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— Cristo — murmurou Armstrong.

— Coronel — disse Hakim, com urgência, para Hashemi — veja se consegue evitar que o médico saia. — Na mesma hora, Hashemi saiu.

De onde estavam, eles podiam ver os degraus da frente. A enorme porta se abriu e Azadeh saiu e ficou ali parada por um instante, imóvel, com outras pessoas se juntando a ela, guardas, empregados e algumas pessoas da família. Erikki abriu a porta e saltou com dificuldade. Ele se dirigiu para ela com um ar de cansaço. Mas o seu andar era firme e um segundo depois ela estava em seus braços.

56

NA CIDADE DE KOWISS: 12:10H. Ibrahim Kyabi aguardava impacientemente que o mulá Hussein saísse da mesquita e viesse para a praça apinhada de gente. Ele estava encostado na fonte em frente à enorme porta, abraçado ao saco de lona que ocultava o seu M16 pronto para atirar. Seus olhos estavam vermelhos de cansaço, todo o seu corpo doía em conseqüência da viagem de quase seiscentos quilômetros de Teerã até Kowiss.

Ele reparou num europeu alto caminhando no meio da multidão. O homem seguia um Faixa Verde e usava roupas escuras, casaco e gorro. Ele viu os dois contornarem a mesquita e desaparecerem no beco que ficava ao lado. Ali perto ficava a entrada do bazar. Sua obscuridade, calor e segurança o fizeram sentir-se tentado a sair do frio.

— Insha'Allah — murmurou automaticamente, depois lembrou a si mesmo que deveria parar de usar essa expressão, agasalhou-se melhor com o velho sobretudo e recostou-se mais confortavelmente na fonte que, quando o gelo do inverno derretesse, mais vez jorraria para que os passantes pudessem beber e lavar as mãos e o rosto antes de entrar para rezar.

— Como é este mulá Hussein? — tinha perguntado ao vendedor de rua que lhe servia uma porção de horisht de feijão que fervia num enorme caldeirão. Era de manhã e ele tinha acabado de chegar, depois de uma série interminável de atrasos, 15 horas depois do previsto. — Como é ele?

O homem era velho e desdentado e deu de ombros.

— Um mulá.

Um outro freguês, que estava perto, praguejou.

— Você merece ser torturado! Não ouça o que ele diz, forasteiro, o mulá Hussein é um verdadeiro líder do povo, um homem de Deus, que possui apenas uma arma e munição para matar os inimigos de Deus. — Outros fregueses se juntaram ao rapaz de barba e contaram a ele sobre a tomada da base aérea.

— O nosso mulá é um verdadeiro seguidor do imã, ele vai nos conduzir ao Paraíso, por Deus.

Ibrahim quase gritou de raiva. Hussein e todos os mulás merecem morrer por ensinarem tanta bobagem a esses pobres camponeses. Paraíso? Belas roupas e vinho e quarenta virgens deitadas em sofás de seda?

Eu não vou pensar em amor, não vou pensar em Xarazade, ainda não.

Suas mãos acariciaram a arma escondida. Isso melhorou um pouco o seu cansaço e a sua fome, mas não a sua total solidão.

Xarazade. Agora parte de um sonho. É melhor assim, muito melhor: ele esperava por ela no café quando Jari se aproximou, dizendo:

— Em nome de Deus, o marido voltou. Aquilo que nunca começou está terminado para sempre. — E depois desaparecera no meio da multidão. Imediatamente, ele saíra, apanhara a arma e caminhara até a estação de ônibus. Agora estava esperando, devendo em breve ser martirizado ao se vingar da tirania cega, em nome do povo. Faltava tão pouco agora. Logo ele veria a escuridão ou a luz, alcançaria o esquecimento ou a compreensão, sozinho ou junto com outros: profetas, imãs, demônios, quem?

Ele fechou os olhos, extasiado. Em breve eu saberei o que acontece quando morremos e para onde vamos. Será que finalmente nós encontramos a resposta para a grande charada: Maomé foi o último Profeta de Deus ou um louco? O Corão é verdadeiro? Deus existe?

