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— Uma hora está muito rápido... depois eu não consigo pegá-lo — disse, nervoso.

— Mario fez um exame médico rigoroso há quatro semanas, o que ele faz todo ano... cardiograma, tudo. Muito rigoroso. Ele estava perfeito! — Pietro cuspiu no chão. — Médicos!

— Ele foi louco de insistir em ficar — disse Gianni.

— Ele é o chefe, ele faz o que achar melhor. Vamos colocá-lo na maca e sair — Pietro estava com a fisionomia séria. — Não há nada que possamos fazer por ele aqui. Para o inferno com a dinamite, podemos tratar disso mais tarde ou amanhã.

Cuidadosamente, eles o levantaram, o enrolaram em cobertores e o levaram para fora do trailer, debaixo da neve, em direção ao helicóptero. Assim que chegaram lá, a montanha rugiu. Eles olharam para cima. Neve e gelo começaram a cair, ganhando peso. Em segundos, a avalanche avançava com toda a força. Não havia tempo para correr, a única coisa a fazer era esperar. O rugido aumentou. A neve rolou pela montanha, arrastando para o abismo um trailer e um dos enormes tanques de aço que continham lama. Depois terminou.

— Mamma mia — murmurou Gianni, benzendo-se. — Pensei que dessa vez estivéssemos perdidos.

Jean-Luc também se benzera. Agora o bloco estava ainda mais ameaçador, milhares de toneladas pousadas sobre o campo, com parte da rocha exposta. Neve esfarelada continuava a cair sem parar.

— Jean-Luc! — Era Guineppa. Seus olhos estavam abertos. — Não.. Não espere... dinamite agora... é preciso...

— Ele tem razão, é agora ou nunca — disse Pietro.

— Por favor, estou bem... Mamma mia, faça isto agora! Estou bem! Eles correram para o helicóptero. A maca foi colocada na primeira fila de cadeiras e amarrada no lugar. Os outros colocaram os cintos de segurança. Jean-Luc entrou na cabine e sentou-se no assento da esquerda, colocando os fones no ouvido.

— OK, Scot?

— Fantástico, cara — disse Scot Gavallan. — Como está Guineppa?

— Nada bem. — Jean-Luc checou os instrumentos. Estavam todos no verde e havia bastante combustível. — Merdel Aquele bloco vai cair a qualquer momento; vamos prestar atenção nos deslocamentos de ar, vão ser muito fortes. Allonsyl

— Tome. Eu consegui isso para o Pietro enquanto estava esperando na plataforma Rosa. — Scot entregou a Jean-Luc os fones extras, que agora estavam ligados aos deles.

— Darei a ele quando estivermos no ar. Não me sinto seguro aqui. Suba! Imediatamente, Scot abriu os manetes e tirou o 212 do chão, recuou um pouco, virou o aparelho e ergueu-se sobre o abismo. Quando começaram a subir, Jean-Luc virou-se e se arrastou até a cabine.

— Tome, coloque isto, Pietro, agora você está ligado conosco lá na frente.

— Bom, muito bom. — Pietro estava sentado perto da porta.

— Quando começarmos, pelo amor de Deus, pela minha saúde, e pela sua mãe, não vá cair.

Pietro riu nervosamente. Jean-Luc verificou como estava Guineppa, que parecia um pouco melhor agora, tornou a ir para a frente e colocou os fones.

— Está me ouvindo, Pietro?

— Si. Si, a mico.

O helicóptero foi subindo em círculos. Agora eles estavam no mesmo nível do cume. Daquele ângulo, o bloco não parecia tão perigoso. Estavam começando a sacudir um pouco.

— Suba mais uns trinta metros, amico — ouviram através dos fones —, e rume para o norte.

— Roger, Pietro. Você é o navegador agora — disse Scot.

Os dois pilotos se concentraram. Pietro mostrou-lhes o lugar na face norte onde a dinamite poderia soltar o bloco provocando uma avalanche que não atingisse a plataforma.

— Pode funcionar — murmurou Scot. Fizeram uma volta para se certificarem.

— Amico, quando estivermos sobre aquele ponto, a trinta metros, fique planando; eu vou acender o pavio e jogar os explosivos. Buonol — Eles notaram o tremor na voz de Pietro.

— Não se esqueça de abrir a porta, meu velho — disse Scot, secamente. Houve uma torrente de xingamentos em italiano, em resposta. Scot sorriu.

