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E melhor dar o fora daqui ou estou perdido. A simplicidade do Islã parece tornar tudo tão simples e claro e melhor e no entanto...

Eu sou Conroe Starke, texano, piloto de helicópteros, com uma mulher maravilhosa e isto deveria ser o suficiente, não deveria?

Perturbado, ele tornou a olhar para a velha cidade, seus minaretes, e muros avermelhados pelo sol que descia no horizonte. Além da cidade estava o deserto e além do deserto, Meca. Ele sabia que aquele era o caminho para Meca porque tinha visto a equipe do hospital, médicos, enfermeiros, e outros, ajoelharem-se para rezar, virados naquela direção. Manuela entrou na varanda, distraindo-o e sentou-se ao lado dele e o trouxe parcialmente de volta à reali dade.

— Eles mandaram lembranças e perguntaram quando voltamos para casa. Seria bom visitá-los, não acha, Conroe? — Ela o viu balançar a cabeça, distraidamente, com o pensamento longe, então olhou na direção dos olhos dele e não viu nada de especial. Apenas o sol se pondo. Droga! Ela disfarçou sua preocupação. Ele estava melhorando, mas não era o mesmo. "Não se preocupe, Manuela", tinha dito o dr. Nutt, "é provavelmente o choque de ter sido baleado, a primeira vez é sempre um tanto traumática." É isto e Dubois, Tom, Erikki, toda esta espera e preocupação e não saber, nós todos estamos na expectativa, você, eu, todo mundo, mas não sabemos bem de quê. Todos nós fomos afetados de maneiras diferentes.

A preocupação a estava deprimindo. Para disfarçar, ela se debruçou na grade, olhando para o mar e para os barcos.

— Enquanto você dormia, eu procurei o dr. Nutt. Ele disse que você pode sair dentro de poucos dias, até amanhã, se for muito importante, mas vai ter que ir devagar por um mês ou dois. No café, Nogger me disse que há um boato de que todos nós teremos pelo menos um mês de férias pagas, não é ótimo? Com isso e mais a licença médica, temos muito tempo para ir para casa, hein?

— Claro. Boa idéia.

Ela hesitou, depois se virou e olhou para ele.

— O que o está perturbando, Conroe?

— Não sei ao certo, querida. Estou me sentindo bem, não é o meu peito. Não sei.

— O dr. Nutt disse que seria assim mesmo por algum tempo, querido, e Andy disse que há uma boa chance de que não haja nenhuma inspeção e que os aviões de carga vão chegar mesmo amanhã ao meio-dia, não há nada que se possa fazer, você não pode fazer mais nada... — O telefone tocou no quarto e ela foi atender, ainda falando — ...não podemos fazer mais nada do que já estamos fazendo. Se pudermos partir, nós e os nossos helicópteros, sei que Andy vai conseguir o pessoal para Kasigi e então... Alô, oh, olá, querido...

Starke viu-a arregalar os olhos e emudecer e seu coração quase parou e então a sua explosão de alegria, gritando para ele:

— É Andy, Conroe, ele recebeu um telefonema de Marc Dubois, ele está no Iraque num navio, ele e Fowler, fizeram uma aterrissagem forçada num petroleiro e estão sãos e salvos no Iraque... Oh, Andy, que ótimo! O quê? Oh, sim, ele está bem e eu... mas e quanto a Kasigi? ...Espere um instante — sim, mas... claro, — ela desligou e voltou para a varanda. — Nenhuma notícia de Kasigi ainda. Andy disse que estava com pressa e que tornaria a ligar. Oh, Conroe... — Agora ela estava ajoelhada ao lado dele, com os braços rodeando-lhe o pescoço, abraçando-o com cuidado, derramando lágrimas de felicidade. — Eu estava tão preocupada com Marc e com o velho Fowler, estava com tanto medo de que eles estivessem perdidos.

— Eu também, eu também — ele podia sentir o coração dela batendo e o seu também e seu espírito ficou um pouco mais leve. Ele a abraçou com o braço bom. — Droga — murmurou, também quase sem poder falar — Vamos, Kasigi, vamos..

NO QG EM AL SHARGAZ: 18:18H. Gavallan estava na janela do escritório, vendo o carro oficial de Newbury, com a bandeira da Inglaterra tremulando, atravessar o portão. O carro parou em frente ao prédio, com um motorista uniformizado e duas pessoas atrás. Ele sacudiu a cabeça e jogou um pouco d'água no rosto, secando-o depois.

