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Quinze minutos depois, Mary, Beth e Tim entraram no salão de baile. Foram andando, cumprimentando os convidados, tentando disfarçar o nervosismo. Quando chegaram ao outro lado do salão, Mary virou-se para os filhos.

— Vocês precisam fazer os deveres de casa — disse ela, em voz alta. — Voltem para seus quartos.

Ela observou-os se retirarem, com um caroço na garganta, pensando: Peço a Deus que Mike Slade saiba o que está fazendo.

Houve um estrondo alto e Mary teve um sobressalto. Virou-se no mesmo instante para ver o que estava acontecendo, o coração disparado. Uma garçom deixara cair uma bandeja e estava recolhendo os pratos quebrados. Mary tentou controlar as batidas do coração. Como Angel estava planejando assassiná-la? Correu os olhos pelo festivo salão de baile, mas não havia qualquer pista.

No momento em que deixaram o salão de baile, as crianças foram levadas pelo coronel McKinney para uma entrada de serviço. Ele disse aos dois fuzileiros armados que esperavam na porta:

— Leve-os para o gabinete da embaixadora. Não os deixem longe de suas vistas por um instante sequer.

Beth perguntou:

— Não vai mesmo acontecer nada com mamãe?

— Tudo vai acabar bem — prometeu McKinney.

E ele rezou para que assim fosse. Mike Slade observou Beth e Tim partirem, depois foi se encontrar com Mary.

— As crianças já estão a caminho — informou ele. — Tenho de verificar algumas coisas agora. Voltarei daqui a pouco.

— Não me deixe. — As palavras saíram antes que Mary pudesse se controlar. — Quero ir com você.

— Por quê?

Ela respondeu com toda sinceridade:

— Eu me sinto mais segura ao seu lado. Mike sorriu.

— Isto é uma mudança e tanto. Vamos.

Mary seguiu-o, logo atrás. A banda começara a tocar e muitas pessoas dançavam. O repertório era de canções americanas, quase todas de musicais da Broadway. Tocavam números de Oklahoma, South Pacific, Annie get your gun e My fair lady. Os convidados estavam se divertindo imensamente. Os que não dançavam se serviam das bandejas de prata com champanha que os garçons distribuíam ou pegavam comida nas mesas do bufê.

O salão parecia espetacular. Mary levantou a cabeça e lá estavam os balões — mil balões — flutuando contra o teto rosa. Era uma ocasião festiva. Se ao menos a morte não fosse parte do espetáculo, pensou ela. Seus nervos estavam tão tensos que ela estava pronta para gritar. Um convidado esbarrou nela e Mary se encolheu contra a picada de uma agulha letal. Ou será que Angel planejava matá-la a tiros na frente de toda aquela gente? Ou apunhalá-la? O suspense do que podia acontecer era insuportável. Estava encontrando dificuldade para respirar. No meio dos convidados conversando e rindo, ela sentia-se nua e vulnerável. Angel podia estar em qualquer lugar. Podia estar observando-a naquele mesmo instante.

— Acha que Angel está aqui neste momento? — perguntou ela.

— Não sei — respondeu Mike. E isso era o mais assustador. Ele viu a expressão de Mary e acrescentou: — Se quiser se retirar...

— Não. Você disse que sou a isca. Sem a isca, ele não vai dar o bote.

Mike acenou com a cabeça e apertou-lhe o braço.

— É verdade.

O coronel McKinney estava se aproximando.

— Realizamos uma revista meticulosa, Mike. Não encontramos nada. Isso não me agrada.

— Vamos dar outra olhada.

Mike fez um sinal para os quatro fuzileiros armados que estavam próximos e eles se adiantaram para junto de Mary. Ele acrescentou para ela:

— Voltarei num instante.

Mary engoliu em seco, nervosamente.

— Por favor.

Mike e o coronel McKinney, acompanhados por dois guardas com cães farejadores, revistaram todos os cômodos no segundo andar da residência.

— Nada — disse Mike.

Foram falar com o fuzileiro que estava vigiando a escada dos fundos.

