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Um dos Faixas Verdes, um rapaz quase imberbe com um AK47 no ombro, aproximou-se e olhou significativamente para os tambores de gasolina no fundo do carro. Qeshemi não disse nada, apenas cumprimentou-o com a cabeça. O rapaz respondeu, com um olhar duro, e se afastou insolentemente para se reunir aos outros.

O sargento sentou-se no lugar do motorista. Cães leprosos, pensou sarcasticamente, vocês ainda não são a lei em Lengeh — graças a Deus.

— Está na hora de ir embora, Ahmed, está na hora. — Enquanto o cabo entrava ao lado dele no carro, Qeshemi viu o helicóptero passar por cima da montanha e desaparecer. Ainda seria tão fácil apanhá-lo, velho, disse a si mesmo, confuso. Tão fácil alertar a rede, os nossos telefones estão funcionando e nós temos uma ligação direta com a base militar de Kish. Uns poucos litros de gasolina serão um pishkesh suficiente pela sua liberdade? Eu ainda não decidi.

— Eu o deixo na delegacia, Ahmed, depois vou ficar de folga até amanhã. O carro fica comigo.

Qeshemi arrancou. Talvez nós devêssemos ter partido com os estrangeiros — seria fácil obrigá-los a nos levar, a minha família e a mim, mas isto significaria viver do lado errado do nosso golfo Pérsico, viver no meio dos árabes. Eu nunca gostei dos árabes, nunca confiei neles. Não, o meu plano é melhor. Descer a velha estrada costeira durante um dia e uma noite depois tomar o barco do meu primo para o Paquistão, com bastante gasolina de reserva para servir de pishkesh. Muita gente nossa já está lá. Eu construirei uma vida boa para minha mulher e meu filho e para a pequena Sousan, até que, com a ajuda de Deus, nós possamos voltar para casa. Há muito ódio agora por aqui, foram muitos anos servindo o xá. Bons tempos. Como xá ele foi bom para nós. Nós sempre éramos pagos

AO NORTE DE LENGEH: 9:23H. A plantação de repolhos ficava dez quilômetros a nordeste da base, numa região deserta, coberta de pedras, no sopé das montanhas, e os dois helicópteros estavam parados, um ao lado do outro, com os motores funcionando. Ed Vossi estava em pé ao lado da janela da cabine de Willi.

— Estou com vontade de vomitar, Willi.

— Eu também. — Willi ajeitou os fones, o VHF estava ligado mas, de acordo com o plano, só deveria ser usado em caso de emergência, era só para ouvir

— Pegou alguma coisa, Willi? — Vossi perguntou.

— Não, só estática.

— Merda. Ele deve estar encrencado. Mais um minuto e eu vou ver o que houve, Willi.

— Vamos juntos. — Willi observou o relâmpago nas montanhas, a visibilidade era de cerca de um quilômetro, com as nuvens negras e ameaçadoras. — Este não é um bom dia para passeios, Ed.

— Não.

Então o rosto de Willi se acendeu como um foguete e ele apontou:

— Lá está ele! — O 212 de Scragger estava se aproximando a cerca de duzentos metros. Vossi correu para a sua cabine e entrou. Ouviu no seu fone:

— Como está o seu conta-giros, Willi?

— Nada bom, Scrag — Willi disse alegremente, seguindo o plano deles para o caso de alguém estar ouvindo. — Eu pedi a Ed para dar uma olhada nele, e ele também não está muito seguro. O rádio dele não está funcionando.

— Eu vou pousar e conversaremos. Scragger para a base, está me ouvindo? — Nenhuma resposta. — Scragger para a base, ficaremos algum tempo no chão. — Nenhuma resposta.

Willi ergueu o polegar para Vossi. Os dois aceleram, concentrando-se em Scragger que estava descendo devagar.

Quando estava no nível do chão, Scragger interrompeu a descida e se dirigiu para a costa. Agora a alegria era extrema, Vossi estava gritando de felicidade, até Willi estava sorrindo.

— Por Deus...

Scragger ultrapassou o cume e desceu do outro lado e agora podia ver a costa e o pequeno caminhão deles estacionado na praia rochosa pouco acima das ondas. Seu coração quase parou. Um rebanho de cabras com três pastores pontilhava a sua área de pouso. A cinqüenta metros da praia, havia um carro com alguns adultos e crianças brincando num lugar onde ele nunca havia visto ninguém. Um pequeno barco a motor navegava no mar. Podia ser um pesqueiro, e podia ser um dos barcos da patrulha vigiando contrabandistas e fugitivos, pois aqui, com Omã e a costa pirata tão próximos, sempre tinha havido muita vigilância costeira.

Não posso mudar os planos agora, pensou, com o coração disparado. Ele viu Benson e os dois outros mecânicos olharem para ele, pularem do caminhão e se dirigirem para a área de pouso. Atrás dele, Willi e Vossi tinham diminuído a velocidade para lhe dar tempo. Sem hesitação, ele desceu, com as cabras se espalhando, os pastores e as pessoas que faziam piquenique olhando, perplexos. Assim que tocou o solo, ele gritou:

— Vamos!

Não precisou falar duas vezes. Benson correu para a cabine e abriu a porta, voltou para ajudar os outros dois a descarregarem o caminhão. Juntos, eles retiraram malas, valises e bagagens e começaram a carregar o helicóptero a cabine já estava cheia de peças. Scragger olhou em volta e viu que Willi e Vossi estavam parados no ar, em guarda.

— Até agora tudo bem — disse alto, concentrando-se nos espectadores que tinham vencido o espanto e estavam se aproximando. Ele olhou em volta. Ainda não havia perigo. Mesmo assim, ele verificou a sua pistola Very e mandou que os mecânicos se apressassem, preocupado que o carro de polícia pudesse aparecer na estrada. Um segundo carregamento. Depois outro, depois o último, os três mecânicos suando, e agora dois subiram para a cabine, fechando a porta. Benson entrou ao seu lado, praguejou e fez menção de tornar a sair.

— Eu esqueci de desligar o caminhão.

— Deixe isso para lá. Vamos embora — Scragger acelerou e subiu, enquanto Benson trancava a porta, apertava o cinto e, logo, estavam sobre as ondas, no meio da neblina que cobria o golfo. Scragger olhou para a direita e para a esquerda. Willi e Vossi estavam bem ao lado dele, e ele desejou ter um HF para poder comunicar 'Lima Três' a Gavallan. Não faz mal, estaremos lá num instante.

Uma vez ultrapassadas as plataformas, ele começou a respirar melhor. Odeio deixar o jovem Ali Pash deste jeito, pensou, odeio deixar Georges de Plessey e seus rapazes, odeio deixar os dois 206, odeio partir. Bem, fiz o que pude. Deixei recomendações e promessas de emprego para quando voltarmos, se voltarmos, para Ali Pash e os outros na gaveta de cima da mesa do chefe do escritório, junto com todo o dinheiro que eu tinha.

Ele verificou o seu curso, em direção a sudoeste, para Siri, como se estivesse numa viagem de rotina, caso o radar os apanhasse. Perto de Siri viraria para sudeste, em direção a Al Shargaz e à sua casa. Se tudo correr bem, pensou, e tocou no pé de coelho que Nell tinha dado a ele há tantos anos atrás para dar sorte. Passaram por outra plataforma, Siri Seis. A tempestade elétrica fazia estalar os seus fones, depois, junto com os estalos, ele ouviu alto e claro:

— Ei, Scragger, você e les gars estão voando baixo, n'estcepas?

Era a voz de François Menange, o gerente da plataforma e ele xingou a vigilância do homem. Para fazê-lo calar a boca, ele ligou o transmissor.

— Cale a boca, François, nós estamos praticando, cale a boca, sim? Agora ele estava rindo.

— Bien sür, mas vocês são loucos de praticar tão baixo um dia como hoje. Adieu.

Ele estava suando de novo. Ainda tinha que passar por quatro plataformas antes de poder virar para mar aberto.

Eles atravessaram a primeira rajada de vento, sentindo-o açoitá-los, a chuva batendo nas janelas, relâmpagos por todo lado. Willi e Vossi voavam bem junto dele e ele estava feliz de estar voando com eles. Eu achei várias vezes que Qeshemi fosse dizer: "Venha comigo", e me levasse para a cadeia. Mas ele não o fez e aqui estamos nós e dentro de uma hora e quarenta minutos mais ou menos estaremos em casa e o Irã será apenas uma lembrança.