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Lochart se concentrou no problema.

— Sargento, fale pelo HF um instante, finja ser um mecânico de rádio que está uma fera por terem estragado o seu feriado. Diga-lhes em farsi para calarem a boca, para ficarem fora do nosso canal até que esteja consertado, diga que o maluco do Lochart decolou para se comunicar com quatro helicópteros pelo VHF, que talvez um deles tenha tido uma emergência e os outros ainda estejam no chão com ele. Certo?

— Entendido! — Wazari fez tudo com perfeição. Depois que desligou, segurou a cabeça com as mãos por um momento, cego de dor. Então olhou para Lochart. — O senhor agora confia em mim?

— Sim.

— Eu posso ir com o senhor? Mesmo?

— Sim. — Lochart estendeu a mão. — Obrigado pela ajuda. — Ele tirou fora o cristal da freqüência do HF da companhia, arrebentou e tornou a colocá-lo, depois tirou fora o disjuntor do VHF e guardou-o no bolso. — Vamos.

No escritório, lá embaixo, ele parou um momento.

— Eu vou voar — disse aos três empregados que o olharam estranhamente. — Vou tentar me comunicar com os helicópteros de Bandar no VHF — Os três homens não disseram nada, mas Lochart sentiu que ele^também estavam a par do segredo. Então ele se virou para Wazari. Vejo-o amanhã, sargento.

— Espero que o senhor não precise de mim. Minha cabeça está doendo horrivelmente.

— Vejo-o amanhã. — Lochart andou pelo escritório, consciente da atenção dos outros, para dar tempo a Wazari de sair, rodear o hangar e se esconder no helicóptero. — Quando você sair do escritório estará por sua conta — Lochart tinha dito a ele — eu não vou checar a cabine, vou simplesmente decolar.

— Que Deus nos ajude a todos, capitão

63

NO AEROPORTO DE BAHRAIN: 11:28H. Jean-Luc e Matias Delarne estavam em pé ao lado de uma caminhonete, perto da pista, observando a chegada do 212, protegendo os olhos contra o sol, ainda incapazes de reconhecer o piloto. Matias era um homem baixo e forte, com cabelos escuros e ondulados com metade do rosto marcado por cicatrizes de queimaduras que sofrerá na Argélia.

— É Dubois — ele disse.

— Não, é Sandor. — Jean-Luc acenou, fazendo sinal para ele pousar contra o vento. Assim que os esquis tocaram o solo, Matias correu sob os rotores em direção à porta esquerda da cabine, sem prestar atenção ao que Sandor estava gritando para ele. Ele carregava um pincel e uma lata de tinta de pintar aviões e passou a tinta por cima das letras do registro iraniano logo abaixo da janela. Jean-Luc usou o estêncil que tinha preparado, tinta preta e pincel, depois tirou cuidadosamente o estêncil. Agora o helicóptero era G-HXXI e legal.

Enquanto isso, Matias fora até a cauda e retirara o CHI. Sandor mal teve tempo de tirar o braço do caminho enquanto Jean-Luc pintava entusiasticamente o segundo G-HXXI.

— Voilà! — Jean-Luc devolveu o material a Matias, que foi até a caminhonete e guardou-o debaixo de uma lona enquanto Jean-Luc apertava a mão de Sandor Petrofi e lhe contava sobre Rudi e Kelly e perguntava sobre Dubois.

— Não sei, meu velho — disse Sandor. — Depois da confusão — ele explicou sobre o quase acidente —, Rudi mandou que continuássemos cada um por si. Eu não tornei mais a vê-los. Eu fiz o possível para poupar gasolina, fiquei pertinho das ondas e rezei. Há quase dez minutos que estou no vazio, com as luzes vermelhas acesas. E quanto aos outros?

— Rudi e Kelly pousaram na praia de Abu Sabh. Rod Rodrigues está cuidando deles. Nada ainda sobre Scrag, Willi e Vossi, mas Mac ainda está em Kowiss.

— Jesus!

— Oui, junto com Freddy e Tom Lochart, pelo menos estavam lá há dez ou quinze minutos atrás. — Jean-Luc virou-se para Matias que se juntou a eles. — Você está sintonizado com a torre?

— Sim, não há problemas.

— Matias Delarne, Sandor Petrofi, Johnson, nosso mecânico^ Eles se cumprimentaram e trocaram um aperto de mão.

— Como foi a viagem... merde, é melhor não me contar — Matias acrescentou, depois que viu o carro se aproximando. — Encrenca — avisou.

