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Hakim disse friamente:

— Mesmo que eles tenham feito isso, não tem nada a ver com Erikki. Ele não fez nada de errado.

— Nós não sabemos ao certo. Alteza. A Savama acha que talvez ele soubesse da conspiração. Ela tem que ter sido planejada há algum tempo, porque há três bases envolvidas: Lengeh, Bandar Delam e Kowiss, bem como o escritório central deles em Teerã. A Savama está agitadíssima porque foram informados de que uma grande quantidade de peças valiosas foi retirada também. Não..

— Informados por quem?

— Pelo diretor executivo, Siamaki. E o que é ainda mais sério, todo o pessoal estrangeiro da CHI, pilotos, mecânicos e funcionários, também desapareceram. Todos eles, portanto trata-se de uma conspiração. Parece que ontem havia cerca de vinte deles em todo o Irã, na semana passada havia quarenta, hoje não há nenhum. Não há mais nenhum empregado estrangeiro da S-G, ou melhor, da CHI, em todo o Irã. Exceto o capitão Yokkonen.

Imediatamente, Hakim percebeu a importância de Erikki e xingou a si mesmo por permitir que o seu rosto o denunciasse quando Hashemi disse jovialmente:

— Ah, sim, é claro que o senhor percebe isso! A Savama me disse que mesmo que o capitão seja inocente de cumplicidade na conspiração, ele é o único trunfo de que dispomos para convencer os líderes e criminosos, Gavallan e McIver, e certamente o governo britânico que deve ter tomado parte na traição, a devolver os nossos helicópteros, as nossas peças, a pagar uma indenização bem grande e voltar para o Irã para ir ao julgamento por crimes contra o Islã.

Hakim Khan mudou de posição nas almofadas, com a dor nas costas voltando e querendo gritar de raiva porque toda aquela dor e aquela angústia tinham sido desnecessárias, e agora, incapaz de ficar em pé sem sentir dor, ele poderia ficar lesado para sempre. Deixe isto para mais tarde, disse a si mesmo severamente, e trate de lidar com este filho de um cão perigoso que está sentado ali pacientemente como se fosse um vendedor de tapetes preciosos que tivesse apresentado os seus preços e estivesse esperando pelo início das negociações. Se eu quiser comprar.

Para tirar Erikki desta armadilha, eu terei que dar a este cão um pishkesh pessoal, de valor para ele e não para a Savama, que Deus os amaldiçoe seja que nome tenham. O quê? no mínimo Petr Oleg Mzytryk. Eu poderia entregá-lo para Hashemi sem pestanejar, se ele vier e quando vier. Ele virá. Ontem Ahmed mandou chamá-lo em meu nome — como estará passando Ahmed, será que a operação correu bem? Espero que o idiota não morra; eu poderia usar um pouco mais os seus conhecimentos. Que burrice deixar-se apanhar desprevenido, que burrice! Sim, ele é um burro, mas este cão não é. Dando-lhe Mzytryk de presente, mais ajuda no Azerbeijão e com a promessa de uma amizade futura, eu posso tirar Erikki da armadilha. Mas por que o faria?

Porque Azadeh o ama? Infelizmente ela é irmã do khan de todos os Gorgons e isto é um problema do khan não do irmão.

Erikki é um risco para mim e para ela. Ele é um homem perigoso, com as mãos manchadas de sangue. Os nativos, sejam curdos ou não, vão buscar vingança, provavelmente. Ele sempre foi uma escolha errada embora tenha-lhe trazido muita alegria e ainda lhe proporcione felicidade — mas nenhum filho — e agora ele não pode ficar no Irã. Impossível. Não há jeito dele ficar. Eu não poderia comprar dois anos de proteção para ele e Azadeh jurou por Deus que ficaria aqui pelo menos dois anos — como meu pai foi esperto em me dar poder sobre ela. Se eu tirar Erikki da armadilha, ela não poderá ir com ele. Em dois anos muita coisa pode acontecer. Mas se ele não serve para ela, por que livrá-lo? Por que não deixá-los levar Erikki para se vingarem de uma traição? É traição roubar a nossa propriedade.

— Esta é uma questão séria demais para responder imediatamente — disse.

— Não há nada para o senhor responder, Alteza. Só para o capitão Yokkonen. Eu presumo que ele ainda está aqui.

