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— Você já tentou?

— Sim, mas os telefones ainda estão mudos. Eu teria usado o HF da nossa base, mas o escritório está totalmente destruído. Eu sobrevoei a base quando estava vindo para cá, está uma bagunça, não há viaturas nem tambores de gasolina. Quando eu chegar a Teerã, McIver poderá enviar um mecânico para cá para consertar o 212. Até ele poder voar, pode ficar onde está.

— Sim. É claro. — Hakim serviu-se de mais chá, convencido agora de que Erikki não sabia nada a respeito da fuga dos outros pilotos e dos helicópteros. Mas isso não muda nada, disse a si mesmo. — Não há nenhuma linha aérea servindo Tabriz ou eu providenciaria alguma dessas coisas para você. Mesmo assim, ainda acho que você deveria partir imediatamente. Você está correndo muito perigo, um perigo iminente.

Erikki estreitou os olhos.

— Você tem certeza?

— Sim.

— O que é?

— Não posso dizer-lhe. Mas não está sob meu controle, é sério, imediato, não diz respeito a Azadeh no momento, mas poderia afetá-la se não formos cautelosos. Para proteção dela, isto deve ficar entre nós dois. Eu lhe darei um carro, qualquer um que você queira dos que estão na garagem. Há cerca de vinte, creio. O que aconteceu com o seu Range Rover?

Erikki deu de ombros, com a mente trabalhando.

— Isto é outro problema, o fato de ter matado aquele matyeryebyets daquele mujhadin que tomou os meus documentos e os de Azadeh, e depois Rakoczy fulminou os outros.

— Eu tinha me esquecido de Rakoczy. — Hakim tornou a insistir: — Não há rt-mito tempo.

Erikki movimentou a cabeça para aliviar a tensão dos músculos e diminiur a dor.

— Até que ponto o perigo é imediato, Hakim? Hakim sustentou-lhe o olhar.

— Imediato o suficiente para eu sugerir a você que espere até escurecer e depois apanhe o carro e parta e saia do Irã o mais rápido que puder — acrescentou deliberadamente. — Imediato o bastante para saber que se você não o fizer, Azadeh sofrerá mais ainda. Imediato o suficiente para saber que você não deve dizer nada a ela antes de partir.

— Você jura?

— Diante de Deus, eu juro que acredito no que estou dizendo.

Ele viu Erikki franzir a testa e esperou pacientemente. Gostava da sua honestidade e da sua simplicidade, mas isso não pesava nada na balança.

— Você pode partir sem dizer nada a ela?

— Se for durante a noite, perto do amanhecer, contanto que ela esteja dormindo. Seu eu partir hoje à noite, fingindo que vou sair, digamos para ir até a base, ela ficará esperando por mim, e se eu não voltar, será muito difícil, para ela e para você. Ela tem pesadelos com a aldeia, ficará histérica. Uma partida secreta seria mais prudente, pouco antes do amanhecer. Ela estará dormindo, o médico lhe deu sedativos. Ela estará dormindo e eu poderia deixar um "bilhete.

Hakim concordou, satisfeito.

— Então está combinado. — Ele não queria nenhum problema para Azadeh ou causado por ela.

Erikki tinha percebido a determinação dele e soube, sem sombra de dúvida, que se a deixasse agora perdê-la-ia para sempre.

NA CASA DE BANHOS: 19:15H. Azadeh enfiou-se na água quente até o pescoço. A banheira era lindamente trabalhada, com 15 metros quadrados e vários níveis, rasa de um lado com plataformas para a pessoa se recostar, e a água quente vinha de uma fornalha que ficava no quarto ao lado. A sala era quente e grande, um lugar alegre, com espelhos. Seu cabelo estava enrolado numa toalha e ela estava encostada numa das plataformas, com as pernas esticadas, deixando a água relaxá-la.

— Oh, está tão bom aqui, Mina — murmurou.

Mina era uma mulher forte, bonita, uma das três empregadas de Azadeh. Ela estava em pé na água, usando apenas uma calcinha, massageando gentilmente as costas e o pescoço de Azadeh. A sala de banho estava vazia exceto por Azadeh e a criada. Hakim tinha mandado o resto da família para outras casais em Tabriz: para preparar um Dia de Luto adequado para Abdullah Khan — tinha sido a desculpa, mas todos sabiam que os quarenta aias de espera eram para lhe dar tempo de inspecionar o palácio à sua vontade e rearrumar os aposentos da maneira que quisesse. Só o velho khan não foi incomodado, e Aysha e os s dois filhos

Sem perturbar a tranqüilidade de Azadeh, Mina puxou-a para a parte mais rasa, e para outra plataforma, onde Azadeh ficou deitada, com a cabeça pousada confortavelmente num travesseiro, de modo que ela pudesse trabalhar no seu peito, coxas e pernas, preparando-a para a verdadeira massagem de óleo que viria mais tarde, quando ela já tivesse absorvido o calor da água.