Então, uma corrente de ar os fez cair vinte metros antes que ele pudesse controlar o aparelho. Um minuto depois estavam na altitude e na posição certas.

— Ótimo, amico. Fique aí.

Jean-Luc virou-se para observar. Atrás, na cabine, os outros olhavam para Pietro, fascinados. Ele apanhou a primeira carga e esticou o pavio, cantarolando Aida.

— Mãe de Deus, Pietro — disse Gianni. — Você tem certeza que sabe o que está fazendo?

Pietro fechou o punho esquerdo, pôs o direito, que segurava a dinamite, no antebraço esquerdo e fez um gesto significativo.

— Preparem-se aí na frente — falou ao microfone, e abriu o cinto de segurança. Checou a posição lá embaixo e balançou a cabeça. — Ótimo, mantenha-o firme. Gianni, cuide da porta. Abra-a só um pouquinho que eu faço o resto.

O aparelho balançava, por causa das correntes de ar giratórias, quando Gianni soltou o cinto e foi para a porta.

— Rápido — disse, sentindo-se muito desprotegido, depois falou com o homem que estava mais perto: — Segure o meu cinto! Abra a porta, Gianni!

Gianni conseguiu abrir uns trinta centímetros e a manteve assim, esquecido do doente na maca. O ar rugiu dentro da cabine. O aparelho girou, com a sucção da porta aberta tornando ainda mais difícil para Scot controlá-lo. Pietro segurou o pavio e tentou acender o isqueiro. Falhou. Uma vez, e mais outra, cada vez mais nervoso.

— Mãe de Deus, ande! — O suor caía da testa de Pietro quando o isqueiro finalmente acendeu. O pavio faiscou. Segurando-se com uma das mãos, ele se inclinou para a porta, açoitado pelo vento. O aparelho deu um pinote e os dois homens desejaram ter tomado a precaução de trazer uma corda para se amarrarem. Cuidadosamente, Pietro jogou o explosivo pela abertura. No mesmo instante, Gianni fechou a porta e trancou-a. E então começou a suar.

— Bomba atirada, vamos embora! — ordenou Pietro, com os dentes batendo por causa do frio, e tornou a colocar o cinto. Na mesma hora, o helicóptero se afastou e ele ficou tão aliviado por ter terminado que começou a rir. Histericamente, os outros o imitaram e todos começaram a contagem regressiva: —... seis... cinco... quatro... três... dois... um! — Nada aconteceu. As risadas terminaram tão depressa quanto tinham começado.

— Você o viu cair, Jean-Luc?

— Não. Nós não vimos nada — respondeu sombriamente o francês, sem querer repetir a manobra. — Talvez tenha batido numa pedra e o pavio tenha se soltado. — Mas por dentro ele estava dizendo: Italiano estúpido, não consegue nem prender umas poucas bananas de dinamite num maldito pavio. — Vamos tentar de novo, está bem?

— Por que não? — disse Pietro, Confiantemente. — O detonador estava perfeito. O fato dele não explodir foi um Ato do Demônio. Sim, sem dúvida. Isso acontece muito na neve. Muito mesmo. A neve é uma vagabunda e você nunca...

— Não culpe a neve, Pietro, e foi um Ato de Deus, e não do Demônio — disse supersticiosamente Gianni, benzendo-se. — Por favor, chega de Demônio enquanto estamos no ar.

Pietro apanhou a segunda carga e a examinou cuidadosamente. O arame que amarrava as bananas de dinamite estava firme e o pavio também.

— Olha aí, está vendo, perfeito, como o outro. — Ele o atirou de uma mão para a outra e depois sacudiu-o com força para ver se o pavio se soltava.

— Mama mia — disse um dos homens, com o estômago revirado. — Você está louco?

— Isto aqui não é como nitroglicerina, amico — Pietro disse a ele e bateu no explosivo com mais força ainda. — Olha aí, você está vendo que está bem apertado.

— Não tanto quanto o meu cú — disse Gianni, zangado, em italiano. Quer fazer o favor de parar com isso?

Pietro deu de ombros e olhou pela janela. O cume estava se aproximando. Ele podia ver o lugar exato

— Prepare-se, Gianni. — E então falou no microfone: — Só um pouco mais para leste, signor piloto. Mantenha-o aí... firme... não pode mantê-lo mais firme? Prepare-se Gianni. — Levantou o pavio, com o isqueiro perto da ponta. — Abra esta maldita porta!