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— Aposentadoria? Que aposentadoria? Cristo, por vinte anos um policial em Hong Kong andando direito, 11 anos aqui, com a mesma honestidade, ajudando esses idiotas sanguinários, e foi tudo para o brejo. Graças a Deus eu só tenho a mim com que me preocupar, nem mulher, nem filhos, nem parentes próximos, só eu. Ainda assim, se eu pegar o maldito Suslev, que vai me levar até um dos nossos mais importantes traidores, terá valido a pena.

— Como você, eu não sou homem de apostas, Hashemi, mas se fosse... — parou e ofereceu-lhe um cigarro e eles acenderam os cigarros, satisfeitos. A fumaça se misturou com o ar frio e ficou bem visível na luz do entardecer.

— Se eu fosse, diria que Rakoczy foi o pishkesh do seu Pahmudi para algum chefão soviético, só como medida de precaução.

Hashemi riu.

— Você está se tornando mais iraniano a cada dia que passa. Eu vou ter que ser mais cuidadoso. — Eles já estavam quase no carro agora e o seu ajudante saltou para abrir a porta de trás para ele. — Nós vamos diretamente para a casa do khan, Robert.

— E quanto ao Chevrolet?

— Vamos mandar que outros o sigam, eu quero chegar na casa do khan primeiro. — O rosto do coronel endureceu. — Apenas para me certificar de que aquele traidor está mais do nosso lado do que do deles.

48

NA BASE AÉREA DE KOWISS: 18:35H. Starke olhou para Gavallan inteiramente perplexo.

— 'Turbilhão' dentro de seis dias?

— Temo que sim, Duke. — Gavallan desabotoou o casaco e colocou o chapéu no cabide do hall. — Quis contar-lhe pessoalmente. Sinto muito, mas tem que ser. — Os dois homens estavam no bangalô de Starke e ele tinha colocado Freddy Ayre do lado de fora para ter certeza de que ninguém ouviria a conversa. — Eu soube hoje de manhã que todos os nossos aparelhos vão ser impedidos de voar, aguardando a nacionalização. Nós temos seis dias para planejar e executar o Turbilhão', caso o ponhamos em prática. Isso quer dizer na próxima sexta-feira. No sábado já estaremos fora do prazo.

— Jesus. — Distraidamente, Starke abriu a jaqueta e foi até o aparador, deixando uma pequena trilha de neve e água no tapete. No fundo da gaveta de baixo estava a sua última garrafa de cerveja. Ele tirou a tampa, despejou metade num copo e entregou a Gavallan. — Saúde — disse, bebendo da garrafa, e se sentou no sofá.

— Saúde.

— Quem está dentro, Andy?

— Scrag. Ainda não sei quanto ao resto dos rapazes dele, mas vou saber amanhã. Mac preparou um esquema e um plano de três fases, que está cheio de furos, mas é viável. Vamos dizer que seja viável. E quanto a você e seus rapazes?

— Qual é o plano de Mac? Gavallan contou-lhe.

— Você tem razão, Andy. Está cheio de furos.

— Se você fosse tentar uma fuga, como planejaria, saindo daqui? Você tem a distância mais longa e o trajeto mais difícil.

Starke foi até o mapa de vôo na parede e apontou para uma linha que ia de Kowiss até uma cruz no golfo, a algumas milhas da costa, indicando uma plataforma.

— Esta plataforma chama-se Destroços e é uma das que servimos regularmente — disse, e Gavallan notou como sua voz ficara tensa. — Nós levamos cerca de vinte minutos para alcançar a costa e mais dez para ir até a plataforma. Eu esconderia combustível na praia, perto deste lugar. Acho que isso poderia ser feito sem causar muita suspeita; só há dunas de areia e nenhuma casa numa distância de muitos quilômetros, e muitos de nós costumávamos fazer piqueniques lá. Um pouso de 'emergência' para checar os mecanismos de flutuação antes de sair para o mar não faria o radar ficar muito agitado embora eles estejam ficando mais nervosos a cada dia que passa. Nós teríamos que esconder dois tambores de duzentos litros por helicóptero para atravessar o golfo e teríamos que reabastecer o aparelho no ar, manualmente.

