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A base estava calma. Só estavam lá Vossi, Willi Neuchtreiter e dois mecânicos. Todos os outros pilotos e mecânicos e o gerente deles de escritório, inglês, tinham partido há dois dias, na terça-feira, enquanto ele estava voltando de Bandar Delam com Kasigi.

Willi os embarcara por mar para Al Shargaz:

— Nós não tivemos nenhum problema, Scrag, graças a Deus — Willi tinha dito assim que ele desembarcou. — O seu plano funcionou. Mandá-los de barco foi uma ótima idéia, melhor do que de helicóptero, e mais barato. O komiteh simplesmente deu de ombros e se apossou de um dos trailers.

— Eles estão dormindo na base, agora?

— Alguns deles, Scrag. Três ou quatro. Eu providenciei para que tivessem bastante arroz e horisht. Não são um grupo ruim. Masoud também está tentando manter as boas graças deles. — Masoud era o gerente da IranOil.

— Por que você ficou, Willi? Eu sei como você se sente com relação a esta operação, eu disse para você partir no barco, não havia necessidade de ficar.

— Claro que não, Scrag, mas você vai precisar de um piloto de verdade ao seu lado. Você é capaz de se perder.

Bom e velho Willi, Scragger pensou. Que bom que ele ficou. E que pena.

Desde a sua volta de Bandar Delam na terça-feira, Scragger vinha se sentindo muito inquieto, nada que ele pudesse localizar, apenas uma sensação de que elementos que ele não podia controlar estavam esperando para atacar. A dor de barriga tinha diminuído, mas de vez em quando havia um pouco de sangue na sua urina. O fato de não ter avisado a Kasigi sobre a operação Turbilhão aumentava o seu desconforto. Que inferno, pensou, eu não poderia ter assumido este risco, fiz o melhor que pude mandando Kasigi procurar Gavallan.

Ontem, quarta-feira, Vossi tinha levado Kasigi para o outro lado do golfo. Scragger entregara a Vossi uma carta endereçada a Gavallan, explicando o que havia acontecido em Bandar Delam e expondo o seu dilema com relação a Kasigi, deixando para Gavallan a decisão sobre o que fazer. Na carta, ele também dava detalhes do seu encontro com Georges de Plessey que estava muito preocupado, achando que haveria mais problemas no complexo de Siri:

"Os estragos nos sistemas de extração e canalização de Siri foram piores do que pensamos no primeiro momento e não creio que ele possa produzir este mês. Kasigi vai ficar de mãos atadas, uma vez que tem três petroleiros marcados para chegar em Siri nas próximas três semanas conforme o acordo feito com Georges. E um beco sem saída, Andy. Não há nada que possamos fazer. Há pouca chance de se evitar uma sabotagem se os terroristas resolverem mesmo agir. É claro que não contei nada a Georges. Faça o que puder por Kasigi. Vejo-o em breve, Scrag."

Na chamada de rotina que recebeu de Al Shargaz naquela manhã, Gavallan tinha dito apenas que recebera o relatório e que estava tomando providências. Fora isso, foi bastante evasivo.

Scragger não havia mencionado McIver, nem Gavallan. Ele sorriu satisfeito. Aposto que o Dirty Duncan pilotou o 206! Eu jamais imaginaria que aquele velho seguidor de regras do McIver pudesse fazer uma coisa dessas! Também aposto que ele ficou radiante com essa chance e não é de espantar, eu também ficaria.

— Scrag!

Ele se virou. Bastou olhar para a cara de Willi Neuchtreiter para saber que havia alguma coisa errada.

— O que foi que houve?

— Acabei de descobrir que Masoud entregou os nossos passaportes para os guardas. Todos eles!

Vossi e Scragger olharam para ele de boca aberta. Vossi disse:

— Por que diabos ele fez isso? Scragger foi mais vulgar.

— Foi na terça-feira, Scrag, quando os outros partiram de barco. É claro que havia um guarda para acompanhá-los, para vê-los embarcar, e foi então que ele pediu a Masoud os nossos passaportes. Então Masoud os entregou. Se fosse eu teria feito o mesmo.

