Выбрать главу

— Eu gostaria muito, é claro, mas não posso. Sinto muito, mas não podemos. Não é possível, isto deve estar óbvio agora.

— Talvez seja possível. — Kasigi não desviou os olhos. — Ouvi dizer que vocês têm um prazo que se esgota hoje ao pôr-do-sol para tirar os seus aviões daqui ou eles serão apreendidos.

Gavallan fez um gesto com as mãos.

— Vamos esperar que seja apenas mais um boato.

— Um dos funcionários da sua embaixada informou ao nosso embaixador que isto era definitivo. Seria uma tragédia perder todos os aviões depois de tanto sucesso.

— Definitivo? O senhor tem certeza? — Gavallan sentiu um vazio por dentro.

— O meu embaixador está certo que sim. — Kasigi deu um sorriso agradável. Digamos que eu pudesse estender este prazo até o pôr-do-sol de amanhã, vocês poderiam resolver os meus problemas na Irã-Toda? Os dois homens ficaram olhando para ele, espantados.

— O senhor pode estender o nosso prazo, sr. Kasigi?

— Eu não posso, mas o nosso embaixador talvez pudesse. Tenho um encontro marcado com ele dentro de uma hora. Vou pedir a ele, talvez ele pudesse influenciar o embaixador iraniano, ou o xeque, ou ambos. — Kasigi viu o interesse de Gavallan e deixou isto no ar, sendo um pescador muito experiente em águas ocidentais para não conhecer a isca. — Eu estou em débito com o capitão Scragger. Não me esqueci de que ele salvou a minha vida e que saiu do seu caminho para me levar a Bandar Delam. Amigos não devem esquecer estas coisas. A nível de embaixador... talvez isto pudesse ser feito.

O embaixador japonês? Meu Deus, seria possível? O coração de Gavallan estava batendo, cheio de esperança com esta possibilidade inesperada.

— O nosso embaixador não pode fazer nada, o meu contato foi muito claro. Eu apreciaria qualquer ajuda que pudesse conseguir. O senhor acha que ele nos ajudaria?

— Se quisesse, acho que sim. — Kasigi tomou um gole do seu conhaque. — Do mesmo modo que o senhor pode nos ajudar. O meu presidente pediu para eu lhe transmitir os cumprimentos dele e mencionou um amigo em comum, Sir Ian Dunross. — Ele viu a reação nos olhos de Gavallan e acrescentou: — Eles jantaram juntos há duas noites.

— Se eu puder ajudar... qual é exatamente o seu problema? — Onde está a ratoeira e qual é o custo? pensou Gavallan. E onde está Ian? Tentei localizá-lo por três vezes e não consegui.

— Eu preciso de três 212 e de dois 206 na Irã-Toda o mais depressa possível, sob contrato de um ano. É essencial que a fábrica seja terminada e o komiteh local me prometeu total cooperação, se começarmos imediatamente. Se não o fizermos, será desastroso.

Na noite anterior, o engenheiro-chefe Watanabe, da Irã-Toda, tinha enviado um telex em código. "O chefe do komiteh, Zataki, está feito um louco por causa do seqüestro da S-G. O seu ultimato foi: ou nós reiniciamos a construção imediatamente, e para isso temos que ter helicópteros, ou a fábrica inteira será imediatamente tomada e nacionalizada e todos os estrangeiros que estão aqui responderão por traição. A hora D é após as orações da tarde de domingo, dia quatro, quando eu devo me apresentar diante do komiteh. Por favor envie instruções."

Telefonemas urgentes feitos durante a noite para Osaka e Tóquio tinham servido apenas para aumentar a raiva de Kasigi.

— Yoshi, meu caro amigo —, tinha dito seu primo e chefe Hiro Toda, com toda a gentileza —, eu consultei o sindicato. Todos nós concordamos que é ótimo que você esteja aí. Depende de você. Nós estamos absolutamente confiantes que você será capaz de resolver estes problemas antes de partir.

A mensagem era bem clara: resolva-os ou não volte.

Ele tinha passado o resto da noite tentando encontrar uma saída. Então, de madrugada, ele tinha se lembrado de algo que o embaixador dissera sobre o novo embaixador iraniano e que lhe sugeriu um meio possível de resolver o problema do prazo de Gavallan e o seu próprio problema.

