— Eu não peço desculpas por nada. Mas, no futuro, eu o chamarei de sr. Esvandiary.
Sem dizer uma palavra, Esvandiary virou as costas e saiu. Starke fechou a porta, com a camisa grudada no corpo debaixo do suéter.
— Que diabo significa tudo isso, Duke? — perguntou Ayre zangado. — Vocês estão malucos?
— Só um instante, Freddy. — disse Gavallan. — Duke, você acha que 'Pé-quente' vai concordar com tudo isso?
— Eu... eu não sei. — Starke sentou-se, com os joelhos tremendo. — Jesus.
— Se ele concordar... se ele concordar... Duke, você foi brilhante! Foi uma idéia brilhante, brilhante!
— Você pegou a bola no ar, Andy, e fez o gol.
— Se é que foi um gol. — Gavallan enxugou o suor da testa. Ele começou a explicar para Ayre, mas parou quando o telefone tocou.
— Alô? Aqui é Starke... Claro, espere um momento... Andy, é a torre.
McIver está no HF. Wazari está perguntando se você quer atender agora ou se prefere ligar para ele depois. McIver mandou dizer que tem um recado para você de um cara chamaod Avisyard.
Na sala de controle, Gavallan apertou o botão de transmissão quase doente de preocupação, com Wazari observando-o e outro Faixa Verde que falava inglês igualmente atento.
— Sim, capitão McIver?
— Boa noite, sr. Gavallan, estou contente por tê-lo alcançado. — A voz de McIver soava cheia de estática e neutra. — Como o senhor está recebendo?
— Três por cinco, capitão McIver, prossiga.
— Acabei de receber um telex de Liz Chen. Ele diz: "Por favor, transmita ao sr. Gavallan o seguinte telex, datado de 25 de fevereiro, que acabou de chegar: 'O seu pedido foi aprovado, [assinado] Masson Avisyard'. Foi enviada uma cópia a Al Shargaz." — Fim da mensagem.
Por um momento Gavallan não acreditou no que estava ouvindo.
— Aprovado?
— Sim, eu repito: "O seu pedido foi aprovado." Telex assinado por Masson Avisyard. O que devo responder?
Gavallan teve dificuldade em evitar demonstrar sua alegria. Masson era o nome do seu amigo no escritório de registros aeronáuticos em Londres e o 'pedido' era para passar temporariamente todos os helicópteros baseados no Irã para registros britânicos.
— Apenas comunique o recebimento, capitão McIver.
— Nós podemos prosseguir com o plano.
— Sim. Eu concordo. Vou partir dentro de poucos minutos, há mais alguma coisa?
— No momento não, só rotina. Eu porei o capitão Starke a par de tudo esta noite, no horário habitual. Estou muito satisfeito com a resposta de Masson, boa viagem.
— Obrigado, Mac. — Gavallan desligou o microfone e devolveu-o para o jovem sargento Wazari. Ele tinha notado o rosto inchado, o nariz quebrado e os dentes que estavam faltando. Mas não disse nada. O que poderia dizer? "Obrigado, sargento?"
Wazari fez um sinal para o pátio lá embaixo onde a equipe de abastecimento tinha começado a enrolar as longas mangueiras.
— O tanque já está cheio, s... — Ele evitou o automático 'senhor'. — Nós, ahn, nós não temos luzes de pista, então é melhor embarcar o quanto antes.
— Obrigado. — Gavallan sentia-se leve ao caminhar em direção à escada. O HF interno começou a falar. — Aqui é o comandante da base. Chame o sr. Gavallan.
Imediatamente Wazari ligou o botão de transmissão.
— Sim senhor. — Nervosamente, ele entregou o microfone a Gavallan cuja cautela tinha aumentado. — É o maj... desculpe, ele agora é coronel, coronel Changiz.
— Sim, coronel? Andrew Gavallan.
— Os estrangeiros não têm permissão de usar o HF para mensagens em código. Quem é Masson Avisyard?
— Um engenheiro projetista — disse Gavallan. Foi a primeira idéia que lhe ocorreu. Tome cuidado, este filho da mãe é esperto. — Eu não estava...
