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O único ponto negativo é Azadeh. E Erikki. Por que ela não falou comigo antes de sair atrás do pobre Erikki? Meu Deus, ela foge de Tabriz para salvar a pele e depois torna a cair na armadilha. Mulheres! São todas malucas. Resgate? Conversa fiada! Eu aposto que é outra armadilha preparada pelo pai dela, aquele velho filho da mãe. Ao mesmo tempo, é como Tom Lochart disse: "Ela teria ido de qualquer maneira, Mac, e você teria contado a ela a respeito da Operação Turbilhão?

Seu estômago começou a arder. Mesmo que todos nós consigamos partir, ainda resta o problema de Erikki e Azadeh. E também o de Tom e Xarazade. Como vamos conseguir pô-los a salvo? Tenho que pensar em alguma coisa. Nós ainda temos dois dias, talvez...

Ele se virou, surpreso, pois não tinha ouvido a porta se abrir. O seu chefe de escritório, Gorani, estava em pé na porta, alto e careca, um xiita devoto, um homem bom, que estava com eles há muitos anos,

— Salaam, aga.

— Salaam, você chegou cedo. — McIver viu a surpresa estampada no rosto do homem por causa de toda aquela bagunça. Normalmente, McIver era extremamente arrumado. E sentiu como se tivesse sido apanhado com a boca na botija.

— Seja como Deus quiser, aga. O imã ordenou que tudo voltasse ao normal e que todo mundo trabalhasse bastante para o sucesso da revolução. Posso ajudá-lo?

— Bem, ahn, não, não, obrigado, eu, ahn, eu estou com pressa. Tenho muito o que fazer hoje, vou até a embaixada. — McIver sabia que estava falando demais, mas não conseguiu parar. — Eu, ahn, eu tenho encontros marcados o dia inteiro e tenho que estar no aeroporto ao meio-dia. Preciso fazer o dever de casa para o komiteh de Doshan Tappeh. Não voltarei para o escritório depois do aeroporto, e você pode fechar mais cedo... aliás, você pode tirar o dia todo de folga.

— Oh, obrigado, aga, mas o escritório deve ficar aberto até..

— Não, vamos fechar depois que eu sair. Irei direto para casa e estarei lá caso precisem de mim. Por favor, volte dentro de dez minutos, q"uero enviar algumas mensagens por telex.

— Sim, aga, certamente, aga. — O homem saiu.

McIver detestava distorcer a verdade. O que acontecerá com Gorani? — tornou a perguntar a si mesmo, com ele e com todo o nosso pessoal espalhado pelo Irã, alguns tão bons, com eles e suas famílias?

Inquieto, ele terminou o melhor que pôde. Havia cem mil riais em caixa, ele deixou o dinheiro, tornou a trancar o cofre e enviou algumas mensagens sem importância. O principal ele tinha passado às cinco e meia da manhã para Al Shargaz, com uma cópia para Aberdeen, caso Gavallan se tivesse atrasado: "Cinco engradados de peças enviados para Al Shargaz, para reparos, conforme o planejado". Traduzindo, a mensagem em código significava que Nogger, Pettikin e ele, e os dois últimos mecânicos que ele ainda não tinha conseguido retirar de Teerã estavam se preparando para embarcar no 125 hoje, conforme o planejado, e todos os sistemas ainda estavam acionados.

— Que engradados são esses, agal — Gorani tinha conseguido achar as cópias do telex.

— São os que vieram de Kowiss, eles serão embarcados no 125 na semana que vem.

— Oh, muito bem. Eu vou verificar para o senhor. Antes de sair, será que o senhor poderia dizer-me quando o nosso 212 vai voltar? Aquele que emprestamos para Kowiss.

— Na semana que vem, por quê?

— Sua Excelência, o ministro Ali Kia, também diretor do Conselho, estava querendo saber, aga.

McIver ficou gelado.

— Ah, é? Por quê?