Já estava quase anoitecendo. Das janelas divisava-se a pista e a base da Força Aérea. O 125, com prioridade para decolar para Al Shargaz, estava estacionado no pátio, esperando pela chegada do caminhão-tanque. Faixas Verdes nervosos e atarefados o cercavam. Não era realmente necessário reabastecê-lo, mas Gavallan dissera a Johnny Hogg que solicitasse o reabastecimento para lhe dar mais tempo de falar com Starke. Os outros dois passageiros, Arberry e Dibble, enviados em licença depois da sua fuga de Tabriz, estavam apertados no meio de um carregamento completo de engradados de peças, encaixotadas apressadamente e marcadas em inglês e em farsi: PARA CONSERTO IMEDIATO E DEVOLUÇÃO A TEERÃ, e não tiveram permissão para desembarcar, nem mesmo para esticar as pernas. Nem os pilotos, exceto para checar o aparelho e supervisionar o reabastecimento quando o caminhão chegasse.

— Você iria para o Kuwait? — perguntou Gavallan, quebrando o silêncio.

— Claro. O Kuwait seria a melhor escolha, Andy. Nós teríamos que reabastecer o aparelho no Kuwait, depois dar um jeito de seguir pela costa até Al Shargaz. Se dependesse de mim, acho que reservaria mais combustível para um caso de necessidade. — Starke apontou para um pontinho que representava uma ilha perto da Arábia Saudita. — Aqui seria bom. É melhor ficar ao largo da costa da Arábia Saudita, não se sabe o que eles fariam. — Ele ficou olhando desanimadamente para todas as distâncias. — A ilha se chama Jellet, o Sapo, que é com o que ela se parece. Nenhuma casa, nada, mas ótima para pescar. Manuela e eu estivemos lá uma ou duas vezes quando eu estava estacionado em Bahrain. Eu guardaria combustível lá.

Ele tirou o quepe e enxugou o suor da testa, depois tornou a colocar-lo, com o rosto mais vincado e cansado do que normalmente, pois os vôos estavam mais confusos do que normalmente, cancelados, depois marcados de novo, e cancelados outra vez, Esvandiary, mais abominável do que nunca, todo mundo tenso e irritado, nenhuma correspondência nem contato com a família há semanas, a maioria do seu pessoal, inclusive ele, com licenças e substituições atrasadas. Além disso, ainda havia o problema do pessoal e dos aparelhos que estavam chegando de Zagros Três e a questão do que fazer com o corpo do velho Effer Jordon quando este chegasse amanhã. Esta fora a primeira pergunta de Starke ao se encontrar com Gavallan nos degraus do 125.

— Eu já tratei disso, Duke — dissera Gavallan, gravemente, com o vento gelado a dez nós. — Eu tenho permissão da ATC para o 125 voltar amanhã à tarde para apanhar o caixão. Vou mandá-lo para a Inglaterra no primeiro vôo disponível. Terrível. Verei a mulher dele assim que voltar e farei o que puder.

— Que azar. Graças a Deus o jovem Scot está bem, não?

— Sim, mas é terrível que alguém tenha morrido, terrível. — E se fosse o corpo de Scot e o caixão de Scot? pensou de novo Gavallan, e essa pergunta o perseguia sem parar. E se tivesse sido Scot, você aceitaria a notícia do assassinato com tanta facilidade? Não, é claro que não. Só o que você pode fazer é agradecer aos deuses dessa vez e fazer o melhor que puder, apenas fazer o melhor que puder. — Curiosamente, a ATC de Teerã e o komiteh do aeroporto ficaram tão chocados quanto nós e foram muito prestativos. Vamos conversar, eu não tenho muito tempo. Estou trazendo cartas para alguns dos rapazes e uma de Manuela. Ela está bem, Duke. Ela disse para você não se preocupar. As crianças estão bem e querem ficar no Texas. Os seus pais também estão bem; ela me pediu para lhe dizer isso assim que o encontrasse...

Depois, Gavallan tinha lançado a bomba dos seis dias e agora a mente de Starke estava enevoada.

— Com os aparelhos de Zagros aqui, eu terei três 212, um Alouette e três 206 mais uma quantidade de peças. Nove pilotos, incluindo Tom Lochart e Jean-Luc e 12 mecânicos. Isso é demais para um plano como 'Turbilhão', Andy.

— Eu sei. — Gavallan olhou pela janela. O caminhão de combustível estava parando ao lado do 125 e ele viu Johnny Hogg descer a escada. — Quanto tempo vai levar para reabastecer?