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— Neusa Muñez? Aquela mulher gorda, estúpida e feia era Angel?.

Mary sentiu um calafrio percorrer seu corpo.

— Isso mesmo, Stan.

— Há alguma coisa que eu possa fazer por você, Mary?

— Não. Estou indo ver meus filhos. Conversarei com você mais tarde.

Ela desligou e ficou imóvel, desconcertada. Mike fitou-a.

— Qual é o problema? Ela se virou para ele.

— Disse que Harry Lantz só contou aos membros do comitê como Neusa Muñez era.

— É verdade.

— Pois Stanton Rogers acaba de descrevê-la.

Assim que desembarcou do avião no Aeroporto Dulles, Angel foi direto para uma cabine telefônica e discou o número particular do Controlador. A voz familiar disse:

— Stanton Rogers.

Dois dias depois, Mike, o coronel McKinney e Mary estavam sentados na sala de conferências da embaixada. Um perito em eletrônica acabara de limpá-la.

— Tudo se ajusta agora — disse Mike. — O Controlador só podia ser Stanton Rogers, mas nenhum de nós podia perceber isso.

— Mas por que ele queria me matar? — indagou Mary. — No começo, ele foi contra minha escolha para embaixadora. Ele próprio me contou.

Mike explicou:

— Ele ainda não terminara de formular seu plano na ocasião. Mas depois que compreendeu o que você e seus filhos simbolizavam, então tudo ficou definido. A partir desse momento, ele passou a lutar por sua designação. Foi o que nos confundiu. Ele estava por trás de você o tempo todo, providenciando para que tivesse a maior projeção na imprensa, cuidando para que fosse vista em todos os lugares certos pelas pessoas certas.

Mary estremeceu.

— Por que ele haveria de querer se envolver com...?

— Stanton Rogers nunca perdoou Paul Ellison por se tornar presidente. Sentia-se trapaceado. Ele começou como um liberal e casou com uma reacionária de extrema direita. Meu palpite é de que a esposa convenceu-o a mudar de posição.

— Já o encontraram?

— Ainda não. Ele desapareceu. Mas não pode se esconder por muito tempo.

O corpo de Stanton Rogers foi encontrado num aterro de lixo em Washington dois dias depois. Os olhos haviam sido arrancados.

31

O presidente Paul Ellison estava telefonando da Casa Branca.

— Eu me recuso a aceitar sua renúncia.

— Lamento, senhor presidente, mas não posso...

— Mary, sei muito bem o quanto você sofreu, mas estou lhe pedindo para permanecer em seu posto na Romênia.

Sei muito bem o quanto você sofreu. Será que alguém tinha alguma idéia? Ela era extremamente ingênua quando chegou, transbordando de ideais e esperanças. Seria o símbolo e o espírito de seu país. Mostraria ao mundo como os americanos eram realmente maravilhosos. E durante todo o tempo não passara de um joguete. Fora usada pelo presidente, pelo governo, por todos que a cercavam. Ela e os filhos haviam sido levados para um perigo mortal. Pensou em Edward e em como ele fora assassinado, em Louis, suas mentiras e sua morte. Pensou na destruição que Angel semeara pelo mundo inteiro.

Não sou mais a mesma pessoa que era quando cheguei aqui, pensou Mary. Eu era uma inocente. Amadureci da maneira mais árdua, mas amadureci. Consegui realizar alguma coisa aqui. Tirei Hannah Murphy da prisão, fechei a venda dos cereais. Salvei a vida do filho de Ionescu e obtive o empréstimo bancário para os romenos. Salvei alguns judeus.

— Alô? — disse o presidente. — Ainda está no telefone?

— Estou, sim, senhor.

Mary olhou através da mesa para Mike Slade, que estava arriado na cadeira, observando-a.

— Tem feito um trabalho extraordinário — disse o presidente. — Todos estamos muito orgulhosos de você. Já leu os jornais?

Mary não estava interessada nos jornais.

— Você é a pessoa que precisamos aí. Estará prestando um grande serviço a seu país, minha cara.

O presidente estava esperando por uma resposta. Mary pensava, avaliando sua decisão. Eu me tornei uma excelente embaixadora e ainda resta muita coisa para se fazer aqui. Ela disse finalmente:

— Senhor presidente, se eu concordar em ficar, vou exigir que nosso país conceda asilo a Corina Socoli.

— Lamento muito, Mary. Já expliquei por que não podemos fazer isso. Ionescu se sentiria ofendido e...

— Ele vai superar. Conheço Ionescu, senhor presidente. Ele a está usando como um instrumento de barganha.

Houve um silêncio prolongado.

— Como a tiraria da Romênia?

— Um avião militar de carga deve chegar pela manhã. Eu a mandaria nesse avião.

Outra pausa.

— Entendo. Muito bem. Aceitarei tudo com o Departamento de Estado. Se isso é tudo...?

Mary tornou a olhar para Mike Slade.

— Não, senhor. Há mais uma coisa. Quero que Mike Slade fique aqui comigo. Preciso dele. Formamos uma boa dupla.

Mike observava-a, com um sorriso nos lábios.

— Infelizmente, isso é impossível — declarou o presidente. — Preciso de Slade aqui. Ele já tem outra missão.

Mary ficou apertando o fone, sem dizer nada. O presidente acrescentou:

— Mandaremos outra pessoa. Pode escolher. Qualquer um que quiser.

Silêncio.

— Precisamos realmente de Mike aqui.

Mary tornou a olhar para Mike. O presidente disse:

— Mary? Alô? O que é isso... uma espécie de chantagem?

Mary continuou em silêncio, esperando. O presidente acabou cedendo, com evidente relutância:

— Bom, imagino que se você precisa mesmo dele, podemos dispensá-lo por algum tempo.

Mary sentiu uma alegria intensa.

— Obrigada, senhor presidente. Terei o maior prazer em continuar como sua embaixadora.

O presidente tinha um comentário finaclass="underline"

— É uma tremenda negociadora, senhora embaixadora. Tenho alguns planos interessantes para você quando terminar seu serviço aí. Boa sorte. E não se meta em encrencas.

Ele desligou. Mary repôs o fone no gancho, devagar. Olhou para Mike.

— Você continuará aqui. E ele me disse para não me meter em encrencas.

Mike Slade sorriu.

— O presidente tem muito senso de humor. — Ele levantou-se e aproximou-se de Mary. — Lembra do dia em que nos conhecemos e eu disse que você era um dez perfeito?

Ela se lembrava, e muito bem.

— Lembro.

— Pois eu estava enganado. Agora você é um dez perfeito.

Ela sentiu um calor se irradiar por seu corpo.

— Oh, Mike...

— Já que vou ficar, senhora embaixadora, é melhor conversarmos sobre o problema que estamos tendo com o ministro do Comércio romeno. — Ele fitou-a nos olhos e acrescentou, gentilmente: — Aceita um café?

Epílogo

Alice Springs, Austrália

A presidente estava falando ao comitê:

— Sofremos um revés, mas por causa das lições aprendidas nossa organização será ainda mais forte. Agora, vamos fazer uma votação. Afrodite?

— Sim.

— Atena?

— Sim.

— Cibele?

— Sim.

— Selene?

— Considerando a morte horrível de nosso ex-Controlador, não deveríamos esperar até...

— Sim ou não, por favor.

— Não.

— Nice?

— Sim.

— Nêmesis?

— Sim.

— A moção está aprovada. Por favor, adotem as precauções habituais.

FIM