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— Não faça a ligação ainda, escute, por favor, eu imploro... o senhor não vai conseguir evitar que a verdade seja conhecida. Os seus 212 saíram de Bandar Delam com os rapazes. Lengeh está mudo, então deve ter acontecido a mesma coisa lá, Teerã está fechado, só resta esta base e vocês estão preparados para partir. — A voz de Wazari estava estranha e eles não sabiam o que ele estava pensando. — Eu não vou denunciá-los, quero ajudá-los. Juro que quero ajudá-los.

— Ajudar-nos a fazer o quê?

— A fugir.

— Por que você faria isso, mesmo que fosse verdade? — Lochart perguntou zangado.

— O senhor tinha razão em não confiar em mim antes, capitão, mas eu juro por Deus que pode confiar em mim agora, eu estou firme agora, e o senhor é a minha única esperança de escapar. Eu vou ter que comparecer diante do komiteh amanhã e... e olhem para mim, pelo amor de Deus! — Ele exclamou. — Eu estou horrível e a menos que consiga ir a um médico, vou ficar assim para sempre e talvez até morra. Estou com uma pressão aqui, com uma dor horrível — Wazari tocou no nariz quebrado. — Desde que aquele filho da mãe do Zataki me bateu, minha cabeça está doendo e eu estou fora de mim, sei disso, mas posso dar um jeito. Posso dar cobertura a vocês daqui se vocês me levarem, deixem-me en,trar no último helicóptero, eu juro que posso ajudar. — Seus olhos encheram-se de lágrimas. Os dois homens ficaram olhando para ele.

McIver ligou o VHF

— Torre de Kowiss, CHI testando, testando.

Uma longa pausa, depois em inglês com um sotaque carregado:

— Aqui é a torre, CHI, vocês estão cinco por cinco.

— Obrigado. Nós descobrimos o defeito do rádio. O nosso 206 vai partir para Teerã dentro de dez minutos, bem como os nossos vôos para as plataformas Quarenta, Abu Sal e Gordy, transportando peças.

— Certo. Comunique quando estiver no ar. Bandar Delam está tentando entrar em contato com vocês.

McIver começou a suar.

— Obrigado, torre, bom dia. — Ele olhou para Lochart, depois ligou o HF. Imediatamente, eles ouviram a voz de Jahan falando em farsi e Lochart começou a traduzir:

— Jahan está dizendo que a última notícia que tiveram dos helicópteros, eles estavam voando para nordeste, afastando-se da costa... que Zataki — por um instante a sua voz falseou — ... que Zataki havia ordenado que os quatro helicópteros fossem prestar serviço à Irã-Toda e que ele já deve ter chegado lá e que com certeza vai chamar ou mandar algum recado... — Então McIver reconheceu a voz de Siamaki. Lochart estava suando. — Siamaki está dizendo

que ficará fora do ar por cerca de meia hora ou uma hora e que chamará quando voltar, e que ele deve continuar a tentar comunicar-se conosco e com Al Shargaz. Jahan disse que está bem e que se tiver alguma notícia torna a chamar.

Ouviu-se o ruído da estática. Depois a voz de Jahan, falando em inglês:

— Kowiss, aqui é Bandar Delam, está me ouvindo? Lochart murmurou.

— Se a torre está captando tudo isso, por que não estamos todos na cadeia?

— Hoje é sexta-feira. Não há nenhum motivo para eles controlarem a freqüência da companhia. — Wazari enxugou as lágrimas, mais controlado. — A equipe de sexta-feira é mínima. Não há vôos, nada acontece, o komiteh despediu todos os oficiais encarregados do radar e cinco sargentos. Mandou-os para o paredão. — Ele estremeceu e continuou depressa: — Talvez um dos caras tenha ouvido Bandar Delam de vez em quando, então Bandar perdeu contato com alguns dos seus helicópteros, e daí?, eles são estrangeiros e issos acontece o tempo todo. Mas, capitão, se o senhor não tirar do ar Bandar Delam e Teerã agora, eles vão... alguém vai desconfiar. — Ele tirou do bolso um lenço sujo e enxugou um fio de sangue que escorria do seu nariz. — Se o senhor mudar para o seu canal alternativo, estará seguro, a torre não pega esse canal.

McIver olhou-o com atenção.

— Você tem certeza?

— Claro, ouça, por que o senhor não... — Ele parou. Havia passos se aproximando. Sem fazer barulho, ele tornou a se esconder no telhado. Kia parou no meio da escada.