— Algum estranho apareceu aqui?

— Não, senhor. É uma noite de domingo tranqüila e normal.

Nem tanto, pensou Mike, amargurado.

Foram para um quarto de hóspedes no final do corredor. Um fuzileiro armado estava de guarda ali. Bateu continência para o coronel e deu um passo para o lado, a fim de deixá-los entrar. Corina Socoli estava deitada na cama, lendo um livro em romeno. Jovem, bela e talentosa, o tesouro nacional romeno. Poderia ser uma infiltração? Poderia estar ajudando Angel? Corina levantou os olhos.

— Lamento não poder ir à festa. Parece muito divertida. Mas não tem problema, continuarei no quarto e acabarei o livro.

— Isso mesmo. — Mike fechou a porta. — Vamos dar outra olhada lá embaixo.

Eles voltaram à cozinha.

— O que acha de veneno? — sugeriu o coronel McKinney. — Ele não poderia usá-lo?

Mike sacudiu a cabeça.

— Não é suficientemente fotogênico. Angel está querendo uma grande explosão.

— Não há a menor possibilidade de alguém trazer explosivos para cá. Nossos peritos já examinaram tudo, os cachorros circularam... o lugar está limpo. Ele não pode nos atingir através do telhado, porque é à prova de bombas. É simplesmente impossível.

— Há uma maneira.

O coronel McKinney olhou para Mike.

— Qual?

— Não sei. Mas Angel sabe.

Eles tornaram a revistar a biblioteca e as salas. Nada. Passaram pelo depósito, onde o cabo e seus homens empurravam os últimos balões para o salão de baile, observando-os flutuarem para o teto.

— Bonito, hem? — disse o cabo.

— É mesmo.

Começaram a se afastar. Mike parou de repente.

— De onde vieram esses balões, cabo?

— Da base aérea dos Estados Unidos em Frankfurt, senhor.

Mike apontou para os cilindros de hélio.

— E aquilo?

— Do mesmo lugar. Foram escoltados até nosso armazém de acordo com suas instruções, senhor.

Mike disse ao coronel McKinney:

— Vamos verificar lá em cima mais uma vez. Eles se viraram para sair. O cabo disse:

— Ah, coronel, a pessoa que o senhor mandou esqueceu de deixar a ficha de serviço. Vai ser pago pela folha militar ou pela civil?

O coronel McKinney franziu o rosto.

— Que pessoa?

— A que autorizou a encher os balões. O coronel McKinney sacudiu a cabeça.

— Eu nunca... Quem disse que fui eu que autorizei?

— Eddie Maltz. Ele disse que o senhor...

O coronel McKinney não o deixou continuar.

— Eddie Maltz? Ordenei que ele fosse para Frankfurt. Mike virou-se para o cabo, com um tom de urgência

na voz:

— Como era esse homem?

— Não era um homem, senhor. Era uma mulher. Para ser franco, achei-a muito esquisita. Gorda e feia. Tinha um sotaque engraçado. Era toda bexiguenta, o rosto inchado.

Mike disse a McKinney, muito excitado:

— Parece a descrição de Neusa Muñez que Harry Lantz forneceu ao comitê.

A revelação atingiu os dois ao mesmo tempo. Mike disse, lentamente:

— Santo Deus, Neusa Muñez é Angel! — Apontou para os cilindros. — Ela encheu os balões com esses tanques?

— Isso mesmo, senhor. E achei estranho. Acendi um cigarro e ela gritou para que eu apagasse. Eu disse "Hélio não é inflamável" e ela...

Mike levantou os olhos.

— Os balões! Os explosivos estão nos balões!

Os dois homens olharam para o teto alto, coberto pelos espetaculares balões vermelhos, brancos e azuis.

— Ela está usando alguma espécie de mecanismo de controle remoto para explodi-los. — Mike virou-se para o cabo. — Há quanto tempo ela foi embora?

— Acho que há cerca de uma hora.

Por baixo da mesa, sem ser visto, o mecanismo de tempo estava a seis minutos do prazo fatal.