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— Sim. Vejo-a mais tarde, querida, não, eu estou bem, você fica para ajudar se for preciso falar farsi. Obrigado — então ele olhou pela janela. — Ei, olhem lá!

Por um instante eles esqueceram todas as preocupações. O Concorde Londres—Bahrain estava taxiando na pista, preparando-se para decolar. Velocidade de cruzeiro, dois mil e quatrocentos quilômetros por hora a 23 mil metros, sete mil quilômetros de distância em três horas e vinte minutos.

— Este deve ser o pássaro mais lindo que existe — disse Starke ao sair.

— Eu adoraria viajar nele ao menos uma vez na vida — suspirou Manuela.

— É a única maneira de se viajar — Scot disse secamente. — Ouvi dizer que vão suspender este vôo no ano que vem. — Ele estava atento, controlando Willi, Scragger e Vossi, até agora nenhum problema com eles. Do seu lugar, ele podia ver o caminhão com Nogger, mecânicos, tinta e estênceis dirigindo-se para a pista de helicópteros, onde já havia um carro de bombeiros parado.

— São uns imbecis — disse Gavallan, falando para disfarçar a sua crescente ansiedade, vigiando com os olhos os aviões que chegavam. — O maldito governo não sabe distinguir entre o seu rabo e um buraco no chão, e os franceses a mesma coisa. Eles deviam cancelar os custos de pesquisa e desenvolvimento. Aliás, eles na realidade já não existem, então o Concorde seria um negócio perfeitamente viável para certas finalidades e de um valor inestimável. Los Angeles, Japão, Austrália, Buenos Aires, seria perfeito... Alguém está vendo os nossos pássaros?

— A torre está em melhor posição, papai. — Scot sintonizou na freqüência da torre. — Concorde 001, você é o próximo a decolar. Bon voyage — estava dizendo o controlador. — Quando estiver no ar, chame Bagdá em 119.9.

— Obrigado, 119.9. — O Concorde moveu-se orgulhosamente, consciente de que todos os olhos estavam voltados para ele.

— Francamente, vale a pena olhar para ele.

— Torre, aqui é Concorde 001. Para que o carro de bombeiros?

— Temos três helicópteros descendo na pista norte, um deles está só com um motor...

NA TORRE DE CONTROLE: — ...você gostaria que os desviássemos até o final da decolagem? — perguntou o controlador. Seu nome era Sinclair e ele era inglês, ex-oficial da RAF, como muitos dos controladores em ação no golfo.

— Não, não, obrigado, foi só curiosidade.

Sinclair era um homem baixo, forte, careca e estava sentado numa cadeira giratória atrás de uma escrivaninha baixa, com uma vista panorâmica. Trazia um binóculo pendurado no pescoço. Ele colocou o binóculo e focalizou-o. Agora podia ver os três helicópteros numa formação em V. Mais cedo ele tinha localizado o que estava com o motor quebrado na ponta do V — ele sabia que era Scragger, mas fingiu que não sabia. Em volta dele, na torre, havia uma abundância de radares de primeira qualidade, equipamentos de comunicação, telex, três estagiários e um controlador originários de Al Shargaz. O controlador estava concentrado na tela do seu radar, posicionando os outros seis aviões que se encontravam dentro do sistema.

Sem perder de vista os helicópteros, Sinclair ligou o transmissor:

— HSVT, aqui é a torre, como vai indo?

— Torre, HSVT. — A voz de Scragger era clara e precisa. — Nenhum problema. Tudo no Verde. Estou vendo o Concorde se aproximando para decolar. Você quer que eu espere ou vá mais depressa?

— HSVT, continue a sua aproximação em segurança máxima. Concorde, posicione-se e espere. — Sinclair chamou um dos estagiários do controle de terra: — Mohammed, assim que o helicóptero pousar, você se encarrega dele, certo?

— Sim, Sayyid.

— Você está em contato com o carro de bombeiros?

— Não, Sayyid.

— Então faça isso depressa! É responsabilidade sua. — O rapaz começou a se desculpar. — Não se preocupe, você cometeu um erro, só isto, agora ande logo!

Sinclair ajustou melhor o foco. Scragger estava a vinte metros do solo, numa aproximação perfeita.

— Mohammed, diga ao motorista do carro de bombeiros para andar logo. Vamos, pelo amor de Deus, aqueles idiotas deveriam estar com a mangueira de espuma preparada.