A porta se abriu. Scot entrou, com Charlie Pettikin ao seu lado Os dois estava pálidos.

— Não se preocupem — disse Gavallan —, entrem. — Ele voltou para a janela, tentando aparentar calma e ficou lá, enxugando as mãos. O sol estava perto do horizonte. — Não precisamos ficar esperando aqui; vamos encontrá-los. — Firmemente, ele foi andando na frente, em direção ao corredor. — Que bom termos tido notícias de Marc e Fowler, não?

— Foi ótimo — disse Scot, com a voz desanimada, apesar do esforço. -Dez em dez, não podia ser melhor, papai.

Eles atravessaram o corredor e saíram para o saguão

— Como vai Paula, Charlie?

— Oh, ela está bem, Andy. — Pettikin estava espantado com o sangue frio de Gavallan e sem nenhuma vontade de estar no lugar dele. — Ela... ela partiu para Teerã há uma hora e não acho que volte antes de segunda-feira, embora ela ache que talvez possa voltar amanhã. — Maldito Turbilhão, pensou, infeliz, estragou tudo. Eu sei que um coração fraco não conquista uma mulher bonita, mas que diabo eu posso fazer? Se eles tomarem os nossos helicópteros, a S-G está falida, não tenho mais emprego, não tenho quase nenhuma reserva. Sou muito mais velho do que ela... droga! De uma certa forma, estou contente. Agora não posso mais estragar a vida dela e de qualquer maneira ela não seria louca de dizer sim. — Paula está bem, Andy.

— Ela é uma boa moça.

O saguão estava lotado. Eles o atravessaram e saíram do frescor do ar refrigerado para o calor do sol. Gavallan parou, estarrecido. Todo o contingente da S-G estava lá, Scragger, Vossi, Willi, Rudi, Pop Kelly, Sandor, Freddy Ayre e todos os mecânicos. Estavam todos imóveis, observando o carro que se aproximava. O carro parou na frente deles.

Newbury saltou.

— Olá, Andrew — ele disse, mas agora todos estavam paralisados porque era Kasigi quem estava diante deles, não o iraniano, e Kasigi estava sorrindo alegremente, enquanto Newbury dizia numa voz perplexa:

— Realmente, eu não sei o que está acontecendo, mas o embaixador iraniano cancelou a inspeção no último minuto e o xeque também e o sr. Kasigi me telefonou, convidando-me para ir à recepção japonesa, de modo que não haverá inspeção esta noite.

Gavallan deu um grito de alegria e todos começaram a cumprimentar Kasigi, agradecendo-lhe, falando, rindo, uns tropeçando nos outros e Kasigi disse:

— ...e também não haverá inspeção amanhã, nem que tenhamos que raptar o embaixador... — e mais risadas e vivas e Scragger gritando:

— Hurra para Kasigi.

Gavallan abriu caminho até Kasigi e deu-lhe um abraço apertado, gritando no meio do tumulto:

— Obrigado, obrigado. Você terá uma parte dos seus helicópteros dentro de três dias, o resto no fim de semana... — depois acrescentou incoerentemente. — Cristo, dê-me um segundo, Cristo, tenho que contar a Mac, Duke e aos outros... a comemoração é por minha conta... Kasigi viu-o afastar-se apressado e sorriu

NO HOSPITAL: 18:32H. Tremendo, Starke desligou o telefone, exultante e voltou para a varanda.

— Puxa, Manuela, nós conseguimos, não vai haver inspeção! O Turbilhão deu certo; Andy não sabe como Kasigi conseguiu, mas ele conseguiu e... Puxa! — Ele a abraçou e debruçou-se na amurada. — O Turbilhão deu certo, agora estamos seguros, agora vamos poder sair e agora podemos fazer planos. Puxa! Kasigi, o filho da puta, ele conseguiu! Allah-u Akbar ele acrescentou triunfantemente, sem pensar.

O sol tocou o horizonte. Da cidade, um muezin, um só, começou a chamar. E o som encheu os seus ouvidos e o seu ser e ele escutou, esquecido de tudo, seu alívio e sua alegria se misturando com as palavras, o chamado e o infinito — e ele se afastou dela. Impotente, ela esperou, sozinha. Ali enquanto o sol se punha, ela esperou, com medo por ele, triste por ele, sentindo que o futuro estava em jogo. Ela esperou como só uma mulher sabe esperar.