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— Sonhos — disse Linbar. — Você e o maldito Dunross têm a cabeça nas nuvens.

— A China nunca vai servir para nós — disse Choy, com um olhar estranho. — Eu concordo com Linbar.

— Pois eu não. — Gavallan notou algo de estranho com relação a Choy, mas a raiva o fez continuar. — Vamos esperar para ver. A China tem que ter petróleo em algum lugar, em abundância. Para finalizar, eu estou em grande forma, os lucros do ano passado foram superiores a cinqüenta por cento e este ano vão ser iguais ou melhores. Na semana que vem eu...

Linbar interrompeu.

— Na semana que vem você estará fora do mercado.

— Este fim-de-semana é que vai decidir isso. — Gavallan respondeu com um ar de desafio. — Eu proponho que tornemos a nos reunir na próxima segunda-feira. Isso me dará tempo para voltar.

— Paul e eu voltaremos para Hong Kong no domingo. Vamos nos reunir lá.

— Isso não é possível para mim e...

— Então nós vamos ter que passar sem você. — Linbar perdeu a calma. — Se a operação Turbilhão falhar, a S-G Helicópteros estará liquidada, uma nova companhia, a Helicópteros do Mar do Norte, que aliás já está formada, comprará o ativo e eu duvido que paguemos mais de meio centavo por dólar.

Gavallan ficou vermelho.

— Isso é roubo!

— É apenas o preço do fracasso! Por Deus, se a S-G falir, você está acabado e já não será sem tempo no que me diz respeito, e se você não puder comprar a sua própria passagem para a reunião de diretoria, não fará nenhuma falta.

Gavallan estava fora de si de raiva, mas se controlou. Então, com uma súbita inspiração, ele olhou para Choy.

— Se Turbilhão for um sucesso, você me ajudará a comprar a parte de Struan na companhia?

Antes que Choy pudesse responder, Linbar berrou:

— A nossa parte não está à venda.

— Talvez devesse estar, Linbar — Choy disse Pensativamente. — Desta forma talvez você consiga sair do buraco em que está metido. Por que não se livrar de um pomo de discórdia? Vocês dois vivem brigando e para quê? Por que não acabar com isso, hein?

Linbar disse tensamente.

— Você financiaria esta operação?

— Talvez. Sim, talvez, mas só se você concordasse, Linbar. Esta é uma questão de família.

— Eu nunca vou concordar, Choy! — O rosto de Linbar se contorceu e ele olhou para Gavallan. — Eu quero vê-lo apodrecendo... você e o seu maldito Dunross!

Gavallan levantou-se.

— Verei vocês na próxima reunião do Conselho Central. Veremos o que eles terão a dizer.

— Eles farão o que eu mandar. Eu sou o tai-pan. Aliás, vou tornar Choy um dos membros.

— Você não pode fazer isso, é contra as regras de Dirk. — Dirk Struan, fundador da Struan's, tinha determinado que todos os membros do Conselho teriam que pertencer à família, por mais distantes que fossem as relações, e teriam que ser cristãos. — Você jurou por Deus obedecer às regras.

— Para o inferno com as regras de Dirk. — Linbar respondeu — Você não tem nada a ver com as regras e nem com a herança de Dirk, só o tai-pan, e o que eu jurei obedecer é problema meu. Você se acha tão esperto, pois não é! Choy tornou-se membro da Igreja Episcopal, no ano passado ele se divorciou e dentro em breve vai se casar com alguém da família, uma das minhas sobrinhas, com a minha bênção. Ele vai ser mais da família do que você! — E deu uma gargalhada.

Gavallan não nu. E nem Choy. Eles se mediram com o olhar, a sorte estava lançada.

— Eu não sabia que você tinha se divorciado — disse Gavallan. — Eu deveria lhe dar os parabéns pela... pela sua nova vida e pela indicação.

— Sim, obrigado — foi tudo o que o seu inimigo disse.

No aeroporto de Al Shargaz, Scot se abaixou para apanhar a mala do pai, com os outros passageiros passando apressados, mas Gavallan disse:

— Obrigado, Scot, pode deixar. — E apanhou a mala. — Eu estou precisando de um banho e de umas duas horas de sono. Detesto viajar à noite.

