— Bandar Delam, Sierra Um — Scot disse com voz rouca. — Vocês estão dois por cinco, continuem.
— Nós não sabemos como está o seu dia, mas temos alguns vôos planejados para esta manhã e gostaríamos de comunicá-los agora. Vocês aprovam?
— Fique na linha — disse Scot.
— Maldição — resmungou Gavallan. É essencial que todas as bases partam ao mesmo tempo. Então mais uma vez o HF deu sinal.
— Sierra Um, aqui é Lengeh — a voz de Scragger estava muito mais alta e clara e mais ríspida. — Nós também temos vôos para fazer, mas quanto mais tarde melhor. Como está o tempo aí?
— Aguarde na linha, Lengeh. — Scot olhou para Gavallan, esperando.
— Chame Kowiss — disse Gavallan e todo mundo relaxou um pouco. — Vamos checar com eles primeiro.
— Kowiss, aqui é Sierra Um, está me ouvindo? — Silêncio. — Kowiss, aqui é Sierra Um , está me ouvindo?
— Aqui é Kowiss, continue. — A voz de McIver soou tensa e estava indo e vindo.
— Você escutou?
— Sim. Prefiro uma posição firme conforme o planejado.
— Isso decide tudo. Sierra Um para todas as bases, o tempo está instável. Daremos a previsão definitiva às sete horas.
— Entendido. — disse Scragger.
— Entendido — a voz de Rudi soou fraca.
— Entendido. — McIver pareceu aliviado.
O transmissor ficou novamente silencioso. Gavallan disse para ninguém em especiaclass="underline"
— É melhor nos mantermos dentro do plano. Não quero alertar desnecessariamente a torre de controle nem tornar aquele intrometido do Siamaki mais difícil do que o normal. Rudi poderia ter desistido se fosse urgente, ele ainda pode fazer isso. — Ele se levantou e se esticou, depois tornou a sentar-se. Estática. Eles estavam na escuta também do canal de emergência, 121.5. O Jumbo da Pan Am decolou, sacudindo as janelas.
Manuela mexeu-se na cadeira, sentindo-se demais mesmo depois de Gavallan ter dito:
— Manuela, você fica conosco, você é a única que fala farsi. — O tempo não custava tanto a passar para ela. O seu homem estava a salvo, um pouco avariado mas a salvo, e seu coração estava cantando de alegria pelo golpe de sorte que o tirara do turbilhão.
— Porque é isto que a operação é, querido — ela tinha dito a ele na noite anterior no hospital.
— Talvez, mas sem a ajuda de Hussein eu ainda estaria em Kowiss. Se não fosse por aquele mulá, você nunca teria sido atingido, ela tinha pensado, mas não disse nada, não querendo agitá-lo.
— Quer que eu providencie alguma coisa para você, querido?
— Uma cabeça nova!
— Eles vão trazer uma pílula dentro de um minuto. O médico disse que você estará pilotando em seis semanas, que você tem a constituição de um búfalo.
— Eu me sinto como um frango. Ela tinha rido.
Agora ela deixou a mente divagar relaxadamente, não tendo que ficar ansiosa com a espera como os outros, especialmente Genny. Faltavam dois minutos. Estática. Gavallan tamborilava com os dedos. Um jato particular decolou e ela pôde ver outro avião descendo na pista, um jumbo com as cores da Alitalia. Será que é vôo de Paula vindo de Teerã?
O ponteiro dos minutos chegou no 12. Às sete horas Gavallan pegou o microfone.
— Sierra Um para todas as bases: A nossa previsão está pronta e esperamos que o tempo melhore, mas estejam atentos a pequenos turbilhões. Entendido?
— Sierra Um, aqui é Lengeh. — Scragger parecia animado. — Entendido e vamos prestar atenção nos turbilhões. Desligo.
— Sierra Um, aqui é Bandar Delam, entendido e ficaremos atentos a turbilhões. Desligo.
Silêncio. Os segundos foram passando. Inconscientemente, Gavallan mordeu o lábio inferior, depois ligou o botão de transmissão.
— Kowiss, está me ouvindo?
EM KOWISS: 7:04H. McIver e Lochart olhavam para o HF. Eles verificaram os relógios quase ao mesmo tempo. Lochart murmurou:
— Não vai ser hoje — e se sentiu aliviado. Um dia de adiamento, pensou. Talvez hoje os telefones voltem a funcionar, talvez hoje eu consiga falar com ela...
