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Ele não concluiu a frase.

— Então Angel não tentará nada.

— Não hoje. Mais cedo ou mais tarde, ele tentará de novo.

— Estão me pedindo para servir como alvo. O coronel McKinney disse:

— Não precisa concordar, senhora embaixadora. Posso acabar com tudo isso agora. Voltaria para o Kansas com as crianças e deixaria esse pesadelo para trás. Recomeçaria minha vida anterior, voltaria a dar aulas, viveria como um ser humano normal. Ninguém quer assassinar uma simples professora. Angel me esqueceria.

Ela olhou para Mike Slade e o coronel McKinney e disse:

— Não quero expor meus filhos ao perigo.

— Posso dar um jeito para que Beth e Tim sejam retirados da residência discretamente e trazidos sob escolta para cá — sugeriu o coronel McKinney.

Mary ficou olhando em silêncio para Mike Slade por um longo momento, antes de murmurar:

— Que tal um vestido com um alvo no meio?

30

Na sala do coronel McKinney, na embaixada, duas dúzias de fuzileiros estavam recebendo ordens.

— Quero que a residência seja vigiada como o Forte Knox — declarou o coronel McKinney, em tom brusco. — Os romenos estão dando toda a cooperação. Ionescu determinou que seus soldados isolem completamente a praça. Ninguém poderá atravessar sem passe. Teremos os nossos postos de controle em todas as entradas da residência. Qualquer pessoa que entrar ou sair terá de passar por um detector de metal. O prédio e o terreno ficarão completamente cercados. Teremos atiradores de elite no telhado. Alguma pergunta?

— Não, senhor.

— Estão dispensados.

Havia no ar um grande sentimento de excitação. Imensos holofotes cercavam a casa, iluminando o céu. Policiais militares americanos e guardas romenos obrigavam a multidão a se movimentar. Investigadores à paisana misturavam-se com a multidão, procurando por qualquer pessoa suspeita. Alguns circulavam com cães da polícia treinados para farejar explosivos.

A cobertura da imprensa era total. Havia fotógrafos e repórteres de uma dúzia de países. Todos haviam sido cuidadosamente investigados e seus equipamentos examinados, antes de receberem permissão para entrar na residência.

— Uma barata não conseguiria entrar aqui esta noite — gabou-se o oficial dos fuzileiros no comando da segurança.

No depósito, o cabo dos fuzileiros já estava cansado de observar a pessoa que enchia os balões. Ele tirou um cigarro do bolso e ia acendê-lo quando Angel gritou:

— Apague isso!

O fuzileiro olhou para Angel, surpreso.

— Qual é o problema? Não está enchendo os balões com hélio? O hélio não é inflamável.

— Apague isso! O coronel McKinney disse que ninguém podia fumar aqui.

O fuzileiro resmungou:

— Mas que merda!

Ele largou o cigarro no chão e apagou-o com a sola do sapato. Angel observou para se certificar de que não restavam brasas, depois voltou a se concentrar no trabalho de encher cada balão de um cilindro diferente.

Era verdade que o hélio não era inflamável, só que nenhum dos cilindros continha apenas hélio. O primeiro tanque estava cheio de propano, o segundo, de fósforo branco, e o terceiro, de uma mistura de oxigênio c acetileno. Na noite anterior, Angel deixara bastante hélio nos cilindros para fazer com que os balões subissem.

Estava enchendo um em cada dez balões com propano, um em cada cinqüenta com oxigênio-acetileno, e um em cada cem com fósforo branco. Quando os balões explodissem, o fósforo branco agiria como um incendiado para a descarga inicial de gás, sugando o oxigênio, de tal forma que todas as pessoas num raio de cinqüenta metros ficariam completamente sem ar. O fósforo se transformaria no mesmo instante num líquido escaldante, caindo sobre todas as pessoas no salão de baile. O efeito térmico destruiria os pulmões e vias respiratórias, e a explosão demoliria a área de um quarteirão. Seria uma beleza.

