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— Deixe-me ajudá-lo — disse Hussein, depois virou-se para o Faixa Verde

— Segure o outro braço dele.

Ele gritou quando o viraram e tentaram ajudá-lo a levantar-se.

— Esperem... pelo amor de Deus... — Quando o espasmo passou, viu que não podia mover o braço esquerdo, mas que o direito estava bom. Com a mão direita, ele se apalpou e depois mexeu com as pernas. Não sentiu dor. Parecia estar tudo funcionando, exceto o braço e o ombro esquerdos e sua cabeça estava confusa. Trincando os dentes, abriu o casaco e a camisa. Havia sangue escorrendo do buraco que tinha mo meio do ombro, mas não estava jorrando e ele não-estava com muita dificuldade para respirar, só sentia uma pontada forte quando se movia. — Eu... eu acho que a bala está no meu pulmão.

— Ora essa, piloto — disse o Faixa Verde, com uma risada. — Olhe, há outro buraco nas costas do seu casaco, a bala deve ter atravessado o seu ombro.

— E enfiou um dedo sujo no buraco e Starke xingou-o violentamente. — Xingue a si mesmo, infiel — disse o homem. — Xingue a si mesmo e não a mim. Talvez Deus, na sua misericórdia, tenha-lhe devolvido a vida, embora por que o fizesse... — Ele deu de ombros e se levantou, olhou para o companheiro morto ali perto e para o outro, ferido, tornou a dar de ombros, caminhou até Ibrahim Kyabi que estava caído no chão e começou a revistar-lhe os bolsos.

A multidão que enchia a praça avançava, cercando-os, então Hussein se levantou e fez sinal para que se afastassem.

— Deus é grande, Deus é grande — gritou. — Afastem-se. Ajudem aos que estão feridos! — Depois que conseguiu abrir espaço, ele se ajoelhou ao lado de Starke. — Eu não o avisei de que o tempo era curto? Deus o protegeu desta vez para dar-lhe outra chance.

Mas Starke mal escutou. Ele tinha encontrado o seu lenço e o apertava de encontro à ferida, tentando estancar o sangue, sentindo-o escorrer pelas costas, resmungando e xingando, agora não mais cheio de terror, mas ainda com medo de passar a vergonha de fugir.

— Por que aquele filho da mãe estava tentando me matar? — resmungou. — Filho da puta maluco!

— Ele estava tentando matar a mim, não a você. Starke olhou para o mulá.

— Fedayim, mujhadin!

— Ou do Tudeh. Que importância tem isso, ele era um inimigo de Deus. Deus o matou.

Starke sentiu outra pontada no peito. Abafou um palavrão, odiando toda aquela conversa de Deus, sem querer pensar em Deus, mas apenas em Manuela e nas crianças e numa vida normal e em sair dali. Estou cheio de toda essa loucura, em matar em nome da sua versão estreita de Deus.

— Filhos da puta! — resmungou, as palavras abafadas pelo barulho. Seu ombro estava latejando, a dor se espalhava. Enrolou o lenço o melhor que pôde, usando-o como um curativo e fechou o casaco, murmurando obscenidades.

Que diabo eu vou fazer agora, pelo amor de Deus? Maldito filho da mãe, como é que eu vou pilotar agora? Mudou ligeiramente de posição. Deu outro gemido, soltou outro palavrão, desgostoso consigo mesmo, desejando ser estóico.

Hussein despertou do seu devaneio, angustiado por Deus ter decidido deixá-lo vivo, quando, mais uma vez, ele deveria ter sido martirizado. Por quê? Por que eu sou tão amaldiçoado? E este americano, é impossível que as balas não o tenham matado também — por que ele também foi deixado vivo?

— Nós vamos para a sua base. Você pode levantar-se?

— Eu... claro, só um instante. — Starke se preparou. — Está bem, cuidado... oh, meu Deus... — Mesmo assim ele conseguiu se levantar, nauseado de dor. — Um dos seus homens pode ir guiando?

— Sim. — Hussein chamou o Faixa Verde que estava ajoelhado ao lado de Kyabi — Firouz, depressa! — Obedientemente, o homem voltou.

— Só havia estas moedas no bolso dele, Excelência, e isto aqui. O que está escrito?

Hussein examinou atentamente o cartão.

— É uma carteira de identidade da Universidade de Teerã.

