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— Há meses que fazemos os pagamentos destes aparelhos pela CHI, com juros, bancando os custos com os nossos próprios fundos e...

— O Islã proíbe a usura e o pagamento de juros — disse o mulá, com uma determinação que abalou a Gavallan e McIver. — Os bancos não podem cobrar juros. De nenhum tipo. Isto é agiotagem.

Gavallan olhou para McIver, depois voltou a dar toda a atenção ao mulá.

— Se os bancos não podem cobrar juros, como é que os negócios vão funcionar interna e externamente?

— De acordo com a lei islâmica. Só com a lei islâmica. O Corão proíbe a agiotagem. — O mulá acrescentou aborrecido. — O que os bancos estrangeiros fazem é diabólico. Foi por causa deles que o Irã teve tantos problemas. Os bancos são instituições diabólicas e não serão tolerados. Quanto à Companhia de Helicópteros Iraniana, o Komiteh Revolucionário islâmico ordenou que todas as sociedades fossem suspensas, dependendo de uma revisão. — O mulá sacudiu os papéis. — Todos estes aparelhos são iranianos, com registro iraniano, iranianos! — Mais uma vez ele examinou os papéis. — Aqui em Teerã, vocês têm três 212, quatro 206 e um 47G4 aqui no aeroporto, não é?

— Eles estão espalhados — McIver disse cautelosamente —. Aqui, em Doshan Tappeh e em Galeg Morghi.

— Mas estão todos aqui, em Teerã?

McIver o avaliara enquanto Gavallan conversava, tentando, ao mesmo tempo, ler os papéis de cabeça para baixo. O que estava na mão do mulá continha uma lista de todos os aparelhos deles com seus números de registro e era uma cópia da relação que ficavam na torre, que a S-G era obrigada a manter sempre atualizada. Seu estômago revirou quando ele viu um círculo vermelho em volta do EP-HBC — o 212 de Lochart — e também do EP-HFC, o 206 de Pettikin.

— Nós temos um 212 que está emprestado em Bandar Delam — disse, resolvendo se precaver, maldizendo Valik e torcendo para que Tom Lochart estivesse a salvo em Bandar Delam ou voltando de lá. — Os outros estão aqui.

— Emprestado... será o EP... EP-HBC? — disse o mulá, muito satisfeito consigo mesmo. — Agora, por...

— A voz do controlador de tráfego interrompeu-o:

— Eco Tango Lima Lima, pedido recusado. Chame Isfahan em 118.3. Bom dia.

— Correto. Ótimo. — O mulá balançou a cabeça, satisfeito.

Gavallan e McIver praguejaram por dentro e Sabolir, que estivera silencioso, observando a conversa, entendendo perfeitamente que os dois homens tentavam manobrar o mulá, riu consigo mesmo, evitando cuidadosamente cruzar os olhos com qualquer um deles, olhando, por segurança, para o chão. Uma vez, há poucos instantes, quando o mulá estava prestando atenção em outra coisa, ele tinha encarado McIver e sorrira para ele, encorajadoramente, fingindo amizade, temeroso que McIver pudesse acabar com todos os favores anteriores que foram apenas um pagamento por ter facilitado a entrada das peças e a saída do pessoal. Naquela manhã, pelo rádio, um porta-voz do Komiteh Revolucionário islâmico incitara todos os cidadãos leais a denunciar qualquer pessoa que tivesse cometido crimes "contra o Islã". Durante o dia, três dos seus colegas foram presos, o que causou uma onda de horror em todo o aeroporto. Os guardas islâmicos não deram nenhuma razão específica, apenas arrastaram os homens e os colocaram na prisão Evin, a temida prisão da Savak, onde, dizia-se, meia centena de 'inimigos do Islã' tinham sido fuzilados hoje, depois de julgamentos sumários. Entre os detidos estava um dos seus homens, que aceitara os dez mil riais e os três tambores de vinte litros de gasolina do depósito de McIver, ontem. O homem guardara um, e os outros dois ele próprio levara para casa na noite passada, como era seu direito. Oh, Deus, fazei com que eles não revistem a minha casa.