— Provavelmente o ministro tem algum serviço para ele, aga. O seu assistente esteve aqui na noite passada depois que o senhor saiu e me perguntou. O ministro Kia também queria um relatório para hoje, a respeito da situação dos nossos três 212 que foram enviados para reparos. Eu, ahn, eu disse que o aprontaria. Ele virá aqui hoje de manhã, por isso eu não posso fechar o escritório.

Eles nunca tinham conversado a respeito dos três aparelhos nem do grande número de peças que estavam sendo enviadas para fora de caminhão, de carro ou como bagagem pessoal, uma vez que não havia espaço nos aparelhos para carga. Era mais que possível que Gorani soubesse que os 212 não precisavam de conserto. Ele deu de ombros e torceu pelo melhor.

— Eles estarão prontos na época prevista. Deixe um recado na porta.

— Oh, mas isso seria muito indelicado. Eu mesmo transmitirei o recado. Ele disse que voltaria antes da oração do meio-dia e insistiu em ter um encontro com o senhor. Ele tem um recado confidencial do ministro Kia.

— Bem, eu tenho que ir à embaixada. — McIver pensou um pouco. — Voltarei assim que puder. — Irritado, ele apanhou a maleta e desceu as escadas rapidamente, maldizendo Ali Kia e acrescentando uma maldição para Ali Babá.

Ali Babá — assim chamado porque fazia McIver lembrar dos quarenta ladrões — era a metade puxa-saco do casal que tinha trabalhado na casa deles durante dois anos e que desaparecera quando começou a confusão. Na véspera, de madrugada, Ali Babá voltara, sorrindo satisfeito e agindo como se só tivesse estado fora por um fim-de-semana e não por quase cinco meses, insistindo alegremente em retomar o seu antigo quarto:

— Oh, aga, a casa terá que estar muito limpa e preparada para a volta de Sua Alteza; na semana que vem, a minha esposa estará aqui para fazer isso, mas enquanto isso, eu vou lhe preparar um chá com torradas como o senhor gosta. Eu fiz um sacrifício pelo senhor hoje e pechinchei muito para comprar pão fresco e leite no mercado a um preço razoável, mas os ladrões me cobraram cinco vezes mais do que no ano passado, uma pena, mas por favor, dê-me o dinheiro agora e assim que os bancos abrirem o senhor pode me pagar o meu microscópico salário atrasado...

Maldito Ali Babá, a revolução não o fizera mudar nem um pouco. "Microscópico"? Ainda é um pão para nós e cinco para ele, mas não faz mal, foi ótimo tomar chá com torradas na cama — mas não um dia antes de fugirmos. Como é que Charlie e eu vamos fazer para retirar a nossa bagagem sem que ele desconfie?

Na garagem, ele abriu a porta do carro.

— Lulu, minha garota — disse — sinto muito, mas chegou a hora da Grande Despedida. Não sei como vou fazer, mas não vou deixá-la aqui para ser usada por algum maldito iraniano.

Talbot estava esperando por ele num escritório elegante e espaçoso.

— Meu caro McIver, você madrugou, eu soube das aventuras do jovem Ross. Nós todos tivemos muita sorte, você não acha?

— Sim, sim, tivemos, e como está ele?

— Recuperando-se. Bom homem, fez um ótimo trabalho. Eu vou almoçar com ele e vamos retirá-lo daqui hoje num vôo da BA, no caso dele ter sido localizado, temos que ser muito cautelosos. Alguma notícia de Erikki? A embaixada finlandesa nos procurou, pedindo ajuda.

McIver contou-lhe sobre o bilhete de Azadeh.

— Ridículo.

Talbot estalou os dedos.

— O resgate não me parece muito viável. Existem, ahn, rumores de que o khan está muito doente. Ele teve um ataque.

McIver franziu a testa.

— Isso é melhor ou pior para Azadeh e Erikki?

— Não sei. Se ele morrer, bem, isto certamente desequilibrará a balança do poder no Azerbeijão por algum tempo, o que certamente encorajará os nossos amigos do norte da fronteira a armarem mais confusão do que de costume, o que fará Carter e seus asseclas levantarem mais poeira.