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— Fique atrás de mim.

— Não posso: É preciso que nós saibamos se as emanações são ou não ativas.

Me voltei. Os autômatos seguiam-nos, com os seus grandes braços metálicos já meio estendidos.

O Mislik, imóvel, via-nos chegar. Digo via-nos porque, apesar de me não ter apercebido de qualquer coisa que possa sugerir um órgão visual, sabia que ele estava perfeitamente consciente da nossa aproximação. De repente começou a mover-se para nós.

— Não se afastem demasiado da porta — disse a voz de Assza. Essine teve um movimento de recuo, depois veio se colocar a meu lado. O Mislik parou a três passos de nós, sem emitir.

Julgo que ele me reconhece — comecei. — Não emitirá se…

O que se passou em seguida foi duma incrível rapidez.

O Mislik emitiu violentamente. A sua faixa violeta atingiu bem um metro de comprimento. Depois, sem cessar de emitir, deslizou com uma pressa prodigiosa em nosso redor, carregando sobre o primeiro autômato. E nada ficou dessa maravilhosa máquina: era um monte de ferros torcidos e de rodas amolgadas. Uma pequena roda dentada rolou até meus pés e, estupidamente, vi-a descrever círculos cada vez mais estreitos antes de se imobilizar a meus pés.

— Atenção! — gritou-me Assza.

Este grito acordou-me do meu torpor. Voltei-me, vi Essine caída ao lado dos restos do autômato. O Mislik lançava-se sobre o segundo, que rolava para nós. Atirei duas vezes e o Mislik parou logo. Levantei Essine, inanimada. O autômato avançava. com os braços estendidos.

— Tome, cuide dela — disse-lhe, tal como a uma pessoa.

— Vou proteger a saída.

Bem entendido que não tive resposta. Levando Essine, ele rolou a toda pressa para a porta. O Mislik atacou de novo. Eu atirei e fi-lo parar. Começava a recuar, seguido dos outros dois autômatos, a pistola em punho. E então o Mislik voou! Ouvi as exclamações dos Sábios, lá em cima, na sala de verificação, O monstro metálico tomou altura, depois desceu direto contra mim, Atirei cinco vezes em vão. No derradeiro momento agachei-me e ele falhou. Ouvi uma voz — a de Assza? — dizer «tanto pior, os grandes meios!». Uma violenta luz dum branco cru inundou a cripta no momento em que o Mislik se preparava para atacar de novo. Ele desceu imediatamente, descrevendo ziguezagues, como endoidecido por uma dor fantástica.

— Depressa, entre, ou nós vamos matá-lo! gritou Assza, Acometi para a porta e penetrei na sala dos escafandros.

A luz crua extinguiu-se, a porta fechou-se e o ar entrou. Quatro Hiss, um dos quais Szzan, entraram e tiraram o escafandro de Essine. Estava pálida, mas viva.

Subi para o gabinete, encolerizado.

— Pois bem — disse a Azzlem —, estão satisfeitos? Eu ainda aqui estou, mas Essine talvez morra!

— Não. Um só Mislik não pode matar em tão pouco tempo, E se assim fosse? Quando o que está em jogo é o universo, o que conta uma vida, voluntária, de resto?

Não havia, evidentemente, nada a responder a isto. Tornaram a me fazer uma extração de sangue e uma outra numeração globular. A conclusão foi formaclass="underline" as irradiações do Mislik não produziam nenhum efeito sobre mim.

Fiquei outros dois dias na ilha com Assza, pois não queria partir antes de saber se Essine ficara livre de perigo. Ela voltou, a si rapidamente, mas estava ainda muito fraca, apesar das transfusões e da passagem sob os raios biogênicos, Mas Szzan sossegou-me: já tinha tratado e salvo alguns Hiss mais gravemente atingidos.

