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— Eles, ahn, eles têm a sua filosofia de vida — disse Jean-Luc — assim como os outros povos.

Bin Ahmed olhou para a mala da caminhonete. Jean-Luc viu a ponta do cabo do pincel saindo de debaixo da lona.

— Tempos perigosos esses que estamos vivendo aqui no golfo. Muito perigosos. Os soviéticos ateus cada dia mais próximos, vindos do norte, mais marxistas ateus ao sul, no Iêmen, armando-se a cada dia que passa, todos de olhos em nós e na nossa riqueza, e no Islã. Só o Islã se coloca entre eles e o domínio do mundo.

Matias teve vontade de dizer: E quanto à França e, é claro, à América? Mas em vez disso, ele disse:

— O Islã nunca fracassará. Nem os Estados do golfo, se estiverem vigilantes.

— Concordo, se Deus ajudar. — Bin Ahmed sorriu para Jean-Luc.

— Aqui na nossa ilha nós temos que estar muito vigilantes contra todos os que desejam nos causar problemas. Não?

Jean-Luc concordou com a cabeça. Ele estava achando difícil não olhar para o telex na mão do homem; se Bahrain tinha recebido um, o mesmo deveria ter sido passado para todas as torres deste lado do golfo.

— Com a ajuda de Deus, nós venceremos.

O oficial da Imigração balançou a cabeça amavelmente.

— Capitão, eu gostaria de ver os documentos do piloto e os do mecânico. E falar com eles, por favor.

— É claro, imediatamente — Jean-Luc foi até Sandor.

— Teerã passou um telex para eles estarem atentos a helicópteros com registros iranianos — murmurou apressadamente e Sandor ficou pálido.

— Não é preciso entrar em pânico, mon vieux, apenas mostre o seu passaporte para o funcionário da Imigração, não forneça nenhuma informação, você também, Johnson, e não se esqueçam de que vocês são G-HXXI, vindos de Basra.

— Mas, Jesus — Sandor gemeu — nós teríamos que ter carimbos de Basra, Iraque, e eu tenho carimbos iranianos em quase toda página.

— Você esteve no Irã, e daí? Comece a rezar, mon brave, vamos. O funcionário da Imigração pegou o passaporte americano. Estudou minuciosamente a fotografia, comparou-a com Sandor que tirou os óculos escuros, depois devolveu-o sem folheá-lo.

— Obrigado — ele disse e aceitou o passaporte britânico de Johnson. Mais uma vez o olhar atento só para a fotografia. Bin Ahmed deu um passo em direção ao helicóptero, Johnson tinha deixado a porta da cabine aberta.

— O que há a bordo?

— Peças de reposição — Sandor, Johnson e Jean-Luc disseram ao mesmo tempo.

— Vocês terão que passar pela alfândega. Matias disse educadamente:

— Na verdade ele está em trânsito, Sayyid Yusuf, e vai partir assim que reabastecer. Talvez fosse possível permitir que ele assinasse o formulário de trânsito, desde que ele não descarregue nada e não carregue nem armas, nem drogas nem munição. — Ele hesitou. — Eu posso garantir isto, se for de algum valor.

— A sua presença é sempre valiosa, Sayyid Matias — disse Yusuf. Estava quente na pista e cheio de poeira, e ele espirrou, pegou um lenço e assoou o nariz, depois dirigiu-se a Bin Ahmed, que ainda estava com o passaporte de Johnson na mão. — Suponho que para um avião britânico em trânsito isto seria correto, mesmo para os outros dois que estão na praia, não?

O homem da torre virou as costas para o helicóptero.

— Por que não? Quando os outros dois chegarem, nós os poremos aqui, Sayyid capitão Sessonne. O senhor traz o caminhão-tanque até aqui e nós autorizamos que eles partam para Al Shargaz assim que estiverem com os tanques cheios. — Mais uma vez ele olhou em direção ao mar e os seus olhos escuros mostraram a sua preocupação. — E o quarto, quando vai chegar? Presumo que também tenha um registro britânico.

— Sim, sim, tem — respondeu Jean-Luc, dando-lhe o novo registro, — Com... com sua permissão, os três voarão por meia hora, procurando o outro, e depois irão para Al Shargaz. — Vale a pena tentar, pensou, cumprimentando os dois homens com charme gaulês quando eles se afastaram, ainda sem acreditar no milagre daquela trégua temporária.

