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Um Capricho dos Deuses

Sidney Sheldon

Título originaclass="underline" Windmills of the Gods

Tradução: A. B. Pinheiro de Lemos

Editora Record, 7ª ed.

Digitalizado por SusanaCap

www.portaldetonando.com.br/forumnovo/

Sumário

LIVRO UM 6

LIVRO DOIS 125

LIVRO TRÊS 196

Contracapa

Mary Ashley, uma jovem e brilhante professora de assuntos da Europa Oriental na Universidade Estadual do Kansas, é designada embaixadora dos Estados Unidos num país da Cortina de Ferro, a Romênia. Desse momento em diante, ela mergulha num pesadelo assustador, que acaba com a vida de seu marido e ameaça a sua e a de seus dois filhos. Numa diabólica trama de espionagem, concebida por uma cabala, de poderosos líderes mundiais, a ação vai de Washington a Paris, Roma, Buenos Aires e Bucareste.

Sozinha, estranha numa terra estranha, Mary Ashley se descobre atraída por dois homens carismáticos: Mike Slade, seu enigmático subchefe da missão, e Louis Oesforges, médico da embaixada francesa. Um deles está envolvido numa conspiração para matá-la — mas qual?

A tensão vai se adensando para um clímax espetacular, enquanto uma das mais tocantes heroínas de Sheldon passa de uma inocente esposa e mãe oriunda de uma pequena cidade americana para uma mulher que se vê obrigada a enfrentar inimigos mortais desconhecidos e que se torna o alvo de Angel, um assassino de aluguel de nível internacional que jamais fracassou em qualquer contrato de assassinato.

Neste seu novo e magistral livro, Sidney Sheldon apresenta os mesmos personagens fascinantes e a ação vertiginosa que se tornaram a sua marca registrada.

Prólogo

Perho, Finlândia

A reunião foi realizada numa cabana confortável, preparada para resistir a qualquer tempestade, numa área remota de bosques, a 340 quilômetros de Helsinki, perto da fronteira russa. Os membros da divisão ocidental do Comitê chegaram discretamente, a intervalos regulares. Vinham de oito países diferentes, mas um importante ministro do Valtioneuvosto, o conselho de Estado finlandês, cuidara de tudo e não havia visto de entrada em seus passaportes. À chegada, guardas armados escoltavam os visitantes até a cabana. Depois que o último apareceu, a porta da cabana foi trancada e os guardas tomaram suas posições, sob o vento uivante de janeiro, alertas a qualquer sinal de intrusos.

Os homens sentados à mesa grande e retangular eram poderosos, ocupavam altos cargos em seus respectivos governos. Já haviam se encontrado antes, em circunstâncias menos clandestinas, e confiavam uns nos outros porque não tinham opção. Como medida de segurança adicional, cada um recebera um codinome.

A reunião já se prolongava há quase cinco horas, e a discussão era acalorada.

O presidente acabou decidindo que estava na hora de fazer uma votação. Levantou-se, um homem muito alto, virou-se para o companheiro sentado à sua direita.

— Sigurd?

— Sim.

— Odin?

— Sim.

— Balder?

— Estamos sendo precipitados. Se isso vier à tona, nossas vidas estariam...

— Sim ou não, por favor?

— Não...

— Freyr?

— Sim.

— Sigmund?

— Nein. O perigo...

— Thor?

— Sim.

— Tyr?

— Sim.

— Eu também voto sim. A resolução está aprovada. Informarei ao Controlador. Em nossa próxima reunião comunicarei a sua recomendação para a pessoa mais bem qualificada para executar a proposta. Manteremos as precauções habituais e sairemos a intervalos de vinte minutos. Obrigado, senhores.

Duas horas e 45 minutos depois, a cabana estava deserta. Um grupo de especialistas, levando querosene, entrou em ação e ateou fogo à cabana, as chamas vermelhas atiçadas pelo vento.

Quando a palokunta, a brigada de incêndio de Perho, chegou ao local, nada mais restava para se ver, além das brasas fumegantes que destacavam a cabana contra a neve. O assistente do chefe dos bombeiros aproximou-se das cinzas, inclinou-se e cheirou.

— Querosene — murmurou. — O incêndio foi proposital.

O chefe olhava fixamente para as ruínas, com expressão aturdida.

— É muito estranho...

— O quê?

— Estive caçando nesta área na semana passada. Não havia nenhuma cabana por aqui.

LIVRO UM

1

Washington, D.C.

Stanton Rogers estava fadado a ser presidente dos Estados Unidos. Era um político carismático, atraía a atenção de um público que o aprovava, contava com o apoio de amigos poderosos. Infelizmente para Rogers, a libido interrompeu sua carreira. Ou, como comentaram os maledicentes de Washington:

— O velho Stanton fodeu-se no caminho para a presidência.

Não se diga que Stanton Rogers se imaginava um Casanova. Ao contrário, fora um marido exemplar até aquela aventura romântica fatal. Era bonito, rico, e estava se encaminhando para um dos cargos mais importantes do mundo; tivera muitas oportunidades para enganar a esposa, mas nunca pensara em outra mulher.

Houve uma segunda ironia, talvez maior: a esposa de Stanton Rogers, Elizabeth, era comunicativa, bonita e inteligente, e os dois partilhavam um interesse comum em quase tudo, enquanto Barbara, a mulher por quem Rogers se apaixonou e acabou casando, depois de um divórcio que foi a delícia dos colunistas, era cinco anos mais velha, tinha um rosto agradável mas não era bonita, e parecia não ter nada em comum com ele. Stanton era atlético; Barbara detestava todas as formas de exercício físico. Stanton era gregário; Barbara preferia ficar a sós com o marido ou então receber apenas pequenos grupos. A maior surpresa para os que conheciam Stanton Rogers era a diferença política. Stanton era um liberal, enquanto Barbara fora criada numa família de arquiconservadores.

Paul Ellison, o maior amigo de Stanton, comentara:

— Você deve ter perdido o juízo! Você e Liz estavam praticamente no Livro Guinness de Recordes Mundiais como o casal perfeito. Não pode jogar tudo isso fora por uma trepada rápida.

Stanton Rogers respondera tensamente:

— Não fale assim, Paul. Estou apaixonado por Barbara e vamos casar assim que eu obtiver o divórcio.

— Tem alguma idéia das conseqüências para a sua carreira?

— Metade dos casamentos deste país termina em divórcio. Não fará a menor diferença.

Revelara-se um péssimo profeta. As notícias do divórcio litigioso foram um maná para a imprensa, e as publicações sensacionalistas divulgaram tudo, inclusive fotografias do ninho de amor de Stanton Rogers e histórias de encontros secretos à meia-noite. Os jornais sustentaram a história por tanto tempo quanto foi possível. Quando o furor finalmente se desvaneceu, os amigos poderosos que apoiavam Stanton Rogers em seu caminho para a presidência haviam desaparecido. Encontraram um novo cavaleiro andante para apoiar: Paul Ellison.

Ellison era uma escolha sensata. Podia não possuir a aparência atraente e o carisma de Stanton Rogers, mas era inteligente, simpático e tinha os antecedentes certos. Era baixo, feições regulares, olhos azuis que irradiavam sinceridade. Estava casado e feliz há dez anos com a filha de um magnata do aço; ele e Alice eram conhecidos como um casal afetuoso e apaixonado.

Como Stanton Rogers, Paul Ellison cursara Yale e se formara pela Faculdade de Direito de Harvard. Os dois haviam sido criado juntos. Suas famílias possuíam casas de veraneio vizinhas em Southampton, e os garotos iam à praia, organizavam times de beisebol e, mais tarde, saíam juntos com namoradas. Foram da mesma turma em Harvard. Paul Ellison saíra-se muito bem, mas Stanton Rogers fora o astro da turma. O pai de Stanton Rogers era sócio sênior de um prestigiado escritório de advocacia de Wall Street. Stanton trabalhava lá nas férias de verão e arrumou para que Paul o acompanhasse. Assim que saiu da faculdade, a estrela política de Stanton Rogers começou a subir meteoricamente; e se ele era o cometa, Paul Ellison era a cauda.