Angel empertigou-se e olhou para os balões coloridos flutuando contra o teto do depósito.

— Já acabei.

— Está certo. Tudo o que temos de fazer agora é levar os balões para o salão de baile e deixar os convidados se divertirem. — O cabo chamou quatro guardas. — Ajudem-me a tirar estes balões daqui.

Um dos guardas abriu a porta para o salão de baile. Estava todo decorado com bandeiras americanas e faixas vermelhas, brancas e azuis. Na outra extremidade estava o palanque para a banda. O salão já estava cheio de convidados, servindo-se nas mesas do bufê, encostadas nas paredes, nos lados.

— É um lindo salão — comentou Angel. Dentro de uma hora estará repleto de cadáveres carbonizados. — Posso tirar uma fotografia?

O cabo deu de ombros.

— Por que não? Vamos, pessoal, comecem a trabalhar.

Os fuzileiros passaram por Angel e começaram a empurrar os balões cheios para o salão de baile, observando enquanto flutuavam para o teto.

— Mais cuidado — advertiu Angel. — Devagar.

— Não se preocupe — gritou um fuzileiro. — Não vamos furar os seus preciosos balões.

Angel ficou na porta, contemplando as cores exuberantes que subiam pelo salão. Não pôde deixar de sorrir. Mil daquelas belezas letais aninhadas contra o teto. Tirou uma câmara do bolso e avançou para o salão.

— Ei, você não tem permissão para entrar aí! — protestou o cabo.

— Só quero tirar uma foto para minha filha. Aposto que a filha deve ser também uma beleza, pensou o cabo, sardônico.

— Está bem. Mas não demore.

Angel olhou pelo salão para a entrada. A embaixadora Mary Ashley estava chegando, acompanhada pelos dois filhos. Angel sorriu. A ocasião mais oportuna.

Quando o cabo virou as costas, Angel rapidamente pôs a câmara sob uma mesa coberta por uma toalha, onde não poderia ser vista. O mecanismo de tempo automático estava armado para funcionar dentro de uma hora. Estava tudo pronto.

O fuzileiro estava se aproximando.

— Já acabei — disse Angel.

— Vou acompanhar você até a saída.

— Está bem.

Cinco minutos depois Angel estava fora da residência, afastando-se a pé pela rua Alexandru Sahia.

Apesar de ser uma noite quente e úmida, a área em torno da residência oficial da embaixadora americana se tornara um verdadeiro hospício. A polícia fazia o maior esforço para conter centenas de romenos curiosos que continuavam a chegar. Cada luz na residência estava acesa, e o prédio parecia arder contra o céu noturno.

Antes de a festa começar, Mary levara as crianças para o segundo andar.

— Precisamos ter uma reunião de família — disse ela, sentindo que tinha a obrigação de lhes contar a verdade.

Eles escutaram, com os olhos arregalados, enquanto a mãe explicava o que estava acontecendo e qual poderia ser o resultado final.

— Cuidarei para que vocês não corram qualquer perigo — acrescentou Mary. — Serão tirados daqui e levados para um lugar onde estarão seguros.

— Mas o que você vai fazer? — indagou Beth. — Alguém está tentando matá-la. Não pode ir com a gente?

— Não, querida. Não se quisermos apanhar o homem. Tim fazia a maior força para não chorar.

— Como sabe que eles conseguirão apanhá-lo? Mary pensou por um momento, antes de responder:

— Porque Mike Slade disse que vão agarrá-lo. Certo, pessoal?

Beth e Tim trocaram um olhar. Os dois estavam pálidos, apavorados. Mary sentia um aperto no coração. Eles são ainda muito jovens para passarem por isso, pensou. Qualquer um é jovem demais para passar por isso.

Vestiu-se com todo cuidado, imaginando se não estaria se aprontando para a sua morte. Escolheu um longo formal, de chiffon vermelho, com sandálias de saltos altos, também vermelhas. Contemplou-se no espelho. O rosto estava muito pálido.