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— Que diabo ele está fazendo agora?

— Nada, meu velho, este é que é o problema. Ele espalhou os seus amendoins e se mandou.

— Mais alguma coisa a respeito da nossa nacionalização? Armstrong disse que era iminente.

— É bem possível que você perca o controle da sua frota muito em breve — disse Talbot, com um cuidado estudado, e McIver ficou imediatamente atento. — Pode ser, ahn, uma questão de aquisição pessoal por parte de pessoas interessadas.

— Você está se referindo a Ali Kia e aos sócios? Talbot deu de ombros.

— Não nos compete perguntar por que, não é?

— Isto é oficial?

— Meu caro amigo, é claro que não! É só uma observação pessoal, confidencial. O que posso fazer por você?

— Confidencialmente, de acordo com as instruções de Andy Gavallan, está bem?

— Vamos tratar disso oficialmente.

McIver viu o rosto sério, ligeiramente corado, e se levantou, aliviado.

— De jeito nenhum, sr. Talbot. Foi idéia de Andy pô-lo a par da situação, não minha.

Talbot suspirou eloqüentemente.

— Muito bem, extra-oficialmente. McIver tornou a sentar-se.

— Nós, ahn, estamos transferindo o nosso QG para Al Shargaz hoje.

— Uma decisão muito sábia. E daí?

— Nós partimos hoje. E o restante do pessoal estrangeiro. No nosso 125.

— Muito sábio. E daí?

— Nós, ahn, estamos encerrando todas as nossas operações no Irã. Na sexta-feira.

Talbot suspirou cansado.

— Sem pessoal, eu diria que é axiomático. E daí? McIver estava achando muito difícil dizer o que pretendia.

— Nós, ahn, estamos retirando toda a nossa frota na sexta-feira. Nesta sexta-feira.

— Benza-me Deus — disse Talbot, com franca admiração. — Meus parabéns! Como foi que você conseguiu dobrar o safado do Kia para conseguir as autorizações? Você deve ter-lhe prometido um lugar vitalício no camarote real em Ascot!

— Ahn, não, não foi bem assim. Nós decidimos não pedir autorização, era perda de tempo. — McIver levantou-se. — Bem, vejo-o em,.

O rosto de Talbot quase despencou.

— Sem autorização?

— Isso mesmo. Você sabe que os nossos aparelhos vão ser confiscados, nacionalizados, seja lá o nome que tenha, não havia nenhum modo de conseguir autorizações de saída, então nós simplesmente decidimos ir embora. — McIver acrescentou displicentemente: — Na sexta-feira nós damos o fora daqui.

— Minha nossa! — Talbot sacudiu a cabeça vigorosamente, brincando com uma pasta que estava sobre a sua mesa. — Minha nossa, isto é muito de-saconselhável.

— Não há outra alternativa. Bem, sr. Talbot, isso é tudo, tenha um bom dia. Andy quis avisá-lo para que o senhor pudesse... pudesse fazer seja lá o que for.

— Que história é essa? — Talbot explodiu.

— Como é que eu vou saber? — McIver também estava irritado. — O seu papel é proteger os seus conterrâneos.

— Mas vo...

— Eu simplesmente não vou permitir que me deixem sem trabalho e ponto final!

Talbot tamborilou nervosamente com os dedos.

— Acho que estou precisando de uma xícara de chá. — E apertou o interfone. — Célia, duas xícaras do seu melhor chá e acho bom misturar um pouco de Nelson 's Blood.

— Sim, sr. Talbot — uma voz fanhosa respondeu e espirrou.

— Saúde — Talbot disse automaticamente. Ele parou de tamborilar na mesa e sorriu docemente para McIver. — Estou contentíssimo por você não ter me contado nada, meu velho.

— Eu também.

— Fique tranqüilo, se eu souber que você foi preso, ficarei feliz em visitá-lo em nome do governo de Sua Majestade e tentarei tirá-lo do mau caminho. — Talbot ergueu as sobrancelhas. — Furto! Minha nossa! Mas desejo-lhe boa sorte, meu velho.

NO APARTAMENTO DE AZADEH: 8:10H. A velha empregada carregou a pesada bandeja de prata pelo corredor — quatro ovos cozidos, torradas, manteiga e geléia, duas finíssimas xícaras de café, um bule cheio de café bem quente e lindos guardanapos de algodão egípcio. Ela descansou a bandeja e bateu na porta.