Pelo HF, ouviu-se a voz ainda distante de Johnny Hogg:

— Eco Tango Lima Lima, obrigado. Viva a revolução e bom dia. — Depois, no canal deles, nervosamente: — QG, confirme!

McIver estendeu a mão e mudou de canal.

— Alerta Um! — ordenou, profundamente consciente da presença do mulá. — Você acha...

— Ah. Você fala diretamente com o aparelho; é um canal particular?

— Canal da companhia, Excelência. E a prática habitual.

— Habitual. Sim. Então o EP-HBC está em Bandar Delam? — perguntou o mulá e leu no papeclass="underline" — Entregando peças. Correto?

— Sim. — Disse McIver, rezando.

— Quando ele deve retornar?

McIver podia sentir o peso da atenção do mulá sobre ele.

— Não sei. Não consegui comunicar-me com Bandar Delam. Assim que souber, comunicarei ao senhor. Agora, Excelência, com relação às autorizações para os nossos diversos vôos, o senhor ach...

— EP-HFC. EP-HFC está em Tabriz?

— Está na pequena pista de Forsha. — Disse McIver, não se sentindo nada à vontade, rezando para que a loucura que tinha acontecido na barreira de Qazvin não tivesse sido comunicada e fosse esquecida. Mais uma vez, ele imaginou onde estaria Erikki que devia ter ido encontrá-los no apartamento às três horas para vir para o aeroporto, mas não tinha aparecido.

— Pista de Forsha?

Ele viu o mulá olhando-o fixamente e fez um esforço para se concentrar.

— O EP-HFC foi para Tabriz no sábado, para entregar peças de reposição e apanhar pessoal. Voltou na noite passada. Estará na nova relação que será entregue amanhã.

— Mas qualquer aparelho que chegue ou que parta deve ser comunicado imediatamente. Nós não temos registro de nenhuma permissão de chegada dada ontem — disse o mulá, aborrecido.

— O capitão Pettikin não conseguiu se comunicar com a torre de controle de Teerã ontem. Os militares estavam tomando conta, acho. Ele tentou se comunicar várias vezes. — McIver acrescentou rapidamente: — Se temos que retomar as operações, quem vai autorizar os nossos vôos para a IranOil? O sr. Darius, como de costume?

— Ahn, sim, presumo que sim. Mas por que a chegada deste vôo não foi comunicada hoje?

— Estou muito impressionado com a sua eficiência, Excelência. — Gavallan falou com uma animação forçada. — É uma pena que os controladores de tráfego, militares, que estavam de serviço ontem não partilhassem desta eficiência. Estou vendo que a nova república islâmica vai suplantar qualquer operação ocidental. Será um prazer servir aos nossos novos patrões. Viva os novos patrões! Posso saber o seu nome?

— Eu, meu nome é Muhammad Tehrani — disse o homem, distraindo-se de novo.

— Então, Excelência Tehrani, posso pedir-lhe para nos conceder o benefício da sua autoridade? Se o meu Eco Tango Lima Lima pudesse ter a sua permissão para pousar amanhã, poderíamos melhorar imensamente nossa eficiência para igualar a sua. Poderei então certificar-me de que a nossa companhia dê ao aiatolá Khomeini e aos seus assistentes pessoais, como o senhor, o serviço a que têm direito. As peças que o ETLL vem buscar porão dois 212 a mais em funcionamento e eu poderei voltar a Londres para intensificar o nosso apoio à Grande Revolução. O senhor concorda, não é mesmo?

— Isso não é possível. O komiteh...

— Estou certo de que o komiteh aceitará o seu conselho. Oh, eu notei que o senhor teve a infelicidade de quebrar os seus óculos. É terrível. Eu mal consigo enxergar sem os meus. Talvez eu pudesse mandar o 125 trazer-lhe um novo par amanhã, de Al Shargaz?

O mulá ficou indeciso. Sua vista era muito ruim. O desejo de uns óculos novos, bons óculos, quase o subjugou. Oh, seria um tesouro inacreditável, um presente de Deus. É claro que Deus é que tinha posto este pensamento na cabeça do estrangeiro.