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— Piloto, eu juro por Deus que não lhe farei mal.

— Não posso levá-lo — disse Erikki — não tenho gasolina suficiente.

— Então só até a metade do caminho, só até a meta...

— A gasolina não é suficiente.

— Então leve-nos apenas até as montanhas. É só um pedacinho. Estou pedindo. Pedindo, não mandando — Bayazid disse e depois acrescentou: — Pelo Profeta, eu os tratei de maneira justa e... e não a molestei. Estou lhe pedindo.

Todos tinham notado a ameaça velada que havia nas suas palavras e Erikki sabia como era frágil aquela história de "honra " e de "diante de Deus", que desapareceria com a primeira bala, e sabia que agora dependia dele consertar o desastre que tinha causado com aquele ataque, perseguindo um khan que já estava morto, com um resgate já pago pela metade, e agora Azadeh estava ali, ferida, e Hakim quase tinha morrido. Decididamente, ele tocou nela mais uma vez, olhou para o khan e depois balançou a cabeça, ergueu-se e agarrou o rifle que estava na mão do nativo mais próximo.

— Eu aceito a sua palavra diante de Deus e o matarei se você tentar me enganar. Vou deixá-lo ao norte da cidade, nas montanhas. Todos para o helicóptero. Diga a eles!

Bayazid detestou a idéia de uma arma nas mãos daquele monstro vingativo. Nenhum de nós esqueceu que fui eu que atirei a granada que talvez tenha matado um huri, ele pensou. Insha'Allah! Rapidamente, ele ordenou a retirada. Levando o corpo do companheiro morto, eles se retiraram.

— Piloto, nós vamos sair todos juntos. Obrigado, aga, Hakim Khan, que Deus esteja com você — disse e recuou em direção à porta, com a arma preparada. — Vamos!

Erikki levantou a mão em despedida para Hakim, cheio de angústia pelo que tinha causado.

— Sinto muito..

— Que Deus esteja com você, Erikki, e volte são e salvo. — respondeu Hakim e Erikki sentiu-se melhor com isso. — Ahmed, vá com ele, ele não pode pilotar e usar uma arma ao mesmo tempo. Cuide para que ele volte são e salvo. — Sim, pensou friamente, eu ainda tenho contas a ajustar com ele pelo ataque ao meu palácio!

— Sim, Alteza, obrigado, piloto — Ahmed apanhou a arma que estava com Erikki, verificou se estava carregada, depois sorriu de lado para Bayazid.

— Por Deus e pelo Profeta, cujo nome seja louvado, que ninguém tente nos enganar. — Educadamente, fez sinal para Erikki passar e saiu atrás dele. Bayazid saiu por último.

NA SUBIDA PARA O PALÁCIO: 11:05H. O carro da polícia subia pela estrada sinuosa em direção aos portões, seguido de outros carros e de um caminhão do exército cheio de soldados. Hashemi Fazir e Armstrong estavam no banco de trás do carro que ia na frente e que entrou derrapando pelo portão e parou no pátio, onde já havia uma ambulância estacionada. Eles saltaram e seguiram o guarda até o salão. Hakim Khan esperava por eles no seu lugar de honra, pálido e abatido mas imponente, cercado de guardas, na parte do palácio que não fora atingida.

— Alteza, graças a Deus o senhor não foi ferido. Nós acabamos de saber do ataque. Posso apresentar-me? Eu sou o coronel Hashemi Fazir do Serviço Secreto e este é o superintendente Armstrong, que vem nos assessorando há muitos anos e é especialista em certas áreas que poderiam interessá-lo, aliás, ele fala farsi. O senhor poderia contar-nos o que aconteceu? — Os dois homens escutaram atentamente enquanto Hakim Khan contava a sua versão do ataque. Eles já tinham ouvido alguns detalhes, ambos impressionados com o seu porte.

Hashemi tinha ido preparado. Antes de deixar Teerã na véspera à noite, ele examinara meticulosamente a ficha de Hakim. Durante anos, ele e a Savak o haviam mantido sob vigilância em Khoi:

— Eu sei quanto ele deve e a quem, Robert, quais os favores que deve e a quem, o que gosta de comer e de ler, sua habilidade com um revólver, um piano e uma faca, sei de todas as mulheres e garotos com quem foi para a cama. Armstrong tinha rido.

— E quanto às suas tendências políticas?