— Mas para que ele queria os passaportes? Willi explicou pacientemente:

— Para revalidar os nossos vistos de permanência em nome de Khomeini, Scrag, ele queria legalizar os nossos passaportes, você tinha pedido para eles fazerem isso uma porção de vezes, não tinha? — Scragger ficou um minuto inteiro dizendo palavrões e não repetiu nenhum.

— Pelo amor de Deus, Scrag, temos que apanhá-los de volta, — Vossi disse, nervoso. — Temos que apanhá-los ou então o Turbilhão está acabado.

— Eu sei disso, meu chapa — Scragger estava estudando as diferentes possibilidades.

— Talvez pudéssemos conseguir novos passaportes em Al Shargaz ou em Dubai. Dizer que perdemos os velhos — disse Willi.

— Pelo amor de Deus, Willi — Vossi explodiu. — Pelo amor de Deus, eles nos poriam na cadeia num piscar de olhos. Você se lembra do Masterson? — Um dos mecânicos deles, há uns dois anos, tinha esquecido de renovar o seu visto de entrada em Al Shargaz e tinha tentado passar pela Imigração. Embora o visto só estivesse vencido há quatro dias e o seu passaporte estivesse válido, o Serviço de Imigração o pusera na cadeia e ele tinha penado lá por seis semanas e depois tinha sido solto, mas expulso para sempre.

— Droga — dissera o funcionário britânico de lá —, você tem muita sorte de sair com uma pena tão leve. Você conhece a lei. Nós estamos cansados de avisar..

— Eu não saio daqui sem o meu de jeito nenhum — disse Vossi. — Não posso. O meu está cheio de vistos para todos os países do golfo, para a Nigéria, o Reino Unido e mais um montão de lugares, eu levaria meses para conseguir outros, meses, se conseguisse... e quanto a Al Shargaz, hein? E um lugar maravilhoso, mas sem um maldito passaporte e um visto vai-se direto para a cadeia

— Você está certo. Ed. Maldição! E amanhã é dia santo e está tudo fechado. Willi, você se lembra do nome do guarda? Ele era um dos regulares ou era um Faixa Verde?

Depois de pensar um pouco, Willi disse:

— Ele não era um Faixa Verde, Scrag, era um dos regulares. Aquele velho de cabeça branca.

— Qeshemi, o sargento?

— Sim, Scrag, ele mesmo. Scragger tornou a praguejar.

— Se o velho Qeshemi disser que vamos ter que esperar até sábado ou até a semana que vem, não tem jeito. — Naquela área, os guardas ainda funcionavam como antigamente, faziam parte das Forças Armadas, sem essa história de Faixa Verde, só que agora eles não usavam mais os distintivos do xá e sim braçadeiras com o nome de Khomeini.

— Não me esperem para jantar — Scragger saiu pisando duro.

NA DELEGACIA DE POLICIA DE LENGEH: 19:32H. O guarda bocejou e sacudiu a cabeça educadamente, falando em farsi com o operador de rádio da base, Ali Pash, que Scragger tinha levado com ele para servir de intérprete. Scragger esperou pacientemente, já muito acostumado com a maneira iraniana para saber que não devia interrompê-los. Eles já estavam nisso há meia hora.

— Oh, você quer saber dos passaportes dos estrangeiros? Os passaportes estão no cofre que é o lugar deles — o guarda estava dizendo. — Passaportes são coisas muito valiosas e nós temos que mantê-los trancados.

— Perfeitamente correto, Excelência, mas o capitão dos estrangeiros gostaria de tê-los de volta, por favor. Ele diz que precisa deles para uma troca de pessoal.

— É claro que ele pode tê-los de volta. Não são propriedade dele? Seus homens não têm executado muitas missões ao longo dos anos para o nosso povo? Certamente, Excelência, assim que o cofre for aberto.

— Por favor, ele pode ser aberto agora? O estrangeiro ficaria muito grato pela sua gentileza. — Ali Pash foi igualmente educado e não demonstrou nenhuma pressa, esperando que o guarda prestasse voluntariamente a informação que estava procurando. Ele era um teerani bem-apessoado, de quase trinta anos, que tinha sido treinado na Escola de Rádio americana em Isfahan e que estava com a CHI em Lengeh há três anos. — Seria um grande favor.

— Certamente, mas ele não pode tê-los de volta até a chave aparecer.

— Ah, e posso saber onde está a chave, Excelência?