— Fique na cabine de comando, Sandor — ordenou Jean-Luc. — Johnson, volte para a cabine.

O carro estava marcado OFICIAL e parou a uns vinte metros do 212. Dois bahrani saltaram, um capitão uniformizado da Imigração e um oficial da torre, o último usando uma longa veste branca e turbante, preso com um cordão preto. Matias foi até eles.

— Bom dia, Sayyid Yusuf, Sayyid Bin Ahmed. Este é o capitão Sessonne.

— Bom dia — ambos responderam educadamente e continuaram a observar o 212. — E o piloto?

— Capitão Petrofi. Sr. Johnson, um mecânico, está na cabine. — Jean-Luc sentiu-se mal. O sol estava realçando a pintura nova, mas não a velha, e o final do /tinha um resto de preto em cada ponta. Ele esperou pela pergunta inevitáveclass="underline"

— Qual foi o seu ponto de partida? — E então a sua resposta despreocupada:

— Basra, Iraque — como o lugar menos impossível. Mas seria tão simples checar a informação, e nem seria preciso checar, bastava passar o dedo na pintura nova para encontrar as letras que estavam por baixo. Matias estava igualmente nervoso. É fácil para Jean-Luc, pensou, ele não mora aqui, não tem que trabalhar aqui.

— Quanto tempo o G-HXXI vai ficar aqui, capitão? — O oficial da Imigração perguntou. Ele era um homem de cara raspada e olhos tristes.

Jean-Luc e Matias gemeram por dentro pela ênfase com que ele pronunciou as letras.

— Ele deve partir para Al Shargaz imediatamente, Sayyid — disse Matias —, para Al Shargaz, imediatamente, assim que tiver reabastecido. E também os outros que, ahn, ficaram sem gasolina.

Bin Ahmed, o oficial da torre, suspirou.

— É muita falta de planejamento ficar sem gasolina. Eu me pergunto o que aconteceu com os trinta minutos legais de reserva.

— O, ahn, o vento de proa, eu acho, Sayyid.

— Está muito forte hoje, é verdade. — Bin Ahmed olhou na direção do golfo, visibilidade de cerca de um quilômetro. — Um 212 aqui, dois na nossa praia, e o quarto... O quarto lá fora. — Ele tornou a olhar para Jean-Luc. — Talvez ele tenha voltado ao... ao ponto de partida.

Jean-Luc deu um sorriso amável.

— Eu não sei, Sayyid Bin Ahmed — respondeu cuidadosamente, querendo acabar com aquele jogo de gato e rato, querendo reabastecer e proceder a uma busca de meia hora.

Mais uma vez os dois homens olharam para o helicóptero. Agora o rotor tinha parado. As lâminas vibravam no vento. Aparentando naturalidade, Bin Ahmed tirou um telex do bolso.

— Nós acabamos de receber isto de Teerã, Matias, sobre alguns helicópteros que estão desaparecidos — disse gentilmente. — Do controle de tráfego aéreo de Teerã. Ele diz: "Por favor esteja atento a alguns dos nossos helicópteros que foram exportados ilegalmente de Bandar Delam. É favor apreendê-los, prender os que estiverem a bordo, informar a nossa embaixada mais próxima que providenciará a deportação imediata dos criminosos e o repatriamento do nosso equipamento." — Ele tornou a sorrir e entregou-lhe o telex. — Curioso, não?

— Muito — disse Matias. Ele leu o telex, olhou-o com um olhar parado, e depois devolveu-o a Bin Ahmed.

— Capitão Sessonne, o senhor já esteve no Irã?

— Sim, sim, já.

— Terrível, todas aquelas mortes, toda a inquietação, toda a matança. Muçulmanos matando muçulmanos. A Pérsia sempre foi diferente, sempre causou problemas para os outros que vivem no golfo. Chamando o nosso golfo de golfo Pérsico, como se nós, deste lado, não existíssemos — Bin Ahmed falou com naturalidade. — O xá não chegou até a declarar que a nossa ilha era iraniana só porque há três séculos atrás os persas nos conquistaram por alguns anos, nós que sempre fomos independentes?

— Sim, mas ele, ahn, abriu mão deste direito.

— Ah, sim, sim, isto é verdade, e ocupou as ilhas cheias de petróleo de Tums e Abu Musa. Os governantes da Pérsia são muito dominadores, muito estranhos, sejam quem forem, venham de onde vierem. É um sacrilégio colocar mulás e aiatolás entre o homem e Deus, não?