— Genny está esperando lá fora com o carro. — Scot tinha notado o cansaço do pai desde o primeiro momento. — Você teve muitos problemas em Londres?

— Não, não, de jeito nenhum. Estou contente por você estar tão bem. Quais são as novidades aqui?

— Está tudo ótimo, papai, andando de acordo com os planos. Como um relógio.

NOS SUBÚRBIOS AO NORTE DE TEERÃ: 14:35H. Jean-Luc, elegante como sempre no seu uniforme bem cortado e botas sob medida, saltou do táxi. Como tinha prometido, ele pegou uma nota de cem dólares e rasgou-a cuidadosamente ao meio.

—Voilàl

O motorista examinou a sua metade da nota cuidadosamente.

— Só uma hora, aga! Em nome de Deus, aga, não mais do que isso?

— Uma hora e meia, conforme combinamos, depois diretamente de volta para o aeroporto. Eu vou levar alguma bagagem.

— Insha'Allah! — O motorista olhou em volta nervosamente. — Eu não posso esperar aqui. Há muitos olhos. Uma hora e meia. Vou ficar na esquina. Ali! — Ele apontou em frente e arrancou.

Jean-Luc subiu as escadas e abriu a porta do apartamento 4a, que dava para a rua arborizada e que estava virado para o sul. Aquele era o canto dele, embora sua esposa, Marie-Christine, o tivesse achado e arrumado para ele e ficasse lá durante as suas raras visitas. Um quarto, com uma cama baixa e espaçosa, uma cozinha bem equipada, uma sala com um sofá confortável, uma boa vitrola e toca-fita:

— Para distrair as suas amigas, chérí, desde que você não importe nenhuma para a França!

— Eu, chériel Eu sou um amante, não um importador!

Ele sorriu para si mesmo, satisfeito por estar em casa e só um pouco irritado por ser obrigado a deixar tanta coisa — a vitrola era das melhores, os discos ótimos, o sofá charmoso, a cama tão confortável, o vinho dera tanto trabalho para conseguir, e ainda havia os seus apetrechos de cozinha.

— Espèce de con — disse em voz alta e foi até o quarto e experimentou o telefone. Não estava funcionando.

Tirou uma mala de dentro do armário bem organizado e começou a arrumá-la, com rapidez e eficiência, pois já tinha pensado muito sobre o que iria levar. Primeiro as suas facas favoritas e a sua panela de omelete, depois seis garrafas dos melhores vinhos, as outras quarenta e tantas ficariam lá para o próximo inquilino, um inquilino temporário, caso ele um dia voltasse, que estava alugando o apartamento dele a partir do dia seguinte — que ia pagar em francos franceses, depositando na Suíça o aluguel mensal adiantadamente, com mais um bom depósito em dinheiro para consertos, também adiantado.

O acordo já estava sendo negociado desde antes dele sair de licença no Natal. Enquanto todo mundo ainda estava de antolhos, eu estava tomando as minhas providências. Mas é claro que eu levo uma grande vantagem sobre os outros. Eu sou francês.

Ele continuou a fazer a mala alegremente. O novo morador também era francês, um amigo idoso da embaixada que há semanas vinha precisando arranjar uma garçonnière bem equipada para a sua amante adolescente georgiana-circassiana que estava jurando que iria deixá-lo a menos que ele lhe arranjasse um apartamento:

— Jean-Luc, meu querido amigo, deixe-me alugá-lo por um ano, seis meses, três. Eu lhe digo enfaticamente, dentro em pouco, os únicos europeus residentes aqui serão diplomatas. Não diga a mais ninguém, mas eu ouvi isso de uma pessoa importante ligada a Khomeini, em Neauphle-le-Château! Francamente, nós sabemos de tudo o que está acontecendo. Muitos dos assessores mais íntimos de Khomeini não falam francês e não foram educados em universidades francesas? Por favor, eu imploro, eu simplesmente tenho que satisfazer à luz da minha vida.