Ou eles estavam cegos ou não quiseram ver. Eu não sei, não sei, mas agradeço a Nossa Senhora por nos proteger mais uma vez.

— Jean-Luc, é melhor você telefonar para Gavallan e contar-lhe sobre o telex — disse Matias.

 

PERTO DA COSTA DE AL SHARGAZ: Scragger e Benson estavam de olho nos mostradores de óleo e pressão do motor número um. As luzes de alerta estavam acesas, o marcador de temperatura no máximo, em cima do vermelho, a pressão do óleo caindo, quase a zero. Agora eles voavam a duzentos metros, com tempo bom mas nublado, já tendo passado pela fronteira, com Siri e Abu Musa atrás deles e Al Shargaz bem à frente. A torre estava três por cinco nos seus fones, dirigindo o tráfego.

— Eu vou desligá-lo, Benson.

— Sim, é melhor não arriscar.

O barulho diminuiu e o helicóptero desceu trinta metros mas, quando Scragger aumentou a força do motor número dois e fez as correções necessárias, ele manteve a altitude. Ainda assim, os dois homens estavam inquietos.

— Não há nenhum motivo para isso, Scrag. Eu mesmo chequei os motores há poucos dias. Como estamos indo?

— Muito bem. Já estamos perto. Benson estava muito preocupado.

— Há algum lugar em que pudéssemos descer numa emergência? Bancos de areia? Uma plataforma?

— Claro, claro que sim. Uma porção. — Scragger mentiu, atentando para o perigo com olhos e ouvidos, mas não percebendo nenhum. — Você está ouvindo alguma coisa?

— Não, não... nada. Maldição, eu estou ouvindo cada virada do motor.

— Eu também. — Scragger riu. — Nós não deveríamos chamar Al Shargaz?

— Temos tempo de sobra para isto, meu filho. Eu estou esperando por Vossi ou Willi. — Eles continuaram voando e cada pequena turbulência ou mudança no barulho do motor, ou tremor de um ponteiro, aumentava-lhes a preocupação.

— Quanto tempo falta ainda, Scrag? — Benson adorava motores mas detestava voar, especialmente em helicópteros. Sua camisa estava molhada de suor.

Então eles ouviram a voz de Willi:

— Al Shargaz, aqui é EP-HBB se aproximando junto com EP-HGF a duzentos, curso 140 graus. ETA 12 minutos — e Scragger gemeu e prendeu a respiração, pois Willi tinha automaticamente fornecido os registros iranianos completos, quando eles tinham concordado em ver se poderiam dar apenas as últimas letras. A voz do controlador, falando em inglês, chegou até eles alta e clara:

— Helicóptero chamando Al Shargaz, sabemos que vocês estão em trânsito, se aproximando em 140 e, ahn, a sua transmissão não estava boa. Por favor confirme se vocês são, ahn, G-HYYR e G-HFEE. Repito: GolfHotel-YankeeYankeeRomeu e GolfHotelFoxtrotEchoEcho.

Cheio de excitação, Scragger deu um grito de alegria.

— Eles estão nos esperando!

A voz de Willi estava hesitante e a temperatura de Scragger subiu vinte pontos:

— Al Shargaz, aqui é... G-HY... YR.— então Vossi interrompeu excitadamente:

— Al Shargaz, aqui é GolfHotelFoxtrotEchoEcho e GolfHotelYankeeYan-keeRomeu, ouvindo alto e claro; estaremos com vocês dentro de dez minutos e pedimos autorização para aterrissar na pista norte, por favor informe à S-G.

— Certamente, G-HFEE — disse o controlador e Scragger percebeu claramente o alívio do homem — podem descer na pista norte e por favor chamem a S-G em 117.7. Bem-vindos! Bem-vindos a Al Shargaz, mantenham curso e altitude.

— Sim senhor! Sim senhoooor, 117.7 — disse Vossi. Imediatamente, Scragger mudou para o mesmo canal e mais uma vez ouviu a voz de Vossi:

— Sierra Um, aqui é HFEE e HYYR, está me ouvindo?