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— Tome aqui, camarada general! — Alegremente, Ismael atirou-lhe alguns fósforos. — E um direito seu terminar o que começou.

Mzytryk tinha apanhado os fósforos.

— Ótimo — disse. O primeiro não acendeu. Nem o segundo. Mas o terceiro sim. Ele recuou até a escada e atirou-o com cuidado. As chamas subiram até o teto e pegaram nas estacas de madeira. Então o pé de Ismael acertou-lhe as costas e o fez cair esparramado perto do fogo. Em pânico, Mzytryk gritou e tentou afastar as chamas, e se virou e começou a engatinhar em direção à escada, parou por um instante para bater na lapela de pele do casaco, tossindo e engasgando com a fumaça e com o cheiro de carne queimada. Conseguiu ficar em pé. A primeira bala estraçalhou a sua rótula, ele urrou e recuou na direção do fogo, a segunda quebrou a sua outra perna e atirou-o no chão. Ele lutou, impotente, contra as chamas, seus gritos abafados pelo barulho do incêndio. E ele se transformou numa tocha.

Ismael e o outro homem subiram as escadas até o primeiro andar, quase colidindo com outros que tinham corrido para baixo. Eles olharam boquiabertos o corpo em chamas de Mzytryk, as chamas agora consumindo as suas botas.

— Por que você fez isso? — Um deles perguntou, horrorizado.

— O meu irmão morreu naquela casa, e o seu primo também.

— Seja como Deus quiser. Mas, Ismael, o camarada general? Que Deus nos proteja, ele nos fornecia dinheiro, armas e explosivos, por que matá-lo?

— Por que não? Aquele filho de um cão não era um satanista arrogante e mal-educado? Ele nem mesmo era um seguidor do Livro. — Ismael disse com desprezo. — Há dezenas de outros no lugar de onde ele veio, milhares. Eles precisam de nós, nós não precisamos deles. Ele merecia morrer. Ele não veio sozinho, para tentar-me? — E cuspiu na direção do corpo. — Pessoas importantes têm guarda-costas.

Uma labareda de fogo lançou-se na direção deles. Eles recuaram rapidamente. O fogo pegou na escada de madeira e se espalhou rapidamente. Na rua, todos eles se amontoaram num caminhão, não mais uma ambulância. Ismael olhou para trás em direção às chamas que consumiam a casa e riu às gargalhadas.

— Agora aquele cão virou cinza! Que todos os infiéis possam morrer assim tão depressa.

NO PÁTIO DO PALÁCIO: Erikki estava encostado no 212 quando viu as luzes se apagarem nos aposentos do khan no segundo andar. Uma checada rápida nos dois policiais drogados que dormiam profundamente na cabine tranqüilizou-o. Silenciosamente, ele fechou a porta da cabine, enfiou a faca no cinto e apanhou a metralhadora. Com a habilidade de um caçador noturno, ele se moveu silenciosamente em direção ao palácio. Os guardas do khan no portão não o viram se afastar — por que eles iriam se incomodar em vigiá-lo? O khan tinha dado ordens bem claras para eles deixarem o piloto em paz e não agitá-lo, pois com certeza ele logo se cansaria de brincar com o aparelho.

— Se ele tomar um carro, não se metam. Se a polícia quiser barulho, Isto é um problema deles.

— Sim, alteza — tinham respondido, contentes por não serem responsais por Ele, o da Faca.

Erikki esgueirou-se pela porta da frente e atravessou o corredor fracamente iluminado até a escada que conduzia à ala norte, bem longe dos aposentos do khan. Silenciosamente, ele subiu as escadas e atravessou outro corredor. Viu uma réstia de luz debaixo da porta dos seus aposentos. Sem hesitar, entrou na ante-sala, fechando a porta sem fazer barulho. Atravessou a sala e abriu a porta do quarto. Levou um choque ao ver que Mina, a criada de Azadeh, estava lá. Ela estava ajoelhada na cama, onde tinha estado massageando Azadeh, que dormia profundamente.

— Oh, perdão — ela gaguejou, morta de medo dele como todos os outros criados. — Eu não vi Vossa Excelência chegar. Sua alteza me pediu... me pediu para continuar com a massagem e depois dormir aqui.

O rosto de Erikki era uma máscara, as manchas de óleo no seu rosto e no .curativo sobre a orelha o faziam parecer mais perigoso ainda.

