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— Ah, é? É a primeira vez que estou ouvindo falar nisto, como as pessoas são mentirosas!

— É verdade, que coisa horrível! Outros fofoqueiros maldosos afirmam que o casamento será na próxima semana e que o seu... e que o futuro marido está se gabando de ter tapeado Meshang no dote.

— Alguém tapear Meshang? Tem que ser mentira!

— Eu sabia que os boatos eram falsos! Eu sabia! Como você poderia casar-se com Diarréia Danoush, xá do lixo da noite? Como você poderia? — E sua amiga tinha dado boas gargalhadas. — Pobre querida, para que lado você iria virar-se?

— Que importância tem isso? — Meshang berrara com ela. — Elas estão é com inveja! O casamento vai se realizar, e hoje à noite nós vamos recebê-lo para jantar.

Talvez sim, talvez não, ela pensou. Talvez o jantar não seja como eles estão esperando.

Mais uma vez ela verificou o caminho, com os joelhos fracos. Ela estava indo para o apartamento do amigo dele, não muito longe dali. Lá ela encontraria a chave secreta no nicho do andar de baixo, entraria, olharia debaixo do tapete do quarto e levantaria o assoalho como o vira fazer. Então ela apanharia a pistola e a granada — Deus seja louvado pelo chador para escondê-las e ajudar-me a ficar disfarçada — depois ela poria no lugar a tábua do assoalho e o tapete e voltaria para casa. Estava quase sem fôlego de excitação. Ibrahim vai ter orgulho de mim, indo à luta por Deus, para me sacrificar por Deus. Ele não foi para o sul lutar contra o mal e se sacrificar da mesma maneira? É claro que Deus vai perdoar as suas bobagens esquerdistas.

Como ele foi esperto de me mostrar como tirar a trava de segurança e armar o revólver e segurar a granada, puxar o pino e depois atirá-la sobre os inimigos do Islã, gritando Deus é Grande, Deus é Grande... e depois atacando-os, atirando neles, sendo levada para o paraíso, esta noite mesmo se eu puder, amanhã no máximo, com a cidade toda dizendo que os estudantes esquerdistas começaram a sua insurreição. Nós os arrasaremos, meu filho e eu, nós o faremos, soldados de Deus e do profeta, cujo nome seja louvado, nós o faremos!

Deus é Grande, Deus é Grande... Puxe o pino e conte até quatro e atire, eu me lembro exatamente do que ele disse.

KUWAIT — NO HELIPORTO DO HOTEL MESSALI BEACH: 17:35H. McIver e Pettikin estavam olhando para os dois homens da Alfândega e da Imigração, o primeiro examinando impassivelmente os papéis do helicóptero, o outro a cabine do 212. Até agora a inspeção deles fora superficial, embora demorada. Eles tinham recolhido todos os passaportes e documentos dos helicópteros, mas tinham dado apenas uma olhada superficial neles e perguntado a McIver a opinião dele a respeito da situação no Irã. Eles ainda não haviam perguntado diretamente de onde os helicópteros tinham vindo. Iriam perguntar a qualquer momento, pensavam McIver e Pettikin, nervosos.

McIver pensara em deixar Wazari escondido, mas resolvera não correr o risco.

— Sinto muito, sargento, você vai ter que arriscar.

— Quem é ele? — O homem da Imigração perguntou imediatamente, a cor e o medo de Wazari denunciando-o.

— Um operador de rádio e radar — disse McIver, com naturalidade. O funcionário tinha-se afastado e deixara Wazari lá em pé, suando, vestido com o pesado macacão de plástico e o colete de salva-vidas fechado até a metade.

— Então, capitão, o senhor acha que vai haver um golpe no Irã, um golpe militar?

— Eu não sei — tinha respondido McIver. — Os boatos se espalham como pragas. Os jornais ingleses dizem que é possível, muito possível, e também que o Irã está tomado por uma espécie de loucura, como o Terror da Revolução russa ou francesa. Posso mandar os nossos mecânicos verificarem tudo enquanto esperamos?

— É claro. — O homem esperou enquanto McIver dava as ordens, e depois disse: — Vamos esperar que esta loucura não se espalhe pelo golfo, hein? Ninguém quer problemas deste lado do golfo Islâmico. — Ele usou a expressão de propósito, uma vez que todcs os Estados do golfo detestavam o termo golfo Pérsico. — Este é o golfo Islâmico, não é?