No beco ao lado da mesquita, o Faixa Verde que levava Starke parou e apontou para um casebre. Starke pulou por cima da vala e bateu na porta. Esta se abriu.

— Que a paz esteja com o senhor, Excelência Hussein — disse em farsi, tenso e em guarda. — O senhor mandou me chamar?

— Salaam, capitão. Sim, mandei — o mulá Hussein respondeu em inglês e fez sinal para que ele entrasse.

Starke teve que se abaixar para entrar no casebre de um só cômodo. Dois bebês dormiam profundamente num colchão de palha no chão de terra. Um menino olhava para ele, agarrado a um velho rifle, e ele o reconheceu como sendo a mesma criança que estava presente quando houve a briga entre os homens de Hussein e os de Zataki. Um AK47 muito bem tratado estava encostado na parede. Ao lado da pia, uma velha vestindo um chador preto e manchado estava sentada numa cadeira bamba.

— Estes são os meus filhos e esta é a minha esposa — disse Hussein. Salaam Starke disfarçou o espanto por ela ser tão velha. Então olhou-a melhor e viu que ela não era velha em idade.

— Eu o mandei chamar por três motivos: primeiro para que visse como vive um mulá. A pobreza é um dos primeiros deveres de um mulá. Bem como educação, liderança e aplicação da lei. Além disso, aga, eu sei que o senhor é cem por cento sincero nas suas crenças.

E aprisionado por elas, Starke teve vontade de acrescentar, odiando aquele quarto e a pobreza terrível e interminável que representava, o seu fedor e a impotência que ele sabia que não precisaria existir, mas que continuaria a existir para sempre ali e em milhares de outros lares de todas as religiões, no mundo inteiro. Mas não na minha família, graças a Deus! Graças a Deus eu nasci texano, graças a Deus trilhões de vezes por eu pensar diferente e por meus filhos jamais terem precisado viver na sujeira como estas pobres crianças. Com esforço, ele se controlou para não espantar as moscas que estavam pousadas em cima deles, com vontade de xingar Hussein por se conformar com uma situação que não precisava suportar.

— O senhor falou em três motivos, aga.

— O segundo é: Por que quase todos os homens vão partir hoje?

— Eles estão com as licenças vencidas há muito tempo, aga. O trabalho na base está lento, este é um bom momento. — A ansiedade de Starke aumentou. Esta manhã, antes dele ter sido chamado pelo mulá, já haviam chegado três telex e duas chamadas pelo HF do QG em Teerã, a última de Siamaki, agora membro do Conselho, querendo saber onde estavam Pettikin, Nogger Lane e os outros. Ele o havia enrolado, dizendo que McIver entraria em contato com ele assim que chegasse lá com o ministro Kia, muito consciente da curiosidade de Wazari.

Ele tinha ouvido falar da visita de Ali Kia pela primeira vez na véspera. Charlie Pettikin, durante a sua breve escala a caminho de Al Shargaz, contara a ele o que havia acontecido com McIver e os seus receios com relação a ele.

— Jesus — foi só o que conseguiu dizer.

Mas nem tudo tinha corrido mal na véspera. John Hogg trouxera o esquema preparado por Gavallan para a operação Turbilhão, com códigos, horários e coordenadas das alternativas de reabastecimento do outro lado do golfo.

— Andy mandou dizer que estas instruções já foram encaminhadas a Scrag em Lengeh e a Rudi em Bandar Delam e que levam em consideração os problemas das três bases. Dois 747 de carga estão reservados para a madrugada de sexta-feira, em Al Shargaz. Isso nos dará bastante tempo, segundo Andy. Eu trarei outras instruções quando vier buscar os rapazes, Duke. O último botão não será apertado antes das sete horas de sexta-feira, sábado ou domingo. Se isso não acontecer, a operação terá sido suspensa — dissera Hogg.

Nenhum dos espiões de Esvandiary estava por perto, e Starke conseguira enfiar outro caixote de peças de 212 muito valiosas no 125. E houve mais coisas boas: todos os vistos de saída do pessoal ainda estavam válidos, havia tanques de combustível de oitocentos litros em número suficiente, escondidos na costa, e Tom Lochart tinha chegado a tempo de Zagros, agora engajado na operação Turbilhão.