— Azadeh!

— Oh, não a acorde, Excelência... ela tomou... ela tomou dois comprimidos para dormir e me disse para pedir desculpas ao senhor em nome dela caso...

— Vista-a — ele sibilou. Mina empalideceu.

— Mas Excelência! — O coração dela quase parou quando ela viu uma faca aparecer na mão dele.

— Vista-a rapidamente e se você fizer um som eu corto a sua garganta. Ande logol — Ele a viu pegar a camisola. — Isto não, Mina! Roupas quentes, roupas de esquiar, por todos os deuses, não importa qual, mas que seja depressa. — E ficou vigiando, colocando-se entre ela e a porta para que ela não pudesse fugir. Na mesinha-de-cabeceira estava o kookri guardado na bainha. Um arrepio o percorreu e ele desviou os olhos, e quando teve certeza de que Mina obedecia, apanhou a bolsa de Azadeh que estava sobre a penteadeira. Todos os documentos dela estavam lá, identidade, passaporte, carteira de motorista, certidão de nascimento, tudo. Ótimo, pensou, e abençoou Aysha por esta dádiva, que Azadeh tinha-lhe contado antes do jantar, e agradeceu aos seus deuses por terem inspirado o seu plano naquela manhã. Ah, minha querida, você pensou que eu fosse mesmo deixá-la?

Dentro da bolsa estava também o seu saco de jóias que parecia mais pesado do que o normal. Seus olhos se arregalaram com as esmeraldas e os diamantes e os colares de pérolas e os broches que agora ele continha. O resto das jóias de Najoud, pensou, as mesmas que Hakim usou para barganhar com os nativos e que eu tirei de Bayazid. Pelo espelho, ele viu Mina olhando de boca aberta para aquele tesouro que ele tinha nas mãos, com Azadeh inerte e quase vestida.

— Ande depressa! — falou pelo espelho.

NA EMBOSCADA PERTO DO PALÁCIO: Tanto o sargento de polícia quanto o motorista do carro que estava parado ao lado da estrada estavam olhando para o palácio, a quatrocentos metros de distância; o sargento usava um binóculo. Estava vendo apenas a luz fraca do lado de fora da portaria, nenhum sinal dos guardas nem dos dois homens deles.

— Vá até lá — disse o sargento, inquieto. — Há algo errado, por Deus! Ou eles estão dormindo ou estão mortos. Vá devagar e sem fazer barulho. — E colocou uma cápsula no Ml6.0 motorista ligou o motor e entrou na estrada vazia.

NO PORTÃO PRINCIPAL: Babak, o guarda, estava encostado num pilar, do lado de dentro do enorme portão de ferro fechado e trancado. O outro guarda estava enroscado num saco de dormir, profundamente adormecido. Através das barras do portão, podia-se ver a estrada sinuosa e cheia de neve que conduzia à cidade. A cem metros da fonte vazia do pátio estava o helicóptero. O vento gelado movia ligeiramente as hélices.

Babak bocejou e bateu com os pés por causa do frio, depois começou a urinar pelas barras, movendo distraidamente o jato para um lado e para o outro. Mais cedo, quando eles foram dispensados pelo khan e voltaram para o seu posto, tinham visto que os dois policiais não estavam lá.

— Eles foram comer alguma coisa ou então dormir um pouco — tinha dito. — Que Deus amaldiçoe toda a polícia.

Ele bocejou, louco para amanhecer, quando teria algumas horas de folga. Só faltava deixar sair o carro do piloto antes do amanhecer, depois tornar a trancar o portão e logo ele estaria na cama com um outro corpo quente. Automaticamente, ele coçou os órgãos genitais, sentindo o pênis endurecer. Ele se recostou no portão, brincando com o pênis, seus olhos conferindo se a tranca do portão estava no lugar e se o pequeno portão lateral também estava trancado. Então ele percebeu um movimento com o canto dos olhos. Prestou atenção. O piloto estava saindo por uma porta lateral do palácio com um embrulho grande sobre os ombros; seu braço não estava mais na tipóia e ele carregava um revólver. Babak se abotoou depressa, tirou o rifle do ombro e se colocou fora do campo de visão. Cautelosamente, chutou o outro guarda que acordou sem fazer barulho.