— Qual foi o seu 'pedido' e quem é... — Houve uma ligeira pausa e vozes abafadas — ... quem é Liz Chen?
— Liz Chen é a minha secretária, coronel. O meu pedido foi... — Foi o quê? Ele teve vontade de gritar, então, de repente, a resposta surgiu na sua cabeça. —... limitar os assentos a um grupo de seis filas de dois assentos de cada lado do corredor de um novo helicóptero, o X63. Os fabricantes queriam uma arrumação diferente, mas os nossos engenheiros acreditam que este grupo de seis por quatro trará mais segurança e permitirá uma saída mais rápida em caso de emergência. Também economizaria dinheiro e...
— Sim, muito bem — o coronel interrompeu-o. — Eu repito, o HF não deve ser usado exceto com autorização prévia até que o estado de emergência tenha terminado, e de jeito nenhum em código. O seu reabastecimento está completo, o senhor está autorizado a decolar imediatamente. O pouso de amanhã para buscar o corpo do incidente de Zagros não foi aprovado. EcoTangoLimaLima pode pousar na segunda-feira entre 11 e 12 horas, dependendo de confirmação do QG, que será enviada pelo radar de Kish. Boa noite.
— Mas nós já temos uma aprovação formal de Teerã, senhor. O meu piloto entregou-a ao chefe da pista assim que chegou.
A voz do coronel ficou ainda mais dura:
— A autorização de segunda-feira está sujeita a confirmação por parte do QG da Força Aérea Iraniana. QG da Força Aérea Iraniana. Esta é uma base da Força Aérea Iraniana, o senhor está sujeito ao regulamento e à disciplina da Força Aérea e agirá de acordo com ela. Entendeu?
Depois de uma pausa, Gavallan disse:
— Sim, senhor, eu entendi, mas nós somos uma companhia civil...
— O senhor está no Irã, numa base da Força Aérea Iraniana e portanto sujeito aos regulamentos e à disciplina da Força Aérea. — O canal ficou mudo. Nervosamente, Wazari arrumou a sua mesa já meticulosamente arrumada.
DOMINGO
25 de fevereiro
ZAGROS — PLATAFORMA BELLISSIMA: 11:05H. Num frio terrível, Tom Lochart observava Jesper Almqvist, o especialista em perfuração, manejar o enorme gancho que agora estava suspenso por um cabo sobre o poço. Em volta deles estavam os destroços queimados da plataforma e dos trailers, o resultado do ataque terrorista, já meio enterrados na neve.
— Pode baixar — gritou o jovem sueco. Imediatamente, o seu assistente, dentro da pequena cabine, movimentou o guincho. Lutando contra o vento, Jesper guiou, com dificuldade, o gancho para dentro do envólucro de metal do poço. O gancho levava uma carga explosiva sobre duas meias taças de metal presas em volta de um anel de borracha. Lochart podia ver o quanto os dois homens estavam cansados. Este era o décimo quarto poço que eles estavam tampando nos últimos três dias, ainda havia mais cinco para tampar, só faltavam sete horas para o pôr-do-sol e cada poço exigia duas ou três horas de trabalho em boas condições, uma vez que eles estivessem no local.
— Condições desgraçadas — resmungou Lochart, igualmente cansado. Horas demais de vôo desde que o Faixa Verde do komiteh determinara o prazo, problemas demais: lutando para fechar todo o campo com seus 11 poços diferentes, correndo até Shiraz para apanhar Jesper, transportando pessoal para Shiraz desde o amanhecer até o anoitecer, peças para Kowiss, decidindo o que levar e o que deixar, impossível fazer tudo em tão pouco tempo. Depois a morte de Jordon e o ataque a Scot.
— Isso aí, mantenha-o onde está! — gritou Jesper, depois correu até a cabine.
Lochart observou-o checar o nível de profundidade e depois apertar um botão. Houve uma explosão abafada. Uma nuvem de fumaça saiu do buraco. Imediatamente, o seu assistente içou os restos do cabo enquanto Jesper voltava, fechava os canos sobre o buraco, e estava pronto.