— Entre.

— Bom dia, Alteza. Salaam.

— Salaam — respondeu Xarazade. Ela estava recostada em vários travesseiros na cama sobre o tapete, com o rosto inchado de tanto chorar. A porta do banheiro estava aberta, ouvia-se barulho de água correndo. — Pode colocar ali, em cima da cama.

— Sim, Alteza. — A velha obedeceu. Com um olhar enviesado para o banheiro, ela saiu silenciosamente.

— Café, Tommy — disse Xarazade, tentando parecer animada. Nenhuma resposta. Ela deu de ombros, fungou um pouco, prestes a recomeçar a chorar, depois levantou os olhos quando Lochart voltou para o quarto. Ele estava barbeado e vestido com roupas de piloto, botas, calças, camisa e um suéter grosso. — Café? — perguntou, esboçando um sorriso, detestando o rosto fechado dele e o seu ar de preocupação.

— Daqui a um minuto — ele respondeu sem entusiasmo. — Obrigado.

— Eu... eu mandei que trouxessem tudo como você gosta.

— Parece bom, não espere por mim. — Ele foi até a cômoda e começou a dar o nó na gravata.

— Azadeh foi maravilhosa em nos emprestar este apartamento enquanto está fora, não foi? Aqui é muito mais agradável do que lá em casa.

Lochart olhou-a pelo espelho.

— Na hora você não disse isso.

— Oh, Tommy, você tem toda a razão, mas não vamos discutir.

— Eu não estou discutindo. Já disse tudo o que tinha a dizer e você também. — Não agüento mais, pensou angustiado, sabendo que ela estava tão infeliz quanto ele e sem poder fazer nada. Quando Meshang o desafiou na frente dela e de Zarah, há duas noites atrás, o pesadelo tinha começado e ainda não acabara, afastando-os um do outro, levando-o às raias da loucura. Dois dias e duas noites de lágrimas de desespero, e ele repetindo sem parar: "Não se preocupe, nós vamos dar um jeito, Xarazade", e depois discutindo o futuro. Que futuro?, perguntou ao seu reflexo no espelho, prestes a explodir de novo.

— Aqui está o seu café, Tommy querido.

Ele o aceitou, inflexível e zangado, e se sentou numa cadeira em frente a ela, sem olhá-la. O café estava quente e delicioso, mas não lhe tirou o gosto amargo da boca, e ele o deixou quase intato, levantou-se e foi apanhar a sua jaqueta. Graças a Deus tenho um vôo hoje para Kowiss, pensou. Droga!

— Quando eu o vejo de novo, querido, quando é que você volta?

Ele deu de ombros, odiando a si mesmo, com vontade de tomá-la nos braços e falar-lhe sobre a profundidade do seu amor, mas ele já tinha passado por esta agonia quatro vezes nos últimos dois dias e ela ainda estava tão inflexível quanto o irmão.

— Deixar o Irã? Sair de casa para sempre? Ela tinha exclamado. Oh, eu não posso, não posso!

— Mas não será para sempre, Xarazade. Nós passaremos algum tempo em Al Shargaz e depois iremos para a Inglaterra, você vai adorar a Inglaterra, a Escócia e Aber...

— Mas Meshang disseque...

— Foda-se Meshang! — Ele tinha gritado e visto o medo dela e isso só tinha aumentado a sua fúria. — Meshang não é Deus Todo-Poderoso, por favor! Ele não sabe de nada. — E ela soluçara como uma criança apavorada, afastando-se dele. — Oh, Xarazade, eu sinto muito... — E ele a tomara nos braços, quase cantando o amor que sentia por ela, retendo-a em segurança nos seus braços.

— Tommy, querido, ouça, você estava certo e eu estava errada, a culpa foi minha, mas eu sei o que fazer, amanhã eu vou procurar Meshang, vou convencê-lo a nos dar uma mesada e... o que foi?

— Você não ouviu nem uma palavra do que eu disse.

— Oh, ouvi sim, ouvi com toda a atenção, por favor, não fique zangado outra vez, você tem razão em ficar zangado, mas eu ouvi...