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— O Chevrolet ainda não se moveu. — Armstrong pegou a automática e checou-a. — Eu vou na hora em que o Chevrolet for, certo?

O iraniano olhou para ele, com o rosto fechado.

— Há um carro lá embaixo, estacionado de frente para Tabriz. Ele o levará para o nosso esconderijo. Espere por mim lá. Eu vou voltar para Teerã; há alguns assuntos importantes que não podem esperar, mais importantes do que este filho de um cão. Eu acho que ele sabe que estamos atrás dele.

— Quando você estará de volta?

— Amanhã. Ainda há o problema do khan. — E saiu andando na escuridão, praguejando.

Armstrong o viu afastar-se, satisfeito por ficar sozinho. Hashemi estava ficando cada vez mais difícil, mais perigoso do que o normal, sempre pronto para explodir, com os nervos à flor da pele, tenso demais para um chefe do Serviço Secreto com tanto poder e um bando de assassinos particulares. Robert, está na hora de começarmos uma retirada. Eu não posso, ainda não. Vamos, Mzytryk, há luar suficiente para pousar, pelo amor de Deus.

Pouco depois das dez horas, os faróis do Chevrolet se acenderam. Os dois homens levantaram os vidros e partiram. Cuidadosamente, Armstrong acendeu um cigarro, com a mão enluvada protegendo a pequena chama contra o vento. A fumaça causou-lhe um enorme prazer. Quando acabou de fumar, ele atirou a ponta de cigarro na neve e apagou-a. Então ele também partiu.

PERTO DA FRONTEIRA ENTRE O IRÃ E A UNIÃO SOVIÉTICA: 23:05H. Erikki fingia dormir na pequena cabana, com um cavanhaque crescendo. Um pavio, flutuando no óleo, dentro de uma velha tigela de barro, lançava estranhas sombras. Restos de madeira incandescente brilhavam dentro da lareira de pedra. Ele abriu os olhos e olhou em volta. Não havia mais ninguém na cabana. Sem fazer barulho, ele escorregou por baixo dos cobertores e peles de animais. Estava inteiramente vestido. Calçou as botas, certificou-se de que sua faca estava no cinto e foi até a porta, abrindo-a devagar.

Por um instante, ficou lá, escutando, com a cabeça ligeiramente de lado. Camadas de nuvens encobriam a lua e o vento balançava ligeiramente os galhos do pinheiro. A aldeia estava silenciosa sob a camada de neve. Ele não viu nenhum guarda. Não havia nenhum movimento perto do alpendre onde o 212 estava estacionado. Movendo-se como um caçador, ele rodeou as cabanas e se dirigiu para o alpendre.

O 212 estava coberto, com peles e cobertores nos lugares mais importantes, todas as portas fechadas. Através de uma janela lateral da cabine, ele pode ver dois nativos deitados nos assentos, enrolados em cobertores, roncando. Havia rifles ao lado deles. Ele avançou mais um pouco. O guarda na cabine do piloto estava abraçado com a arma, inteiramente acordado. E ainda não tinha visto Erikki. Passos silenciosos se aproximaram, com o cheiro de cabras e ovelhas e tabaco velho a precedê-los.

— O que foi, piloto? — perguntou baixinho o jovem xeque Bayazid.

— Eu não sei.

Agora o guarda escutou a voz deles e espiou pela janela da cabine, saudou o seu líder e perguntou qual era o problema. Bayazid respondeu:

— Nada. — E fez sinal para ele continuar de guarda e observou a noite Pensativamente. Nos poucos dias em que o estrangeiro estava na aldeia, ele acabara por apreciá-lo e respeitá-lo, como homem e como caçador. Hoje ele o levara para a floresta, para testá-lo, e depois, como um outro teste e para seu próprio prazer, dera-lhe um rifle. O primeiro tiro de Erikki matou um cabrito montes bem distante, com tanta perfeição quanto ele o teria matado. Dar o rifle a ele tinha sido excitante, sem saber o que o estrangeiro faria, se ele iria tentar virá-lo contra ele ou fugir para a floresta, onde poderia caçá-lo com enorme prazer. Mas o Ruivo da Faca apenas caçara e guardara os seus pensamentos para si mesmo, embora todos pudessem sentir a violência aflorando.

— Você percebeu alguma coisa. Perigo? — perguntou.

