Através da neblina, Dubois viu que a costa estava se aproximando rapidamente, a menos de um quilômetro de distância, mas voando assim tão baixo, ele duvidava que o radar os estivesse captando. Olhou para a esquerda. Rudi apontou para os fones e depois pôs um dedo nos lábios indicando silêncio. Ele ergueu os polegares e passou adiante a mensagem para Sandor, que estava à sua direita e se virou e viu Fowler Joines entrando na cabine e se sentando ao lado dele. Ele mostrou os fones sobressalentes pendurados sobre o assento. A voz estava mais áspera agora:
— Todos os helicópteros que saíram de Bandar Delam na direção da Irã-Toda devem retornar à base. Estão me ouvindo?
Fowler falou pelo interfone:
— Espero que os desgraçados caiam mortos.
Então, mais uma vez, a voz e seus sorrisos murcharam:
— Controle de Abadan para o coronel Zataki. Está me ouvindo?
— Sim, continue.
— Nós captamos um sinal momentâneo no radar, provavelmente não foi nada, mas pode ter sido um helicóptero ou grupo de helicópteros voando bem juntos na direção 090 graus — a transmissão estava ficando fraca — isto os levaria diretamente para...
NO CAMPO DE AVIAÇÃO: .. .a Irã-Toda. Não pedir autorização para decolar e não manter contato pelo rádio é uma violação séria. Por favor, dê-nos os seus códigos e os nomes dos seus capitães. O VHF da Irã-Toda ainda está quebrado, senão nós entraríamos em contato com eles. Sugiro que mandem alguém lá para prender os pilotos e apresentá-los diante da torre de controle do komiteh de Abadan imediatamente por violação das normas de vôo. Entendido?
— Sim... sim, eu compreendo. Obrigado. Um momento. — Zataki enfiou o microfone na mão de Numir. — Eu vou até a Irã-Toda. Se eles voltarem antes de mim, prenda-os! Informe ao controle o que eles estão querendo saber! — Ele saiu, deixando na base três homens armados de metralhadoras.
Numir começou:
— Controle de Abadan, aqui Bandar Delam: HVV, HGU, HKL, HXC, todos 212. Capitães Rudi Lutz, Marc Dubois..
NA CABINE DE POP KELLY: "...Sandor Petrofi e Ignatius Kelly, todos a serviço da IranOil e enviados à Irã-Toda por ordem do coronel Zataki
__ Obrigado, Bandar Delam, mantenha-nos informados.
Kelly olhou para a direita e levantou os polegares entusiasticamente para Rudi, que respondeu
NA CABINE DE RUDI: .e fez o mesmo para Dubois que também respondeu. Então ele tornou a examinar a neblina.
A formação de helicópteros estava quase na linha da costa. A Irã-Toda estava à esquerda, a cerca de um quilômetro de distância, mas Rudi não conseguiu enxergá-la através da neblina. Ele acelerou ligeiramente para ficar na frente, depois trocou do rumo sul para leste. Isto forneceu-lhes uma rota diretamente por cima da fábrica e ele aumentou a altitude para ultrapassar os edifícios. O complexo foi ultrapassado rapidamente, mas ele sabia que quem estivesse lá embaixo prestaria atenção neles por terem surgido tão repentinamente. Uma vez ultrapassada a fábrica, ele tornou a baixar a altitude e manteve o mesmo curso, agora dirigindo-se para o interior por um pouco mais de 15 quilômetros. Lá a terra era deserta, não havia aldeia por perto. Mais uma vez, de acordo com o plano, ele tomou o rumo sul em direção ao mar.
Imediatamente a visibilidade começou a piorar. Lá embaixo, a sete metros, a visibilidade mal chegava a meio quilômetro, com uma nebulosidade difusa em que não havia nenhuma distinção entre céu e mar. À sua frente, quase diretamente no seu caminho, estava a ilha de Kharg, com seu radar superpotente e, mais adiante, a uns 350 quilômetros de distância, o seu alvo, Bahrain. Pelo menos duas horas de vôo. Com aquele vento, mais do que isso, o sudeste de 35 nós transformando-se num vento de proa de 20 nós.
Ali no mar era bastante perigoso. Mas eles acharam que poderiam esgueirar-se por baixo do radar, caso as telas estivessem sendo controladas, e poderiam evitar interceptação, caso houvesse alguma.