A fotografia mostrava um rapaz bonito sorrindo para a câmera. IBRAHIM KYABI, 3º ANO, SEÇÃO DE ENGENHARIA. DATA DE NASCIMENTO: 12 DE MARÇO DE 1955. Hussein virou o cartão.

— Há um endereço em Teerã.

— Universidades nojentas — disse outro Faixa Verde. — Entes do demônio e da maldade ocidental.

— Quando o imã reabrir as universidades, que Deus lhe dê paz, os mulás ficarão encarregados delas. Nós acabaremos com todas as idéias ocidentais, contrárias ao Islã, para sempre. Entregue o cartão ao komiteh, Firouz. Eles podem mandá-lo para Teerã. Os komitehs em Teerã interrogarão a sua família e os seus amigos, e lidarão com eles. — Hussein viu Starke olhando para ele. — Sim, capitão?

Starke tinha visto o retrato.

— Eu só estava pensando que dentro de poucos dias ele faria 24 anos. Um desperdício, não?

— Deus castigou a sua maldade. Agora ele está no inferno.

AO NORTE DE KOWISS: 16:10H. O 206 cruzava as colinas de Zagros com McIver nos controles e Ali Kia cochilando ao lado dele. McIver estava se sentindo muito bem. Desde que decidira que ele mesmo pilotaria o helicóptero para Ali Kia, vinha sentindo a cabeça leve. Era a solução perfeita, a única solução.

— O meu exame médico não está atualizado, e daí? Nós estamos numa operação de guerra, temos que aceitar riscos e eu ainda sou o melhor piloto da companhia.

Ele olhou para Kia. Se você não fosse um pé no saco, eu o abraçaria por esta oportunidade. Ele sorriu e apertou o botão do microfone.

— Kowiss, aqui é HotelTangoraioX, a trezentos metros de altura, rumo de 185 graus, vindo de Teerã com o ministro Kia a bordo.

— HTX. Mantenha esta direção, comunique-se quando estiver chegando.

O vôo e o reabastecimento no aeroporto internacional de Isfahan tinham sido sem novidades, exceto por alguns minutos, depois de aterrissarem, quando Faixas Verdes nervosos, cercaram o helicóptero gritando ameaçadoramente, mesmo depois dele ter recebido autorização para pousar e reabastecer

— Fale pelo rádio, insista para que o supervisor venha até aqui imediatamente — Kia tinha dito para McIver, nervoso. — Eu represento o governo.

McIver tinha obedecido.

— A, ahn, torre diz que se não reabastecermos e partirmos dentro de uma hora, o komiteh apreenderá o aparelho. — E acrescentou brandamente, encantado de transmitir a mensagem: — Eles disseram: "Pilotos estrangeiros e aviões estrangeiros não são bem-vindos a Isfahan, nem os cães de guarda do governo de Bazargan, dominado pelos estrangeiros!"

— Bárbaros, camponeses ignorantes — Kia tinha dito com desprezo, mas só quando estava novamente no ar, a salvo, e McIver enormemente aliviado por ter podido pousar num aeroporto civil e não ser forçado a usar a base da Força Aérea onde Lochart reabastecera o seu helicóptero.

McIver podia ver toda a base aérea de Kowiss agora. Do outro lado do campo, perto do complexo da CHI, ele viu o 125 da companhia e o seu coração deu um salto. Eu disse a Starke para tirar os rapazes daqui cedo, pensou, zangado.

— CHI, controle, HTX de Teerã com o ministro Kia a bordo.

— CHI, controle, HTX, pouse na pista dois. O vento está soprando a 35 nós, 135 graus.

McIver podia ver Faixas Verdes no portão principal, outros perto da pista junto com Esvandiary e os empregados iranianos. Um grupo de mecânicos e pilotos também estava reunido ali perto. Meu comitê de recepção, pensou, reconhecendo John Hogg, Lochart, Jean-Luc e Ayre. Nada de Starke. Eu estou ilegal, e daí, o que eles podem fazer? Eu sou o superior deles, mas se o DAC descobrir, vai ficar uma fera. Ele já estava com o discurso preparado: "Peço desculpas, mas para atender às exigências do ministro Kia, eu precisava tomar uma decisão imediatamente. E claro que isto não tornará a acontecer." Isto não teria acontecido se a operação Turbilhão não existisse. Ele se inclinou e sacudiu Kia.