— Ele não tem nenhuma. É inacreditável mas é verdade. Ele é iraniano, do Azerbeijão, e mesmo assim não se juntou a nenhum grupo, não tomou nenhum partido e nunca disse nada que fosse nem um pouco sedicioso, nem mesmo contra Abdullah Khan. E Khoi foi sempre um ninho de cobras.

— Religião?

— Xiita, mas calmo, consciencioso, ortodoxo, nem de direita nem de esquerda. Desde que foi banido, não, isto não é verdade, desde os sete anos, quando sua mãe morreu e ele e a irmã foram morar no palácio, ele tem sido uma pena agitada por um simples sopro do seu pai, esperando, amedrontado, por um desastre inevitável. Seja como Deus quiser, mas é um milagre que ele seja o khan, um milagre que aquele filho de um cão tenha morrido sem fazer mal a ele e à irmã. Estranho! Num momento ele está com a vida ameaçada, no outro passa controlar uma riqueza incomensurável, um poder incomensurável, e eu tenho que lidar com ele.

— Isto deve ser fácil, se o que você disse é verdade.

— Você está desconfiado como sempre. Será esta a força dos ingleses?

— É apenas uma lição aprendida por um velho tira ao longo dos anos. Hashemi tinha sorrido consigo mesmo e tornou a fazê-lo agora, concentrando-se no rapaz, khan de todos os Gorgons, que estava diante dele, observando-o atentamente, estudando-o em busca de pistas. Quais são os seus segredos? Você tem que ter algum segredo!

— Alteza, há quanto tempo o piloto partiu? — perguntava Armstrong. Hakim consultou o relógio.

— Há cerca de duas horas e meia.

— Ele disse quanto combustível havia no aparelho?

— Não, disse apenas que os levaria até um certo ponto e os deixaria lá.

Hashemi e Robert Armstrong estavam parados diante da plataforma elevada com seus ricos tapetes e almofadas onde estava Hakim Khan, vestido formalmente com brocados, um fio de pérolas em volta do pescoço, com um pingente de diamante quatro vezes maior do que o que ele trocara pela vida deles.

— Talvez — Hashemi disse delicadamentre — talvez, Alteza, o piloto estivesse mancomunado com os curdos e não volte.

— Não, e eles não eram curdos embora afirmassem sê-lo, eram apenas bandidos comuns e raptaram Erikki e o obrigaram a atacar o khan, meu pai. — O jovem khan franziu a testa e depois disse com firmeza: — O khan, meu pai, não deveria ter mandado matar o mensageiro deles. Ele deveria ter tentado baixar o preço do resgate, pagar, e depois matá-los pela sua impertinência.

Hashemi pegou a deixa.

— Eu providenciarei para que eles sejam apanhados.

— E todos os meus bens recuperados.

— É claro. Existe alguma coisa que eu e o meu departamento possamos fazer pelo senhor? — Ele estava observando o rapaz atentamente e viu, ou achou que viu, um certo ar de desprezo e isso o intrigou. Neste momento, a porta se abriu e Azadeh entrou. Ele nunca fora apresentado a ela, embora a houvesse visto muitas vezes. Ela deveria pertencer a um iraniano, pensou, não a um maldito estrangeiro. Como ela consegue agüentar aquele monstro? Ele não notou que Hakim o estava observando com a mesma atenção. Armstrong sim, pois observava o khan disfarçadamente.

Ela estava vestida com roupas ocidentais, de um tom verde-acinzentado que combinava com os seus olhos verdes, meias compridas e sapatos macios. Seu rosto estava muito pálido e ligeiramente maquilado. Ela caminhava vagarosamente e com uma certa dificuldade, mas inclinou-se diante do irmão com um sorriso doce.

— Desculpe interromper, Alteza, mas o médico me pediu para lembrá-lo de que deve repousar. Ele está indo embora, você gostaria de falar com ele?

— Não, não, obrigado. Você está bem?

— Oh, sim, — ela disse e forçou um sorriso. — Ele disse que estou bem.

— Posso apresentar-lhe o coronel Hashemi Fazir e o sr. Armstrong, superintendente Armstrong — Sua Alteza, minha irmã, Azadeh.

Eles a cumprimentaram e ela respondeu.

— Superintendente Armstrong? — Ela disse em inglês, franzindo a testa. — Eu não me lembro do título, mas nós já nos encontramos antes, não?