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— Acho que isso mostra que nós podemos ter sido deliberadamente plantados aqui, alvos fáceis — disse Ross. — Talvez o comboio esteja associado a isso, cheio de tropas para nos pegar. É melhor andarmos depressa, não acha?

Rosemont balançou a cabeça, concordando, tentando dominar o medo que o invadiu, ajudado pela calma do outro homem.

— Sim, sim, você tem razão. — Ainda abalado, atravessou um pequeno corredor, em direção a outra porta. Trancada. Enquanto procurava pela chave no molho, disse: — Eu devo uma desculpa a você e a seus homens. Não sei como fomos enganados nem como esse filho da mãe escapou do controle da segurança, mas ele o fez e você provavelmente está certo: nós fomos plantados aqui. Sinto muito, merda, mas isso não resolve nada.

— Mas ajuda. — Ross sorriu e o medo abandonou-o. — Isso ajuda.

— Obrigado, sim, obrigado. Gueng matou-o?

— Bem — disse Ross, secamente —, Gueng me entregou a cabeça dele. Geralmente eles trazem de volta as orelhas.

— Jesus! Você está com eles há muito tempo?

— Com os gurkhas! Há quatro anos.

Enfiou a chave na fechadura e a porta se abriu. A sala de código estava cuidadosamente arrumada. Telex, impressora e máquinas de copiar. Uma estranha impressora de computador, com um teclado, tinha uma mesa própria.

— Este é o decodificador... Vale o que que você quiser pedir, para a oposição. — Sobre as mesas, havia lápis alinhados. E meia dúzia de manuais. Ross apanhou-os.

— Jesus Cristo... — eram todos livros de código marcados MECA, APENAS UMA CÓPIA. — Bem, pelo menos o código-mestre está trancado.

— Foi até o cofre moderno, com fechadura eletrônica, digital, de zero a nove, que estava encaixado numa parede, leu a combinação no seu pedaço de papel e tocou nos números. Mas a luz que indicava Aberto não acendeu. — Talvez eu tenha pulado um número. Leia para mim, sim?

— Claro. — Ross começou a ler a longa série de números. Atrás deles, Tenzing entrou sem fazer barulho. Nenhum dos dois escutou. —... 125... 721...

— Então eles sentiram, ao mesmo tempo, que havia alguém lá e se viraram, momentaneamente em pânico.

Tenzing disfarçou a satisfação e se fez de surdo aos palavrões. O Sheng'-Khan não dissera a ele para treinar seu filho e fazê-lo conhecer os meios de ataque e assassinato? Não tinha jurado protegê-lo e ser, secretamente, seu professor? "Mas, Tenzing, pelo amor de Deus, não deixe meu filho saber que eu lhe disse isso. Mantenha isso como um segredo entre nós..." Há semanas que tem sido difícil pegar o sahib desprevenido, pensou, satisfeito. Mas Gueng pegou-o hoje e eu também. Melhor sermos nós do que um inimigo; e eles agora estão nos cercando que nem abelhas.

— A escada tem 75 degraus que levam até uma porta de ferro — disse Tenzing, no seu melhor tom de relatório. — A porta está enferrujada, mas eu a forcei. Lá fora há uma caverna, fora da caverna está a noite; é uma boa rota de fuga, sahib. O que não é bom é que de lá eu enxerguei o primeiro caminhão do comboio. — Fez uma pausa, não querendo se enganar. — Talvez ainda reste uma meia hora.

— Volte para a primeira porta, Tenzing, a que nós trancamos. Mine o túnel até a nossa porta de modo que ela não seja atingida. Vinte minutos de pavio a contar de agora. Diga a Gueng para pôr os pavios exatamente com o mesmo tempo a partir de agora

— Sim, sahib.

Ross virou-se. Notou o suor na testa de Rosemont.

— OK?

Claro. Chegamos até 103.

— Os dois últimos números são 660 e 31. — Viu o americano tocar nos números. A luz começou a piscar. Rosemont estendeu a mão para a alavanca.

— Pare! — Ross enxugou o suor do seu próprio queixo, sentindo a barba espetar. — Isto não estará preparado para explodir?