— Sim, sim, é.

— Todos os mapas terão que ser mudados. O golfo é o golfo, o Islã é o Islã e não pertence apenas à seita xiita.

McIver não disse nada, ficando mais cauteloso e mais inquieto. Havia muitos xiitas no Kuwait e na maioria dos Estados do golfo. Muitos. Geralmente eles eram os pobres. Os governantes, os xeques, eram geralmente sunitas.

— Capitão! — O funcionário da Alfândega estava na porta da cabine do 212 estacionado no heliporto, chamando-o. Ayre e Wazari tinham recebido instruções para esperar longe dos helicópteros até que a inspeção tivesse terminado. Os mecânicos estavam ocupados checando os aparelhos. — Vocês estão carregando armas de qualquer tipo?

— Não, senhor; a não ser a pistola de sinalização aprovada pelo regulamento.

— Contrabando de algum tipo?

— Não, senhor, só peças de reposição. — Todas as perguntas normais, intermináveis, que seriam repetidas assim que eles fossem liberados para ir para o aeroporto. Finalmente, o homem agradeceu e fez sinal para ele se afastar. O funcionário da Imigração tinha voltado para o carro com os passaportes. O transmissor de rádio ficara ligado, e McIver pôde ouvir claramente o controle de terra. Ele viu o homem cocar a barba Pensativamente e depois apanhar o microfone e falar em árabe. Isso aumentou a sua preocupação. Genny estava sentada na sombra e ele foi até ela.

— Cabeça erguida — ela murmurou. — Como vai indo?

— Gostaria muito que eles nos deixassem prosseguir — disse McIver, irritado. — Nós vamos ter que aturar mais uma hora disto no aeroporto e eu não tenho a menor idéia do que fazer.

— Charlie tem...

— Capitão! — O homem da Imigração o chamava e a Pettikin para irem até o carro. — Então o senhor está em trânsito, não é?

— Sim. Para Al Shargaz. Com a sua permissão, nós partiremos imediatamente — disse McIver. — Iremos até o aeroporto, preencheremos o nosso plano de vôo e partiremos assim que pudermos. Está certo?

— Para onde o senhor disse que está indo?

— Para Al Shargaz, via Bahrain para reabastecer. — McIver estava ficando cada vez mais nervoso. Qualquer funcionário do aeroporto deveria saber que eles precisariam reabastecer antes de Bahrain, mesmo que o vento não estivesse assim tão forte, e todos os aeroportos do caminho eram sauditas, portanto ele teria que preencher um plano de vôo para uma aterrissagem em território saudita. Bahrain, Abu Dhabi, Al Shargaz, todos tinham recebido o mesmo telex. O Kuwait também, e mesmo que aqui o telex tivesse sido interceptado por um funcionário que simpatizava com eles, por qualquer motivo, o mesmo não aconteceria nos aeroportos sauditas. Com toda a razão, pensou McIver, e viu o homem olhar para as letras do registro iraniano debaixo das janelas da cabine de comando. Eles tinham chegado lá com o registro iraniano, ele teria que preencher o plano de vôo e partir com as mesmas letras.

Para seu espanto, o homem apanhou um bloco de formulários no carro.

— Eu recebi instr... eu aceitarei o seu plano de vôo e darei permissão para o senhor seguir direto daqui para Bahrain, imediatamente. O senhor pode me pagar as taxas de pouso regulamentares e eu carimbarei os seus passaportes também. Não haverá necessidade de ir até o aeroporto.

— O quê?

— Eu aceitarei o seu plano de vôo agora e o senhor pode partir daqui mesmo. Por favor, prepare-o. — Ele entregou o bloco a McIver. Era o formulário correto. — Assim que o senhor tiver terminado, assine-o e devolva-me. — Havia algumas moscas incomodando-o e ele as afastou com a mão

Depois apanhou o microfone, esperou até que McIver e Pettikin se afastassem e falou em voz baixa.

Sem poder acreditar no que tinha acontecido, eles foram se encostar no caminhão.

— Jesus, Mac, você acha que eles sabem e estão simplesmente deixando que a gente vá embora?