— O doutor ordenou que ele descansasse.

— Talvez o senhor pudesse mandar chamá-lo, Alteza.

— É claro. Mas um homem da sua importância e da sua cultura deve saber que há regras de honra e hospitalidade no Azerbeijão e na minha tribo. Ele é meu cunhado e até mesmo a Savama entende a honra familiar. — Os dois homens sabiam que esta era apenas uma abertura numa delicada negociação, delicada porque nenhum dos dois queria a maldição da Savama sobre suas cabeças, nenhum dos dois sabia ainda onde poderia chegar, nem mesmo se algum acordo particular era desejado. — Eu presumo que muitos saibam desta... desta traição?

— Só eu aqui em Tabriz, Alteza, no momento — Hashemi disse imediatamente, esquecendo-se convenientemente de Armstrong, a quem ele havia sugerido este telex forjado naquela manhã:

— Não há nenhuma maneira daquele filho de um cão do Hakim saber que não é verdadeiro, Robert. — Ele tinha dito, encantado com a sua esperteza. — Ele vai ter que negociar. Nós trocamos o finlandês por Mzytryk e isto não vai nos custar nada. Aquele finlandês sanguinário pode partir ao pôr-do-sol quando nós conseguirmos o que queremos. Até lá nós o manteremos preso.

— Digamos que Hakim Khan não concorde, não queira ou não possa entregar Mzytryk?

— Se ele não quiser negociar, nós agarramos Erikki de qualquer maneira. O Turbilhão vai vazar logo e eu posso usar Erikki para todo tipo de concessões. Ele é refém de pelo menos 15 milhões de dólares em helicópteros... ou talvez eu o ofereça aos nativos como uma oferenda de paz... O fato dele ser finlandês ajuda. Eu poderia ligá-lo intimamente com Rakoczy e à KGB e causar aos soviéticos todo tipo de problemas, bem como à CIA, hein? Até mesmo ao M16, hein?

— A CIA nunca fez mal algum a você. Nem o M16.

— Insha'Allah! Não se meta nisto, Robert. Erikki e o khan são uma questão interna do Irã. Para o seu próprio bem, não se meta. Com o finlandês eu posso conseguir concessões importantes. — Mas importantes só para mim, Robert, não para a Savama, tinha pensado Hashemi, sorrindo para si mesmo. Amanhã ou depois nós voltaremos para Teerã e então os meus assassinos vão caçá-lo na calada da noite e aí, puf, você se apagará como uma vela. — Ele vai entregá-lo — disse calmamente.

— Se Hakim desistir de Erikki, ele vai agüentar o diabo da irmã, eu acho que ela iria até o fim por ele.

— Talvez ela tenha que fazê-lo.

Hashemi recordou a alegria que sentira e agora foi ainda melhor. Ele podia ver a inquietação de Hakim e estava certo de que ele estava num beco sem saída.

— Tenho certeza de que o senhor compreenderá, Alteza, eu tenho que responder rapidamente a este telex.

Hakim decidira fazer uma oferta parcial.

— Traição e conspiração não devem ficar sem punição. Seja onde for. Eu mandei chamar o traidor que o senhor deseja. Com urgência.

— Ah. Quanto tempo levará para Mzytryk responder?

— Você deveria saber melhor do que eu, não?

Hashemi percebeu o seu aborrecimento e xingou-se por ter cometido este deslize.

— Eu ficaria estarrecido se Vossa Alteza não obtivesse uma resposta com muita rapidez — disse com grande gentileza. — Com muita rapidez.

— Quando?

— Dentro de 24 horas, Alteza. Pessoalmente ou por mensageiro. — Ele viu o jovem khan se mexer cheio de dor e tentou decidir se deveria adiar ou insistir na sua vantagem, certo de que a dor era verdadeira. O médico fornecera-lhe um diagnóstico detalhado das possíveis contusões do khan e de sua irmã. Para cobrir qualquer eventualidade, ele mandara o médico dar a Erikki um sedativo bem forte aquela noite, caso o homem tentasse escapar.

— As 24 horas terminam às sete horas desta noite, coronel.

— Há tanto o que fazer em Tabriz, Alteza, seguindo o seu conselho desta manhã, que eu duvido que pudesse tratar do telex antes disso.