Regressei pra pequena casa de Souilik e tudo entrou na normalidade. De dois em dois dias ia na Casa dos Sábios para dar e receber lições. Liguei-me estreitamente a Assza, o físico gigante, guarda do Mislik — o qual parecia não se ter ressentido do violento castigo que lhe infligiram —, e a Szzan, o jovem biologista. E um dia em que falávamos de irradiações humanas tive uma idéia:

— Estas ondas Phen, que emitem os Milsliks e que emito também, não poderiam servir para entrar em contacto com eles?

Szzan refletiu um momento e respondeu:

— Não creio. Nós registamos estas ondas mas ignoramos totalmente a que correspondem. Não podemos experimentar, porque nos é tão impossível aproximar dum Mislik (você viu, pelo exemplo de Essine) como passar através duma estrela!

Como você emite as mesmas ondas — ou qualquer coisa que muito se aproxima —, poderemos experimentar consigo. Mas não creio que elas tenham qualquer coisa que ver com o psiquismo. Talvez estejam, antes, relacionadas com a sua extraordinária constituição, que encerra tanto ferro!

— Tanto pior — disse — Teria, no entanto, gostado de poder entrar em comunicação com ele — Isso não é, talvez, impossível — disse então Assza —, mas é preciso ter coragem.

Você deverá voltar a descer na cripta, levando um capacete amplificador do pensamento. As ondas psíquicas — as nossas ondas psíquicas — têm um alcance muito inferior ao da irradiação mislik e nós nunca podemos nos aproximar o suficiente para saber se poderíamos «ouvir» um Mislik. O Mislik — ou o Hiss — morria antes de o conseguir. Mas você poderá se aproximar. Será necessário penetrar na cripta, porque o isolamento do ferro-níquel para tanto as ondas do pensamento — se o Mislik as emite comparáveis com as nossas — como a sua irradiação mortal.

— Seja — disse eu. — Mas se ele voa de novo?

— Fique em frente da porta. Se ele voar, você entrará na sala dos escafandros.

— Bem. Quando se tenta a experiência?

Sentia que eles estavam ainda mais impacientes do que eu próprio.

— Tenho um grande réob de quatro lugares — começou Assza. Tenho também o meu. Vamos?

Vamos lá — atalhou Szzan, o mais novo de nós três. Será necessário modificar o capacete amplificador. Tenho o que é necessário no meu laboratório da ilha — replicou Assza.

Embarcamos e fomos a toda a pressa. Assza pilotava admiravelmente e era um pouco temerário: roçávamos as montanhas. Como estivéssemos sobre o mar, descobri um enorme engenho fusoide, mas não lenticular, que descia rapidamente sobre a montanha dos Sábios.

A astronave sinzu volta — disse Szzan. Vai haver reunião do Conselho.

— Você não assiste? — perguntei a Assza. Poderíamos adiar a experiência.

— Não. O Conselho só se reunirá esta noite. Temos tempo. Virá comigo ver os seus quase-irmãos, os Sinzus.

A ilha apareceu no mar azul. Assim que descemos nos precipitamos para o laboratório. Sianssi, o assistente-chefe, observava os aparelhos registradores.

— «Ele» repousa — disse-nos —, mas tornou-se intratável desde que o Tsérien desceu.

«Ele» destruiu mais um autômato Pela primeira vez ouvi, vocalizado, o nome que os Hiss nos deram: «Tsérien», corrupção de «Terrestre».

— Faça modificar o amplificador do pensamento, a fim de que o… Tsérien possa metê-lo sob o escafandro. Vai ainda descer para tentar entrar em comunicação com «ele».

O jovem Hiss olhou-me um momento antes de sair. Eu devia fazer-lhe o efeito dum ser quase tão monstruoso como o Mislik.

Observamos o Mislik com a ajuda do écran. Não se mexia, semelhante a um bloco de metal inerte. No entanto, era um ser dum fantástico poder, capaz de apagar as estrelas!

— Observe bem ele quando você estiver na cripta disse-me Assza. — Quando eles vão voar começam sempre por levantar ligeiramente a parte da frente. Você dispõe então dum milésimo de basike aproximadamente antes do vôo. Entre imediatamente.