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Mike esquadrinhava freneticamente o imenso salão.

— Ela pode ter escondido em qualquer lugar. Pode entrar em ação a qualquer segundo. Jamais conseguiríamos encontrá-lo a tempo.

Mary estava se aproximando. Mike virou-se para ela.

— Tem de evacuar o salão. E depressa. Faça um anúncio. Vai parecer melhor se partir de você. Mande todo mundo lá para fora.

Mary estava espantada.

— Mas... por quê? O que aconteceu?

— Descobrimos o brinquedo de Angel. — Mike apontou para o teto, sombrio. — Aqueles balões. São letais.

Mary olhava com expressão horrorizada.

— Não podemos tirá-los?

Mike disse asperamente:

— Deve haver mil balões. Quando se começar a tirá-los, um a um...

A garganta de Mary estava tão ressequida que as palavras quase não saíram.

— Mike... conheço um meio.

Os dois homens a fitavam atentamente.

— A "loucura do embaixador". O teto. Pode-se abri-lo.

Mike tentou controlar seu excitamento.

— Como funciona?

— Há uma alavanca que...

— Não — disse Mike. — Não podemos usar nada elétrico. Uma centelha poderia explodir os balões. Não se pode abrir manualmente?

— É possível. — As palavras saíam se atropelando. — O teto é dividido ao meio. Há uma manivela em cada lado que...

Mary estava falando sozinha. Os dois homens subiram a escada, frenéticos. Chegando ao último andar, encontraram a porta que dava para o sótão e entraram. Uma escada de madeira levava a um passadiço por cima, que era usado pelos operários para limpar o teto do salão de baile. Havia uma manivela na parede.

— Deve haver uma manivela no outro lado — disse Mike.

Ele começou a avançar pelo passadiço estreito, abrindo caminho pelo mar de balões letais, fazendo um esforço para manter o equilíbrio, sem olhar para as pessoas lá embaixo. Uma corrente de ar empurrou uma massa de balões em sua direção e ele escorregou. Um pé deslizou para fora do passadiço. Começou a cair. Segurou-se nas tábuas, ficou pendurado. Lentamente, conseguiu subir. Estava encharcado de suor. Foi engatinhando pelo resto do caminho. Lá estava a manivela, presa à parede.

— Estou pronto — gritou Mike para o coronel. — Tome cuidado. Nada de movimentos bruscos.

— Certo.

Mike começou a girar a manivela, bem devagar.

Por baixo da mesa, o detonador estava a dois minutos do prazo fatal.

Mike não podia ver o coronel McKinney por causa dos balões, mas podia ouvir o barulho da outra manivela sendo girada. Devagar, bem devagar, o teto começou a se abrir. Uns poucos balões, levantados pelo hélio, subiram pelo ar noturno. À medida que a abertura aumentou, mais balões começaram a escapar. Centenas saíram pela abertura, dançando na noite estrelada, arrancando exclamações de admiração das pessoas que estavam no salão de baile e na rua, sem desconfiarem de nada.

Lá embaixo, restavam 45 segundos para o controle remoto ser acionado. Alguns balões prenderam na beira do teto, fora do alcance de Mike. Ele se esticou todo para a frente, tentando soltá-los. Balançavam pouco além das pontas de seus dedos. Com extremo cuidado, avançou pelo passadiço, sem ter nada em que se segurar, e estendeu-se para soltar os balões. Agora!

Mike ficou onde estava, observando os últimos balões escaparem. Foram subindo cada vez mais alto, pintando a noite suave com suas cores fortes, até que repentinamente o céu explodiu.

Houve um tremendo estrondo, e as línguas de fogo vermelhas e brancas se elevaram pelo céu. Era uma comemoração de Quatro de Julho como se nunca vira antes. Lá embaixo, todos aplaudiram.

Mike observava, esgotado, cansado demais para se mexer. Estava acabado.

As prisões foram marcadas para ocorrer simultaneamente, nos cantos mais distantes do mundo.