— Por que está demorando tanto, capitão?

— Eu... eu estou esperando que a autorização seja confirmada, ministro. Sinto muito, Mandaram-me esperar. Não posso fazer nada.

— É claro que pode! Nós podemos partir agora mesmo! Estou cansado de esperar.

— Eu também estou, mas não quero que me estourem os miolos. — McIver perdeu a paciência e gritou: — O senhor espere! Espere! Está entendendo? Trate de esperar e se não melhorar seus modos, eu cancelo a viagem e conto ao mulá Hussein sobre um ou dois pishkesh que esqueci de mencionar durante o interrogatório. Agora dê o fora daqui!

Por um momento eles pensaram que Kia fosse explodir, mas ele pensou melhor e foi embora. McIver esfregou o peito, aborrecido por ter perdido a calma. Então fez um sinal na direção do telhado e cochichou:

— Tom, e quanto a ele?

— Nós não podemos deixá-lo para trás. Ele poderia nos denunciar. — Lochart olhou para trás. Wazari estava na porta.

— Eu juro que vou ajudar — ele murmurou, desesperado. — Ouça, quando o senhor decolar com Kia, o que é que o senhor está planejando fazer, enganá-lo, não é? — McIver não respondeu, ainda inseguro. — Jesus, capitão, o senhor precisa confiar em mim. Olhe, chame Bandar Delam no canal alternativo e dê uma bronca em Numir como fez com aquele filho da mãe. Diga a ele que o senhor mandou que todos os helicópteros viessem para cá. Isto vai acalmá-los por uma ou duas horas.

McIver olhou para Lochart. Lochart disse, excitado:

— Por que não? Ora, é uma boa idéia, então você pode partir com Kia... e Freddy pode ir andando. Eu vou esperar aqui e... — Ele parou.

— E o quê, Tom? — disse McIver.

Wazari aproximou-se e ligou o canal alternativo, dizendo rapidamente para Lochart:

— O senhor fica por aqui mais um pouco, capitão, e depois que o capitão McIver tiver partido e Ayre estiver longe daqui, o senhor diz a Numir que tem certeza de que os quatro helicópteros devem ter desligado o HF, uma vez que não há necessidade de usá-lo, e que estão só com o VHF: isso lhe dará uma desculpa para decolar e então o senhor corre para o esconderijo onde está guardado o combustível. — Ele viu o olhar que eles trocaram. — Jesus, capitão, qualquer um sabe que vocês não podem atravessar o golfo sem reabastecer, então devem ter estocado combustível em algum lugar. Ou na praia ou em alguma das plataformas.

McIver respirou profundamente e apertou o botão do transmissor.

— Bandar Delam aqui é o capitão McIver de Kowiss, está me ouvindo?

— Kowiss — Bandar Delam, estamos tentando falar com vocês há horas e...

— Jahan, ponha Numir na linha — McIver disse secamente. Alguns segundos depois Numir atendeu, mas antes que o gerente da IranOil pudesse dizer qualquer coisa, McIver disse: — Onde estão os meus quatro helicópteros? Por que eles não se apresentaram? O que está havendo aí? E por que você é tão ineficiente que não sabe que eu mandei que os meus helicópteros e o meu pessoal viessem para cá?

NO QG DE AL SHARGAZ: ".. .e por que você não se lembrou que foram programadas mudanças de pessoal em Bandar Delam durante o fim-de-semana?"

A voz de McIver estava fraca mas clara no alto-falante, para onde Gavallan, Scot e Manuela olhavam fixamente, horrorizados pelo fato de McIver ainda estar em Kowiss. Será que isto significava que Lochart, Ayre e os outros também estavam lá ainda?

— Mas nós estamos chamando o senhor a manhã toda, capitão — disse Numir, com a voz ainda mais fraca. — O senhor mandou que os nossos helicópteros fossem para Kowiss? Mas por quê? E por que eu não fui informado? Os nossos helicópteros deveriam ter ido para a Irã-Toda hoje de manhã mas não pousaram lá e desapareceram. Aga Siamaki também está tentando comunicar-se com o senhor.

— Houve um defeito no nosso VHF. Agora escute aqui, Numir, eu mandei que os helicópteros viessem para Kowiss. Não aprovei nenhum contrato com a Irã-Toda, não sei nada a respeito de um contrato com a Irã-Toda, e isto é o suficiente. Agora pare de criar uma tempestade num copo d'água!