Rudi balançou o helicóptero e tocou no botão de transmissão do HF.
— Delta Quatro, Delta Quatro — disse claramente, o código para indicar a Al Shargaz que todos quatro helicópteros de Bandar Delam estavam a salvo, abandonando a costa. Viu Dubois apontar para cima, pedindo para subir. Ele sacudiu a cabeça negativamente, apontou para a frente e para baixo, indicando que continuariam voando baixo, de acordo com o plano. Obedientemente, eles se espalharam e, juntos, deixaram a costa e entraram na neblina.
NO QG DE AL SHARGAZ:Gavallan estava falando no telefone com o hospitaclass="underline"
— Rápido, ligue-me com o capitão Starke, por favor... Alô, Duke, aqui é Andy, eu só queria dizer que recebemos Delta Quatro de Rudi há um minuto, não é maravilhoso?
— É formidável! Quatro já foram, só faltam cinco. Sim, mas são seis, não se esqueça de Erikki
LENGEH: 8:04H. Scragger ainda estava aguardando na sala de espera da delegacia. Ele estava sentado desconsoladamente num banco de madeira em frente ao cabo, que olhava para ele de detrás de uma escrivaninha alta que estava do outro lado de uma divisória.
Mais uma vez Scragger consultou o relógio. Ele tinha chegado às 7:20h, para o caso do escritório abrir mais cedo, mas o cabo só tinha chegado às 7:45h e tinha feito sinal para ele se sentar no banco e esperar. Era a espera mais longa da sua vida.
Rudi e os rapazes de Kowiss já devem ter decolado, pensou, infeliz, e nós já teríamos decolado também se não fosse por estes malditos passaportes. Só vou esperar mais um minuto. Não dá para esperar mais. Nós ainda vamos levar uma hora ou mais para partir e tenho certeza de que vai haver algum deslize em algum lugar, entre as três bases, algum intrometido vai começar a fazer perguntas e pôr lenha na fogueira pelo rádio, sem contar com aquele cretino do Siamaki. Na noite anterior, Scragger tinha ficado no HF e ouvira as ligações petulantes de Siamaki para Gavallan em Al Shargaz e também para McIver em Kowiss, dizendo que o esperaria no aeroporto de Teerã.
Desgraçado! Mas eu ainda acho que fiz bem em não ligar para Andy e abortar. Que diabo, nós estamos com a parte mais fácil e se eu adiasse o Turbilhão para amanhã, certamente surgiria outro problema, conosco ou com um dos outros, e o velho Mac não poderia deixar de voltar para Teerã hoje com o maldito Kia. Não posso arriscar isso, não posso. Era fácil perceber que Mac estava tão nervoso quanto uma velha navegando numa canoa em alto-mar.
A porta se abriu e ele levantou a cabeça. Dois jovens guardas entraram, arrastando um rapaz todo machucado, com as roupas sujas e rasgadas.
— Quem é ele? — perguntou o cabo.
— Um ladrão. Nós o pegamos roubando, cabo, o idiota estava roubando arroz da loja de Ismael. Nós o apanhamos durante a nossa ronda, pouco antes do amanhecer.
— Seja como Deus quiser. Coloque-o na segunda cela. — Então o cabo gritou para o rapaz, assustando Scragger que não entendeu o que ele estava dizendo em farsi:
— Filho de um cão! Como você pôde ser estúpido para se deixar apanhar? Você não sabe que agora não é mais só uma surra? Quantas vezes vamos ter que repetir? Agora é a lei islâmica! A lei islâmica!
— Eu... eu estava com fome... minha...
O rapaz gemeu, apavorado, enquanto um dos guardas o sacudia rudemente,
— Fome não é desculpa. Eu estou com fome, nossas famílias estão com fome, nós todos estamos com fome! — Eles arrastaram o rapaz para fora da sala.
O cabo tornou a xingá-lo, com pena dele, depois olhou para Scragger, sacudiu ligeiramente a cabeça e voltou ao seu trabalho. Que estupidez do estrangeiro ir até lá num dia santo, mas se o velho quiser ficar esperando o dia inteiro e a noite inteira até o sargento chegar, isto é problema dele.