Floyd Baker, o secretário de Estado, estava na cama com a amante quando a porta foi arrombada. Quatro homens entraram no quarto.

— Mas o que estão fazendo...?

Um dos homens tirou a identificação do bolso.

— FBI, senhor secretário. Está preso. Floyd Baker olhou espantado para o homem.

— Você deve estar louco. Qual é a acusação?

— Traição, Thor.

O general Oliver Brooks, Odin, estava tomando o café da manhã em seu clube quando dois agentes do FBI se aproximaram da mesa e o prenderam.

Sir Alex Hyde-White, membro do Parlamento, Freyr, estava sendo homenageado com um brinde num jantar parlamentar quando o mordomo do clube aproximou-se e disse:

— Com licença, sir Alex, mas há alguns cavalheiros lá fora que desejam lhe falar...

Em Paris, na Chambre des Députés de la République Française, um deputado, Balder, foi chamado para fora do plenário e preso por agentes da DGSE.

No prédio do Parlamento, em Nova Delhi, o porta-voz do Lok Sabha, Vishnu, foi metido numa limusine e levado para a prisão.

Em Roma, um membro da Camera dei Deputati, Tyr, estava num banho turco quando foi preso.

A limpeza não parou por aí.

Altas autoridades foram presas no México, Albânia e Japão. O mesmo aconteceu com um membro do Bundestag da Alemanha Ocidental, um deputado do Nationalrat na Áustria, o vice-presidente do Presidium da União Soviética.

As prisões incluíram também o presidente de uma grande companhia de navegação, um poderoso líder sindical, um evangelista da televisão e o diretor de um grande cartel petrolífero.

Eddie Maltz foi morto a tiros quando tentava fugir.

Pete Connors se suicidou quando os agentes do FBI arrombavam a porta de seu escritório.

Mary e Mike Slade estavam sentados na Sala Bolha, recebendo informações do mundo inteiro. Mike estava ao telefone.

— Vreeland — disse ele. — É um parlamentar na África do Sul.

Ele desligou e virou-se para Mary,

— Prenderam quase todos. Ainda não pegaram o Controlador e Neusa Muñez... Angel.

— Ninguém sabia que Angel era uma mulher? — indagou Mary, espantada.

— Não. Ela enganou a todos nós. Lantz descreveu-a para o comitê dos Patriotas pela Liberdade como uma mulher estúpida, gorda e feia.

— E o Controlador?

— Ninguém jamais o viu. Ele dava as ordens pelo telefone. Era um organizador brilhante, O comitê estava dividido em pequenas células, a fim de que um grupo nunca soubesse o que o outro estava fazendo.

Angel estava furioso, Na verdade, estava mais do que furioso. Era como um animal enlouquecido. O contrato fracassara, mas estava disposto a compensar. Ligara para o número privado em Washington e falara, usando sua voz apática:

— Angel disse que não precisa se preocupar. Houve algum engano, mas cuidaremos de tudo. Todos morrerão na próxima vez e...

— Não haverá uma próxima vez — explodira a voz. — Angel estragou tudo. Ele é pior do que um amador.

— Angel me disse...

— Não quero saber o que ele disse a você. Angel está liquidado. Não vai receber dinheiro nenhum. Basta dizer ao filho da puta para se manter longe de mim. Encontrarei outra pessoa que saiba fazer um trabalho direito.

E batera o telefone.

O gringo filho da puta. Ninguém jamais tratara Angel assim e vivera para contar a história. O orgulho estava em jogo. O homem tinha de pagar. E pagaria muito caro!

O telefone particular na Sala Bolha tocou. Mary atendeu. Era Stanton Rogers.

— Mary! Você está salva! E as crianças estão bem?

— Estamos todos bem, Stan.

— Graças a Deus acabou. Conte-me o que aconteceu exatamente.

— Foi Angel. Ela tentou explodir a residência e...

— Está querendo dizer ele.

— Não. Angel é uma mulher. Seu nome é Neusa Muñez.

Houve um silêncio longo e atordoado.