— Eles chamariam mesmo assim, faz parte do plano, eles chamariam de qualquer jeito. — McIver ligou e desligou o interruptor. As luzes todas funcionaram. Os mostradores também. — Que diabo — disse e ligou o transmissor. — Sierra Um, aqui é Kowiss, está me ouvindo? — Silêncio. Mais uma vez, com mais ansiedade ainda. — Sierra Um, aqui é Kowiss, está me ouvindo? — Silêncio.
— Que diabo está havendo com eles? — Lochart disse entredentes.
— Lengeh, aqui é Kowiss, está me ouvindo? — Nenhuma resposta. Repentinamente, McIver se lembrou, deu um salto e correu para a janela. O cabo principal do transmissor estava solto, balançando com o vento. Praguejando, McIver abriu a janela que dava para o telhado e saiu. Seus dedos eram fortes, mas as porcas estavam enferrujadas demais para se mexerem e ele viu que o anel de solda estava corroído pela ferrugem e tinha se quebrado.
— Maldição...
— Tome. — Lochart estava ao lado dele e entregou-lhe o alicate.
— Obrigado. — McIver começou a raspar a ferrugem. A chuva tinha parado quase completamente mas nenhum dos dois notou isto. Ouviu-se um trovão. Um relâmpago iluminou as montanhas Zagros, quase todas encobertas. Enquanto trabalhava apressadamente, ele contou a Lochart que Wazari tinha passado um bocado de tempo no telhado na véspera, consertando o cabo. — Quando eu cheguei aqui hoje de manhã, fiz uma chamada de rotina para ver se estava funcionando e nós estávamos sendo ouvidos alto e claro às seis e meia e de novo às seis e quarenta. O vento deve ter soltado o fio depois disso... — O alicate escapuliu e ele cortou o dedo e praguejou mais ainda.
— Quer que eu faça isso?
— Não, tudo bem. Só um segundo.
Lochart voltou para a torre: 7:07h. A base ainda estava quieta. Lá na base aérea havia alguns caminhões se movimentando, mas nenhum avião. No hangar, os dois mecânicos ainda estavam mexendo nos 212 e, de acordo com o plano, Freddy Ayre estava com eles. Então ele viu Wazari se aproximando de bicicleta. Seu coração deu um salto.
— Mac, Wazari está chegando, vindo do lado da base.
— Detenha-o, diga-lhe qualquer coisa mas faça-o parar. — Lochart saiu correndo pelas escadas. O coração de McIver estava disparado. — Vamos, pelo amor de Deus — disse, e tornou a xingar a si mesmo por não ter checado. É preciso checar e checar e tornar a checar, a segurança não depende do acaso, tem que ser planejada.
Mais uma vez o alicate escorregou. Mais uma vez ele tentou e agora as porcas estavam girando. Um dos lados estava apertado. Por um segundo ele ficou tentado a arriscar, mas a precaução venceu a sua ansiedade e ele apertou o outro lado. Deu um puxão no cabo. Estava firme. Ele voltou correndo, suando em bicas: 7:16h.
Por um instante ele não conseguiu recobrar o fôlego.
— Vamos, McIver, pelo amor de Deus! — Ele respirou profundamente e isto ajudou.
— Sierra Um, aqui é Kowiss, está me ouvindo? A voz ansiosa de Scot respondeu imediatamente.
— Kowiss, aqui é Sierra Um, continue
— Vocês têm alguma confirmação do tempo para nós? Imediatamente, a voz de Gavallan se fez ouvir, ainda mais ansiosa:
— Kowiss, nós enviamos a seguinte mensagem, exatamente às sete horas: a nossa previsão está pronta e esperamos que o tempo melhore, mas fiquem atentos a pequenos turbilhões. Entendido?
McIver soltou o ar.
— Entendido e vamos estar atentos a pequenos turbilhões. Os outros receberam a mensagem.?
— Afirmativo.
NO QG DE AL SHARGAZ: — ...Torno a repetir, afirmativo. — Gavallan repetiu no microfone. — O que foi que aconteceu?
— Nenhum problema — respondeu McIver, com o sinal fraco. — Vejo-o em breve. Desligo. — Agora o transmissor estava silencioso. Um grito de alegria irrompeu na sala, Scot abraçou seu pai e gemeu com a dor que sentiu no ombro, mas ninguém notou no meio do pandemônio. Manuela abraçava Gavallan e dizia: