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As lágrimas saltaram-lhe dos olhos - Pelo amor de Deus, me ajude.

Então a expressão "com defeito" veio-lhe à cabeça e ele se agarrou a ela. Que defeito? O rádio estava funcionando perfeitamente ontem.

Enxugou as lágrimas. Sem fazer barulho, foi até a escrivaninha e ligou o rádio, mantendo o volume no mínimo. Parecia estar funcionando. Checou os mostradores. Havia um bocado de estática e nenhuma transmissão. Estranho que não houvesse nenhum tráfego na freqüência da companhia, alguém deveria estar transmitindo em algum lugar. Sem ousar aumentar o volume, ele apanhou um par de fones de ouvido e conectou-os, deixando de usar o alto-falante. Agora podia ouvir o sinal no volume que quisesse. Estranho, nada ainda. Cuidadosamente, foi mudando de canal. Nada. Passou para VHF. Nada. Voltou para HF. Não conseguiu pegar nem um boletim meteorológico de rotina, gravado, que era transmitido de Teerã.

Ele era um bom operador de rádio e bem treinado e não demorou a ver qual era o defeito. Uma olhada por uma fenda da porta que dava para o telhado confirmou o fio solto. Filho da puta, pensou. Por que não reparei nisso quando estava lá fora?

Cuidadosamente, ele desligou o rádio e se arrastou para fora. Quando viu que o fio tinha sido arrancado, mas que a ferrugem fora raspada, foi tomado de raiva, depois de excitação. Aqueles filhos da mãe, pensou. Aqueles filhos da mãe hipócritas, McIver e Lochart. Eles deviam estar ouvindo e transmitindo quando eu cheguei. Que diabo estarão tramando?

Consertou o fio rapidamente. Ligou o HF e na mesma hora uma explosão de farsi encheu os seus ouvidos na freqüência da companhia: QG de Teerã falando com Bandar Delam, depois chamando Al Shargaz e Lengeh e a ele, em Kowiss. Algo sobre quatro helicópteros que não tinham ido para onde deveriam. Irã-Toda? Esta não é uma das nossa bases.

— Kowiss, aqui é Bandar Delam, está me ouvindo?

Ele reconheceu a voz de Jahan, falando de Bandar Delam. Automaticamente, seu dedo dirigiu-se para o botão de transmissão e então parou. Não há necessidade de responder ainda, pensou. As ondas da companhia estavam cheias agora, Numir e Jahan de Bandar Delam e Gehani de Teerã, com Siamaki tendo ataques.

— Filho da puta — murmurou, poucos minutos depois, compreendendo tudo.

NOS HELICÓPTEROS PRÓXIMOS DE SIRI: 10:05H. A ilha de Siri propriamente dita ficava um quilômetro à frente, mas antes que Scragger e seu grupo pudessem virar para sudeste em direção à fronteira internacional, tinham que ultrapassar mais três plataformas. Como um maldito campo minado, pensou Scragger. Até agora estamos a salvo. Todos os ponteiros estão no verde e os motores trabalhando bem. Benson, o mecânico, sentado ao seu lado, estava olhando as ondas que passavam bem debaixo deles. Havia estática nos fones. De vez em quando, vôos internacionais comunicavam suas posições ao radar de Kish, que controlava aquela área, e recebiam resposta imediatamente. Pelo interfone, Benson disse:

— Kish está a postos, Scrag.

— Nós estamos abaixo do radar deles. Não esquenta.

— Eu estou preocupado, você não?

Scragger balançou afirmativamente a cabeça. Kish estava a uns vinte quilômetros à direita deles. Olhou para a esquerda e para a direita. Vossi e Willi estavam um de cada lado e ele ergueu o polegar para eles, que responderam, Vossi entusiasticamente.

— Mais vinte minutos e atravessaremos a fronteira — disse Scragger — Do jeito que estamos indo, logo subiremos para duzentos.

— Ótimo. O tempo está melhorando, Scrag — disse Benson. A camada de nuvens acima deles tinha diminuído consideravelmente, a visibilidade continuava a mesma. Com bastante antecedência, eles viram o petroleiro à frente. Scrag e Willi desviaram-se para estibordo com bastante folga, mas Vossi subiu exuberantemente, passando por cima dele e depois desceu, emparelhando com eles

Imediatamente, eles ouviram:

— Aqui é o controle de Kish, helicóptero voando baixo num curso de 225, comunique altura e destinação.

Scragger balançou o aparelho de um lado para o outro para atrair a atenção de Willi e Vossi, apontou para sudoeste e mandou que eles se afastassem, indicando que deveriam continuar voando baixo e se afastar dele. Viu a relutância deles, mas fez um sinal para sudoeste, acenou em despedida e subiu, deixando-os na superfície do mar.

— Fique firme, Benson — disse, com um peso no estômago, então começou a transmitir, movendo o microfone para perto e para longe da boca para simular uma transmissão ruim: — Kish, aqui é o helicóptero HVX, que saiu de Lengeh levando peças para Siri Nove, curso 225. Achei que tinha visto um barco virado, mas não era. — Siri Nove era a plataforma mais distante que eles serviam normalmente, quase na fronteira entre o Irã e os Emirados, que ainda estava sendo construída e não estava equipada com o seu próprio VHF:

— Voltando para duzentos.

— Helicóptero HVX, você está dois por cinco, a sua transmissão está intermitente. Mantenha o curso e comunique quando estiver a duzentos metros. Confirme se foi informado das novas regras para decolar em Lengeh. — A voz do operador com sotaque americano, estava cinco por cinco, ríspida e profissional.

— Sinto muito, Kish, mas este é o primeiro dia depois da licença. — Scragger viu Willi e Vossi desaparecerem na neblina. — Eu preciso solicitar autorização para decolar de Siri Nove depois que tiver pousado lá? Ficarei pelo menos uma hora. — Scragger enxugou o suor. Kish estaria no seu direito se o mandasse descer lá primeiro para dar-lhe uma boa espinafração por ter quebrado o regulamento.

— Afirmativo. Aguarde.

No interfone, Benson disse, inquieto:

— E agora, Scrag?

— Eles devem estar tendo uma pequena conferência.

— O que vamos fazer?

— Depende do que eles fizerem. — Scragger riu e ligou o transmissor.

— Kish, HVX em duzentos metros.

— Kish. Mantenha o curso e a altitude. Aguarde.

— HVX. — Mais silêncio. Scragger estava pesando as alternativas, apreciando o perigo. — Isto é melhor do que pilotar um carregamento de leite, hein, filho? — falou para Benson.

— Para ser sincero, não é não. Se eu pusesse as mãos em Vossi, o faria em pedaços.

Scragger deu de ombros.

— Está feito. Nós poderíamos estar entrando e saindo do radar desde que decolamos. Talvez Qeshemi nos tenha denunciado. — Ele começou a assoviar desafinadamente. Eles já estavam longe da ilha de Siri com a plataforma Siri Nove cinco quilômetros à frente.

— Kish, aqui é HVX — disse Scragger, ainda balançando o microfone.

— Saindo de duzentos para pouso em Siri Nove.

— Negativo, HVX, mantenha-se em duzentos e aguarde. A sua transmissão está intermitente e dois por cinco

— H VX... Kish, por favor, repita, a sua transmissão está truncada. Vou repetir, saindo de duzentos para pouso Siri Nove — Scragger repetiu devagar, continuando a simular problemas de transmissão. Mais uma vez ele sorriu para Benson. — Um truque que aprendi na RAF, meu filho.

— HVX, Kish. Repito, mantenha-se em duzentos e aguarde.

— Kish, o helicóptero está jogando e a neblina está piorando. Passando para 180. Chamarei ao pousar e solicitarei permissão para decolar. Obrigado e bom dia — ele acrescentou, rezando.

— HVX, a sua transmissão está intermitente. Interrompa pouso em Siri Nove. Vire 310 graus, mantenha-se em duzentos e apresente-se em Kish.

Benson ficou branco. Scragger empalideceu.

— Repita, Kish, você está um por cinco.

— Repito, interrompa pouso em Siri Nove, vire 310 graus e apresente-se em Kish. — A voz do operador era calma.

— Roger, Kish, entendido, devemos pousar em Siri Nove e depois nos apresentar em Kish. Descendo para 150 metros para aproximação a pouca altitude, obrigado e bom dia.

— Kish, aqui é JAL Vôo 664 de Deli — entrou no circuito. — Sobrevoando a 12 mil metros em direção ao Kuwait em trezentos. Está me ouvindo?

— JAL 664, Kish. Mantenha curso e altitude. Chame o Kuwait em 118.8, bom dia.