imigração, ainda muito nervoso.

— Boa noite, Excelências — disse McIver, com as narinas se rebelando contra o cheiro de suor rançoso. — Os senhores gostariam de um pouco de chá?

— Não, não obrigado — respondeu Sabolir. Ele ainda estava muito em guarda, embora tentasse esconder isso sob uma máscara de arrogância. Sentou-se na melhor cadeira. — Nós temos novos regulamentos para vocês.

— Oh? — McIver tinha feito negócios com ele há uns dois anos e de vez em quando dava-lhe uma caixa de uísque, fornecia-lhe gasolina e, uma vez ou outra, passagens e acomodações para ele e a família, para passarem as férias de verão em diversos locais no mar Cáspio: "Nós reservamos acomodações para alguns dos nossos executivos e eles não podem ir, caro sr. Sabolir. É uma pena desperdiçar os quartos, não é?" Uma vez ele tinha arranjado uma viagem de uma semana para duas pessoas, para Dubai. A garota era muito jovem e muito bonita, e por sugestão de Sabolir fora colocada na folha de pagamento da S-G como uma especialista iraniana. — O que podemos fazer pelos senhores?

Para surpresa deles, Sabolir apanhou o passaporte de Gavallan e o formulário de permissão anterior e colocou-os sobre a mesa.

— Aqui estão o seu passaporte e os formulários, ahn, aprovados — disse, com a voz automaticamente untuosa do funcionalismo. — O imã ordenou que as operações normais começassem imediatamente. O, ahn, o Estado islâmico do Irã está de volta à normalidade e o aeroporto será reaberto dentro de três dias, para todo o tráfego normal, já estabelecido. Vocês agora devem voltar a operar normalmente.

— Nós vamos recomeçar a treinar a Força Aérea iraniana? perguntou McIver, quase sem conseguir disfarçar o contentamento, pois este era um contrato muito grande e muito lucrativo.

Sabolir hesitou.

— Sim, eu suponho que s...

— Não — disse firmemente o mulá, em bom inglês. — Não. Não até que o imã ou o Komiteh Revolucionário concorde. Vou providenciar para que o senhor tenha uma resposta certa. Não acho que esta parte da sua operação vá começar agora. Enquanto isso, o trabalho normaclass="underline" transporte de peças para as bases, vôos destinados a ajudar a IranOil e retomar a sua produção de petróleo, ou para a Madeira Iraniana, e assim por diante. Desde que os vôos sejam aprovados com antecedência, podem começar depois de amanhã.

— Excelente — disse Gavallan, e McIver concordou.

— Os vôos para substituição de pessoal, tanto da tripulação dos aviões quanto do pessoal das plataformas, desde que aprovados com antecedência e caso os papéis estejam em ordem — o mulá continuou — serão reiniciados depois de amanhã. A produção de petróleo será uma prioridade. Um guarda islâmico acompanhará cada um dos vôos internos.

— Se isto for solicitado com antecedência e se o homem chegar na hora. Mas não armado — disse educadamente McIver, preparando-se para a inevitável discussão.

— Guardas islâmicos armados serão levados para a proteção de vocês, para evitar seqüestros por parte dos inimigos do Estado — disse rispidamente o mulá.

— Teremos muito prazer em cooperar, Excelência — Gavallan interrompeu calmamente — muito prazer mesmo, mas estou certo de que o senhor não vai querer arriscar vidas nem colocar em risco o Estado islâmico. Peço formalmente ao senhor para pedir ao imã para concordar com a proibição de armas. É evidente que o senhor tem acesso direto a ele. Enquanto isso, todos os nossos aparelhos ficarão em terra até que eu obtenha uma licença, ou permissão do meu governo.

— Os aparelhos não ficarão em terra, e o senhor voltará a operar normalmente! — O mulá estava furioso.

— Talvez possamos fazer um acordo até a decisão do imã: os seus guardas levam as armas, mas o capitão fica com a munição durante o vôo. De acordo?

O mulá hesitou.

— O imã ordenou que TODAS as armas fossem devolvidas, não foi?

— Sim. Muito bem, eu concordo.

— Obrigado. Mac, prepare um papel para Sua Excelência assinar e informe a todos os nossos rapazes. Agora, nós vamos precisar de novas licenças de vôo, Excelência. As que temos são as velhas, ahn, sem valor, do antigo regime. O senhor nos dará a autorização necessária? O senhor mesmo, Excelência? Obviamente, o senhor é um homem importante e sabe o que está acontecendo. — Ele observou o mulá, que pareceu aumentar de estatura com o elogio. O homem tinha uns trinta anos, sua barba era gordurosa e a roupa puída. Pelo seu sotaque, Gavallan calculou que ele tivesse estudado na Inglaterra, um dos milhares de iranianos que o xá tinha mandado para o estrangeiro com bolsas de estudo, para obterem uma educação ocidental. — O senhor sem dúvida nos dará papéis novos imediatamente, para nos tornar legais com a nova era?

— Bem, ahn, nós forneceremos novos documentos para cada um dos nossos aparelhos, é claro. — O mulá tirou alguns papéis da sua pasta e pôs uns óculos velhos, de lentes grossas, uma delas rachada. O papel que ele procurava estava no fundo. — O senhor tem em sua guarda treze 212 iranianos, sete 206 e quatro Alouettes espalhados por diversos lugares, todos com registro iraniano e pertencentes à Companhia de Helicópteros Iraniana. Está correto?

— Não exatamente. — Gavallan sacudiu a cabeça. — No momento, eles ainda pertencem à S-G Helicópteros de Aberdeen. A Companhia de Helicópteros Iraniana, a nossa sociedade com iranianos, só tomará posse dos aparelhos depois que eles forem pagos.

O mulá franziu a testa, depois aproximou o papel dos olhos.

— Mas o contrato dando a posse dos aparelhos à Companhia Iraniana está assinado, não?

— Sim, mas está sujeito a pagamentos que estão... estão atrasados.

— O imã disse que todas as dívidas serão pagas, então eles serão pagos.

— É claro, mas enquanto isso a posse definitiva depende do pagamento. — Gavallan continuou, cautelosamente, esperando ao mesmo tempo que a torre concordasse com a inteligente solicitação feita por Johnny Hogg de pousar no dia seguinte. Será que este cretino hipócrita poderia ordenar uma permissão? Se Khomeini ordenou que tudo voltasse ao normal, tudo voltará ao normal e eu poderei voltar para Londres em segurança. Com um pouco de sorte, poderia fechar o contrato da ExTex, que cobre as prestações dos novos X63, durante o fim-de-semana.