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— Mas Muhammad, Excelência, temos bastante comida no aparelho — retrucara Valik.

— Eu insisto — respondera nervosamente Seladi. — Eu insisto, Excelência. Você deve apresentar seus cumprimentos ao comandante. É necessário e nós, ahn, precisamos conversar.

Foi nesse intervalo que os Faixas Verdes e a multidão invadiram a base, prenderam todos eles e levaram Lochart para uma outra parte da base. Filhos de cães, Valik pensou zangado, que todos eles queimem no inferno! Eu sabia que nós deveríamos ter reabastecido e partido imediatamente. Seladi é um idiota. É tudo culpa dele...

No andar de cima de um quartel, a meio quilômetro de distância, Tom Lochart dormia. Subitamente, foi despertado por uma agitação no corredor, a porta foi aberta e ele se viu meio cego pela luz de uma lanterna.

— Rápido — disse uma voz, em inglês com sotaque americano e dois homens o ajudaram a se levantar. Em seguida, as duas figuras que ele mal distinguira se viraram e saíram correndo.

Ele levou um segundo para se refazer e depois correu atrás deles pelo corredor, desceu três lances de escada e saiu para o ar livre. Aí ele parou junto com os outros, respirando ofegante. Mal tivera tempo de ver que os dois eram oficiais, um capitão e um major, antes que saíssem correndo de novo no meio da escuridão. O dia começava a clarear. A neve caía levemente, ajudando a ocultá-los e abafando os seus passos.

À frente estava a casa da guarda, com uma fogueira do lado de fora e alguns revolucionários sonolentos amontoados em volta. Os três homens desviaram e correram pelo meio de uma fileira de barracas, tornaram a desviar-se para uma travessa quando um caminhão cheio de guardas entoando cânticos apareceu numa esquina, depois correram pela estrada em direção ao hangar onde estava o 212. Quando chegaram ao hangar, pararam para recuperar o fôlego.

— Ouça, piloto — disse o major, ofegante —, quando eu der o sinal, nós corremos para o helicóptero e decolamos. Pronto?

— E os outros? — perguntou Lochart, sentindo uma pontada do lado e quase sem poder falar. — E o general Valik e a família dele?

— Esqueça-se deles. AH — o major fez um sinal para o outro homem —, Ali vai na frente com você e eu vou atrás. Quanto tempo vai demorar para subir depois que você der a partida?

— Quase nada.

— Faça ainda por menos — disse o major. — Vamos!

Eles correram para o 212, Lochart e Ali, o capitão, em direção à cabine do piloto. Neste momento, Lochart viu um carro sem faróis vindo pela estrada na direção deles e seu coração quase parou.

— Olhe!

— Em Nome de Deus, rápido, piloto!

Lochart redobrou seus esforços, pulou para o assento do piloto, empurrou os interruptores, ligou os motores e começou a aquecer o aparelho. Neste mesmo instante, o major alcançou a porta de correr e abriu-a. Quase desmaiou quando Valik empurrou a carabina na sua cara.

— Oh, é você, major! Deus seja louvado..

— Deus seja louvado pelo senhor ter conseguido escapar, Excelência — o major gaguejou, conseguiu dominar o pânico e subiu no aparelho, que já estava com as hélices girando, mas ainda não estava em condições de voar. — Louvado seja Deus pelo senhor ter escapado... mas onde está o soldado?

— Ele apanhou o dinheiro e fugiu.

— Ele trouxe as armas?

— Não, isto é tudo...

— Filho de um cão! — disse furioso o major, depois gritou para Lochart: — Em nome de Deus, depreeeeessa! — Ele se virou e olhou para o carro que se aproximava. E que se aproximava depressa.

Arrancou a carabina da mão de Valik, ajoelhou-se na porta, mirou o motorista e puxou o gatilho. O tiro foi alto — enquanto atrás dele Annoush e as crianças gritavam de terror — o carro saiu da estrada e passou por trás de uma fileira de cabanas, tornando a aparecer por um instante antes de dar a volta no hangar e desaparecer.

Lochart estava com os fones no ouvido e observava os mostradores subirem, louco para apressá-los.

— Vamos, droga — resmungou, com as mãos e os pés preparados nos controles, o barulho dos jatos aumentando e o capitão ao lado dele rezando alto. Não podia ouvir Annoush soluçando lá atrás nem as crianças apavoradas que tinham engatinhado para fora do esconderijo para enfiar o rosto no colo da mãe, nem Valik e o major gritando para ele andar depressa.

Agulhas subindo. Ainda subindo. Ainda subindo. Quase no verde. Agora! Sua mão esquerda começou a levantar a alavanca de comando, mas o carro saiu de trás do hangar e veio de frente na direção deles, parando a 15 metros de distância. Cinco homens saltaram. Um deles correu diretamente para a cabine do piloto e apontou um rifle automático para ele, os outros se dirigiram para a porta de trás. Tom já estava quase no ar, mas sabia que seria um homem morto se continuasse e viu o homem fazer sinal para ele parar. Obedeceu, depois virou-se para olhar para trás. Os outros homens estavam subindo no aparelho. Eram todos oficiais, Valik e o major os abraçavam, então ele ouviu:

— Decole, pelo amor de Deus! — E sentiu uma cotovelada nos quadris. Era Ali, o capitão, do lado dele.

— Decole! — repetiu Ali, com seu inglês de sotaque americano, e fez um sinal com os polegares para cima para o homem que estava lá fora, ainda com o rifle apontado para eles. O homem correu, entrou e fechou a porta. — Depressa, droga, olhe para lá! — Apontou para o outro lado da pista. Havia mais carros vindo naquela direção. Alguém atirava com uma metralhadora pela janela. Em segundos, Lochart decolou, com todos os sentidos concentrados na fuga.

Atrás dele, alguns oficiais aplaudiram, se seguraram quando o helicóptero se inclinou para escapar, e se espalharam pelos assentos. Muitos eram coronéis. Alguns estavam abalados, particularmente o brigadeiro Seladi, que se sentou entre Valik e o major.

— Não sabia ao certo se era o senhor, brigadeiro Excelência — o major estava dizendo —, então atirei para o alto como um aviso. Deus seja louvado pelo plano ter funcionado tão bem.

— Mas vocês iam decolar. Vocês iam nos deixar! Vocês...

— Oh, não, tio Excelência — Valik interrompeu delicadamente —, foi o piloto inglês, ele estava entrando em pânico e não queria esperar! Eles não têm colhões, os ingleses! Mas não se preocupe — acrescentou —, nós estamos armados, temos comida e estamos salvos! Louvado seja Deus! E mais louvado ainda por eu ter tido tempo para planejar. — Sim, pensou, se não fosse por mim e pelo meu dinheiro, estaríamos todos mortos. Dinheiro para subornar o homem que soltou a nós e a você, e para subornar o major e o capitão para que soltassem Lochart, de quem eu ainda preciso mais um pouco.

— Se tivéssemos ficado, teríamos sido mortos! — O brigadeiro Seladi estava furioso, seu rosto estava roxo de raiva. — Maldito seja esse piloto! Por que você perdeu tempo em soltá-lo? Ali sabe pilotar um 212.

— Sim, mas Lochart tem mais experiência e nós precisamos dele para atravessar este labirinto.

Valik sorriu encorajadoramente para Annoush, que estava sentada do outro lado do corredor, de frente para ele, com a garotinha tremendo nos braços e o filho sentado no chão, cochilando com a cabeça em seu colo. Ela sorriu de volta, debilmente, mudando a criança de posição para aliviar a dor que sentia no corpo inteiro. Ele esticou o braço e tocou nela, depois acomodou-se mais confortavelmente no assento e fechou os olhos, muito cansado, mas muito satisfeito. Você é um homem muito esperto, disse a si mesmo. No fundo do coração ele sabia que sem o estratagema de fingir para McIver que a Savak ia prendê-lo — e principalmente a sua família — nem McIver nem Lochart os teriam ajudado a fugir. Você os avaliou perfeitamente, como fez com Gavallan.

Idiotas!, pensou com desprezo.