— Eu não sei. — Erikki olhou para a escuridão e deu uma olhada em volta. Não havia nenhum outro som além do vento, uns poucos animais noturnos caçando, nada de estranho. Mesmo assim ele estava inquieto. — Ainda não teve notícias?

— Não, mais nada. — Naquela tarde, dois dos mensageiros tinham voltado.

— O khan está muito doente. Quase morto. — dissera o homem. — Mas prometeu responder logo.

Bayazid tinha repetido tudo fielmente para Erikki.

— Piloto, seja paciente — disse, não querendo nenhum problema. O que é que o khan tem?

— Está doente. O mensageiro disse que soube que ele está doente, muito doente. Doente!

— E se ele morrer, o que acontece?

— O herdeiro dele vai pagar. Ou não vai pagar, Insha 'Allah. — O xeque ajeitou o rifle no ombro. — Venha abrigar-se, está frio. — Da beirada da cabana ele agora podia enxergar o fundo do vale. Estava tudo calmo e silencioso, com alguns clarões de vez em quando na estrada lá embaixo.

A pouco mais de trinta minutos do palácio e de Azadeh, pensava Erikki. E sem maneira de fugir.

Toda vez que ele ligava os motores para recarregar as baterias e circular o óleo, havia cinco armas apontando para ele. Às vezes ele passeava até a beirada da aldeia ou, como hoje, se levantava, pronto para tentar escapar a pé, mas não tinha nunca oportunidade, os guardas estavam sempre alerta. Hoje, durante a caçada, ele se sentira tentado a fugir, o que, evidentemente, seria inútil, já que eles estavam apenas fazendo um jogo com ele.

— Não é nada, piloto, volte para a cama — disse Bayazid. — Talvez tenhamos boas notícias amanhã. Seja como Deus quiser.

Erikki não disse nada, perscrutando a escuridão, incapaz de se livrar dos maus pressentimentos. Talvez Azadeh esteja em perigo ou talvez... talvez não seja nada ou eu esteja apenas enlouquecendo com a espera e com a preocupação por não saber o que está acontecendo. Será que Ross e o soldado conseguiram fugir? E quanto a Petr matyeryebyets Mzytryk e Abdullah?

— Seja como Deus quiser, eu concordo, mas eu quero partir. Chegou a hora.

O rapaz sorriu, mostrando os dentes estragados.

— Então eu terei que amarrá-lo. Erikki sorriu da mesma forma.

— Vou esperar até amanhã à noite, e então, ao amanhecer, vou partir.

— Não.

— Será melhor para você e para mim. Nós poderemos ir para o palácio com os seus companheiros, eu posso aterr...

— Não. Nós vamos esperar.

— Eu posso aterrissar no pátio e falar com ele e você receberá o resgate e...

— Não. Nós vamos esperar. Vamos esperar aqui. Lá não é seguro.

— Ou partimos juntos ou eu vou sozinho. O xeque deu de ombros.

— Você já foi avisado, piloto.

NO PALÁCIO DO KHAN: 23:38H. Ahmed ia levando Najoud e o marido, Mahmud, pelo corredor, na frente dele, como se fossem gado. Ambos estavam com roupas de dormir, descabelados e aterrorizados. Najoud chorava e havia dois guardas atrás deles. Ahmed ainda tinha a sua faca na mão. Há meia hora, ele tinha entrado nos aposentos deles com os guardas, os acordara bruscamente, dizendo que o khan finalmente descobrira que eles mentiram ao dizer que Hakim e Azadeh tinham conspirado contra ele, porque naquela mesma noite um dos criados admitiu ter ouvido a mesma conversa e afirmou que nada de mal havia sido dito.

— Mentiras — gaguejou Najoud, deitada na cama feita sobre tapetes, meio cega pela luz da lanterna que um dos guardas mantinha apontada para o seu rosto. O outro guarda tinha um revólver encostado na cabeça de Mahmud. — Tudo mentira...

Ahmed tirou sua faca, bem afiada, e colocou-a sob o seu olho esquerdo.

— Não são mentiras, Alteza! A senhora cometeu perjúrio diante do khan, diante de Deus, por isso eu estou aqui, cumprindo ordens do khan, para cegá-la. — E tocou nela com a ponta da faca e ela gritou:

— Não, por favor, eu imploro, por favor, não... espere, espere...

— A senhora admite ter mentido?

— Não. Eu não menti. Deixe-me ver o meu pai. Ele nunca teria ordenado isso sem primeiro falar comigo...