Ele ouviu o jovem controlador xingar os bombeiros, depois viu-os sair do carro e preparar a mangueira. Mais uma vez ele focalizou o binóculo no Concorde que estava esperando pacientemente, alinhado no centro da pista, pronto para decolar, sem correr nenhum risco, mesmo que os três helicópteros explodissem ao mesmo tempo. Reter o Concorde por trinta segundos por causa de uma chance contra um milhão de que a turbulência causada pela decolagem pudesse causar um pequeno turbilhão, prejudicando o helicóptero avariado, era um preço bem pequeno. Turbilhão. Deus do céu!

O boato de que a S-G ia tentar uma fuga ilegal do Irã vinha se espalhando pelo aeroporto há dois dias. O seu binóculo foi do Concorde para o helicóptero de Scragger. Os esquis tocaram o solo. Os bombeiros se aproximaram. Não houve nenhum incêndio.

— Concorde 001, tem licença para decolar — ele disse calmamente. — HFEE e HYYR, podem pousar quando for conveniente. Pan Am 116, tem permissão para pousar, pista 32, vento de vinte nós em 160.

Atrás dele, o telex começou a transmitir. Ele parou um momento, observando o Concorde decolar, admirando a sua força e o seu ângulo de subida, depois tornou a se concentrar em Scragger, evitando deliberadamente prestar atenção nas figuras abaixadas sob os rotores com tinta e estênceis. Um outro homem, Nogger Lane, que seguindo as instruções de Gavallan tinha-lhe informado sobre o que iria acontecer — embora ele já soubesse há muito tempo — estava mandando embora o carro de bombeiros. Scragger estava vomitando de um lado e o outro homem, ele presumiu que fosse o segundo piloto, urinava abundantemente. Os outros dois helicópteros pousaram. Os pintores correram na direção deles. Que diabo eles estão fazendo agora?

— Ótimo — ele murmurou — nem fogo nem confusão.

— Sayyid Sinclair, acho que o senhor deveria ler este telex.

— O quê? — Distraidamente, ele olhou para o rapaz que estava tentando desajeitadamente usar o binóculo de reserva para olhar os helicópteros. Bastou um olhar para o telex. — Mohammed, você esta com o binóculo ao contrário.

— Sayyid? — O rapaz ficou perplexo.

Sinclair apanhou o binóculo, tirou-o do foco e devolveu-o ao contrário.

— Focalize-o nos helicópteros e diga-me o que está vendo. O rapaz levou alguns instantes para centrar a imagem.

— Eles estão tão longe que eu não consigo vê-los direito.

— Interessante. Sente-se aqui na minha cadeira por um momento. — Todo orgulhoso, o rapaz obedeceu. — Agora chame o Concorde e peça a posição dele.

Os outros estagiários ficaram cheios de inveja e esqueceram todo o resto. Os dedos de Mohammed tremiam de excitação ao segurarem o transmissor.

— Concorde, aqui... aqui é a torre de Bahrain. A sua posição, por favor.

— Torre, 001, passando de 12 mil para 22 mil, Mach 1.3 para Mach 2. Dois mil e quatrocentos quilômetros por hora, rumo 290, abandonando a sua área neste momento.

— Obrigado, Concorde, bom dia. Oh, chame Bagdá em 119.9, bom dia!

— Ele disse, radiante, e na hora certa Sinclair apanhou o telex ostensivamente e franziu a testa.

— Helicópteros iranianos? — Ele entregou o binóculo de reserva ao rapaz.

— Você está vendo algum helicóptero iraniano por aqui?

Depois de examinar com muito cuidado os três helicópteros estrangeiros que tinham acabado de pousar, o rapaz sacudiu a cabeça.

— Não, Sayyid, aqueles são britânicos, todos os outros que estão aqui nós sabemos que são shargazi.

— Perfeitamente correto. — Sinclair estava com a testa franzida. Ele tinha visto que Scragger estava caído no chão com Lane e alguns dos outros em pé em volta dele. Isto não é típico de Scragger, ele pensou. — Mohammed, mande com urgência uma ambulância para onde estão os helicópteros britânicos. — Depois ele apanhou o telefone e discou: — Sr. Gavallan, os seus pássaros desceram sãos e salvos. Quando o senhor tiver um momento pode vir até aqui?