— É possível. Claro. É possível — disse Rosemont, olhando para o cofre

— Então vamos apenas explodir o desgraçado, sem nos arriscar.

— Eu, eu tenho que checar. Tenho que checar se o código-mestre está lá dentro ou não. Ele e o decodificador são as minhas prioridades. — Tornou a olhar para a luz que piscava. — Volte para a outra sala, proteja-se junto com Gueng, grite quando estiverem prontos. Eu... essa tarefa é minha.

Ross hesitou. Então concordou, apanhou as duas mochilas que continham explosivos e detonadores.

— Onde fica a sala de comunicações? Aí ao lado.

— A sala do gerador é importante?

— Não. Só este cofre, o decodificador e aqueles quatro computadores lá atrás, embora fosse melhor que todo este andar fosse pelos ares. — Rosemont observou Ross se afastar e então virou de costas e tornou a olhar para a alavanca. Sentia um aperto no peito. Aquele filho da puta do Meshgi! Teria apostado minha vida; aliás eu o fiz, todos nós o fizemos, até Ali Karakose. — Está pronto? — gritou impaciente

— Espere! — Mais uma vez seu estômago revirou. Ross estava de volta, atrás dele, sem que tivesse percebido, em suas mãos havia uma corda fina e comprida de náilon que, rapidamente, ele amarrou na alavanca

— Puxe a alavanca quando eu disser, mas não abra a porta. Vamos abri-la lá de fora. — Ross correu para fora. — Agora!

Rosemont respirou fundo para acalmar o coração e colocou a alavanca na posição Abrir, depois correu para a outra caverna. Ross fez sinal para que ele se abaixasse perto da parede.

— Mandei Gueng avisar Tenzing. Pronto?

— Claro.

Ross esticou a corda e depois puxou com força. A corda permaneceu esticada. Puxou com mais força ainda, então ela cedeu um pouco mas depois não veio mais. Silêncio. Nada. Os dois homens suavam.

— Bem — disse Ross, bastante aliviado, e se levantou. — É melhor prevenir do que re... — A explosão abafou suas palavras, uma grande nuvem de fumaça e pedaços de metal voaram para dentro da caverna em que eles estavam, arrancando o ar dos seus pulmões, espalhando mesas e cadeiras. Todas as telas de radar explodiram, as luzes desapareceram, um dos telefones vermelhos soltou-se e voou pela sala, arrebentando-se de encontro à cobertura de aço de um computador. Aos poucos, a poeira assentou, com os dois homens tossindo desesperadamente na escuridão.

Rosemont foi o primeiro a se recuperar. A sua lanterna ainda estava pendurada no cinto. Ele a agarrou.

— Sahib! — Tenzing chamou ansiosamente, correndo para dentro da sala, com a lanterna acesa, e com Gueng ao lado dele.

— Eu... eu estou bem. — Disse Ross, ainda tossindo muito. Tenzing encontrou-o deitado no meio do entulho. Havia um pouco de sangue escorrendo pelo seu rosto, mas era apenas uma ferida superficial causada pelos vidros que tinham voado.

— Graças a todos os deuses — murmurou Tenzing, e ajudou-o a levantar-se.

— Jesus Cristo! — Olhou abobalhado para toda aquela destruição e depois foi tropeçando atrás de Rosemont pela passagem até a sala de código. O cofre desaparecera, e com ele o decodificador, os manuais, os telefones, deixando um enorme buraco na rocha. Todo o equipamento eletrônico tinha virado um monte de metal e fios retorcidos. Pequenos incêndios já começavam a arder.

— Jesus — foi tudo o que Rosemont conseguiu dizer, sua voz pouco mais que um murmúrio, a mente tumultuada pela proximidade da morte, gritando: corra, fuja deste lugar mortal...

— Deus Todo-Poderoso!

Rosemont tentou dizer alguma coisa, não conseguiu, foi até um canto e vomitou.

— É melhor nós... — Ross achou difícil falar, seus ouvidos ainda ecoavam, a cabeça doía violentamente, a adrenalina bombeava-lhe o sangue, e ele tentou dominar a vontade de fugir. — Tenzing, você já terminou?