— Para ser franco, sr. Gavallan — disse ele e quase riu alto por esta observação tão estúpida, mas tão necessária nas negociações ocidentais —, eu preciso de um plano até o pôr-do-sol de amanhã e também de respostas.

— Por que neste prazo, posso perguntar?

— Porque eu me comprometi com um amigo e tenho que honrar este compromisso — disse Kasigi. — Então nós dois temos um prazo, o mesmo. — Aí ele achou que estava na hora e puxou com força para ver se o anzol estava firme.

— Se o senhor puder me ajudar, eu ficarei eternamente grato. É claro que farei tudo para convencer o meu embaixador a ajudá-lo, de qualquer maneira.

— Não adianta oferecer-lhe os meus pássaros, eles seriam apreendidos na mesma hora, não adianta oferecer-lhe os 206 que deixamos para trás, eles também já devem estar fora de combate. A S-G está fora, a Bell também, bem como a Guerney e todas as outras companhias. O senhor poderia conseguir japoneses que fossem pilotos de helicóptero?

— Não, não há ninguém treinado. — Ainda não, pensou Kasigi, mais uma vez furioso com o Sindicato por não ter tido a visão de treinar o seu próprio pessoal de confiança para o serviço. — O pessoal vai ter que ser estrangeiro. O meu embaixador poderia facilitar vistos e assim por diante, é claro que vocês sabem que a Irã-Toda é um projeto nacional — ele acrescentou, sem se importar em exagerar. Ele o será em breve, assim que todas as informações que possuo chegarem às mãos certas. — Que tal tripulações francesas ou alemãs?

Com algum esforço, Gavallan desviou o pensamento da questão de como uma conversa a nível de embaixadores poderia levar à segurança dos seus homens e helicópteros, como ele poderia então livrar-se da armadilha de Linbar e ficar livre para lidar com a Imperial Helicópteros no mar do Norte, com a crise de Hong Kong, como resolveria a questão da retirada de circulação de Linbar, posicionando Scot para assumir o poder no futuro.

— Tantas possibilidades maravilhosas — disse involuntariamente, então disfarçou rapidamente e se concentrou em resolver o problema da Irã-Toda.

— Há dois aspectos neste problema. Primeiro, equipamentos e peças: se o senhor pudesse fornecer uma carta de crédito no valor da nossa taxa mensal usual, renovável pelo tempo que ficarem com os aparelhos, onde quer que eu os consiga, com uma garantia de que se as autoridades do Irã os apreenderem, vocês assumirão todos os pagamentos pelo leasing em dólares fora do Irã e reembolsarão os proprietários no caso de perda total, eu poderia enviá-los para a Irã-Toda dentro de... de uma semana.

Kasigi disse imediatamente:

— Os nossos banqueiros são os Sumitomo; eu poderia arranjar um encontro com eles aqui, esta noite. Isto não é problema. Onde o senhor conseguiria os aparelhos?

— Na Alemanha ou na França — não podemos usar nem aviões britânicos nem americanos. A mesma coisa com relação aos pilotos. A França provavelmente é melhor por causa da ajuda que deu a Khomeini. Eu poderia consegui-los através de alguns amigos na Aerospatiale. E quanto ao seguro? Não poderei conseguir um seguro para vocês no Irã.

— Talvez eu possa fazer isso através do Japão.

— Ótimo. Eu odiaria pôr no ar pássaros não segurados. Outra coisa: Scrag, digamos que seja possível conseguir os aparelhos, quantos pilotos e mecânicos seriam necessários?

— Bem, Andy, se você pudesse consegui-los, seria melhor ter de oito a dez pilotos e de dez a quatorze mecânicos, baseados fora do Irã, mas bem perto.

— Quem os pagaria, sr. Kasigi? Em que moeda e onde?

— Na moeda que quisessem, onde quer que desejassem e na forma que desejassem. Preços padrões?

— Acho que o senhor teria que oferecer um 'bônus de risco de vida', em se tratando do Irã.

— O senhor poderia providenciar tudo para mim, sr. Gavallan, o equipamento e o pessoal, por, digamos, uma comissão de dez por cento?