— Oh, isto é tão bom! — Azadeh repetiu. Ela estava pensando no quanto isto era melhor do que a sua antiga sauna, aquele calor forte e seco, e depois o terrível mergulho na neve, um choque reanimador, mas não tão bom quanto isto, a sensualidade da água perfumada e o silêncio e nenhum choque e oh, como isto é bom... mas por que a banheira é uma praça de aldeia e agora está tão frio e tem um açougueiro e o falso mulá está gritando: — Primeiro a mão direita... apedrejem a rameira! — Ela lançou um grito mudo e deu um salto.

— Oh, eu machuquei a senhora, Alteza, sinto muito!

— Não, não foi você, Mina, não foi nada, nada, por favor, continue. — Mais uma vez os dedos gentis. Seu coração se acalmou. Eu espero poder voltar a dormir sem... sem a aldeia. Na noite passada, com Erikki, foi bem melhor, só por estar perto dele. Talvez hoje à noite seja melhor ainda. Onde estará o Johnny. Ele deve estar a caminho de casa agora, para o Nepal, de licença. Agora que Erikki está de volta eu me sinto segura outra vez, enquanto eu estiver com ele, perto dele. Sozinha eu não... não me sinto segura, nem com Hakim. Eu não me sinto mais segura. Simplesmente não me sinto mais segura.

A porta se abriu e Aysha entrou. Seu rosto estava marcado de tristeza, seus olhos cheios de medo, o chador preto fazendo-a parecer ainda mais abatida.

— Olá, Aysha querida, o que foi?

— Eu não sei. O mundo é estranho e eu não tenho... me sinto perdida.

— Venha para dentro da banheira — disse Azadeh, com pena dela, ela parecia tão magra e velha, tão frágil e indefesa. É difícil acreditar que ela é a viúva do meu pai com um filho e uma filha, e que só tem 17 anos. — Entre, está tão bom.

— Não, não, obrigada, eu queria apenas falar com você. — Aysha olhou para Mina, depois baixou os olhos e esperou. Há dois dias ela teria simplesmente mandado chamar Azadeh que teria ido imediatamente e se inclinado e se ajoelhado esperando pelas ordens dela, da mesma forma como ela estava ajoelhada agora. Seja como Deus quiser, pensou. Se não fosse pelo meu terror com relação ao futuro dos meus filhos, eu estaria gritando de alegria, nunca mais aquele fedor e aqueles roncos, nunca mais aquele peso em cima de mim e aqueles gemidos e os acessos de raiva, as surras e o desespero em conseguir alcançar aquilo que raramente conseguia. "A culpa é sua, é sua, é sua"... Como poderia ser minha culpa? Quantas vezes eu implorei a ele para me dizer o que eu podia fazer para ajudar, e eu tentava e tentava e no entanto era tão raro e então, de repente, o peso desaparecia, os roncos começavam e eu ficava acordada a noite inteira, deitada no suor e no fedor. Oh, quantas vezes eu quis morrer.

— Mina, deixe-nos a sós até eu chamá-la — disse Azadeh. Ela foi obedecida instantaneamente. — Qual é o problema, Aysha querida?

A garota tremeu.

— Eu estou com medo. Estou com medo por meu filho e vim lhe pedir que o proteja.

Azadeh disse bondosamente.

— Você não tem nada a temer de Hakim Khan e de mim, nada. Nós juramos por Deus que protegeríamos você, seu filho e sua filha, você escutou, nós o fizemos na frente do seu... do seu marido, nosso pai, e depois novamente, depois da morte dele. Você não tem nada a temer, nada.

— Eu tenho tudo a temer — a moça gaguejou. — Não estou mais em segurança, nem o meu filho. Por favor, Azadeh, Hakim Khan não poderia... não poderia... eu assinaria um papel desistindo de todos os meus direitos em nome dele, qualquer papel, eu só quero viver em paz e quero que o meu filho cresça e viva em paz.