Выбрать главу

- No meio de uma campanha em que ele estava na frente? Não faz sentido, Jim.

- Sei disso.

- Por que ele nos procurou?

- Russell quer mesmo ser eleito. Acho que ele é ambicioso. E pensa que pode dar sua contribuição à política. Gostaria que preparássemos uma campanha que não lhe custasse muito dinheiro. Ele não tem mais condições de comprar tempo na TV ou pagar propaganda impressa. O que podemos fazer por ele agora é conseguir entrevistas, distribuir notícias para a mídia, essas coisas.

Bailey fez uma pausa, balançou a cabeça.

- O governador Addison está gastando uma fortuna em sua campanha. E Russell sofreu uma queda considerável nas pesquisas nas últimas duas semanas. É uma pena. Ele é um bom advogado. Faz muitos serviços de utilidade pública. E estou convencido de que ele daria um bom governador.

Naquela noite Leslie escreveu a primeira anotação em seu novo diário: “Querido Diário: Esta manhã conheci o homem com quem vou me casar”.

A primeira parte da infância de Leslie Stewart foi única. Ela era uma criança de inteligência extraordinária. Seu pai era professor de inglês no Community College de Lexington e a mãe, dona-de-casa. O pai era um homem bonito, aristocrático e intelectual. Um pai dedicado, que cuidava para que a família sempre viajasse junta nas férias. Adorava Leslie.

- Você é a queridinha do papai - dizia ele.

Sempre comentava que ela estava linda, nunca deixava de elogiá-la por suas notas, seu comportamento, suas amigas. Leslie não fazia nada de errado aos olhos dele.

Em seu nono aniversário, o pai comprou um lindo vestido de veludo marrom, com punhos de renda. Pediu-lhe que pusesse o vestido e a exibiu para os amigos quando apareceram para o jantar.

- Ela não é linda?

Leslie o idolatrava.

Certa manhã, um ano depois, numa fração de segundo, a vida maravilhosa de Leslie se desvaneceu. A mãe, com o rosto manchado de lágrimas, chamou-a e sentou-a à sua frente.

- Querida, seu pai... nos deixou. Leslie não compreendeu a princípio.

- Quando ele voltará?

- Ele não vai mais voltar.

E cada palavra foi como uma faca afiada a penetrá-la. Minha mãe o afugentou, pensou Leslie. Ela sentiu pena da mãe, porque agora haveria um divórcio e uma briga pela custódia da filha. O pai nunca renunciaria a ela. Nunca mesmo. Ele virá me buscar garantiu Leslie a si mesma.

Mas semanas se passaram e o pai não a procurou. Não querem deixar que ele venha me visitar concluiu Leslie. Mamãe o está punindo.

Foi a tia idosa de Leslie quem explicou à criança que não haveria uma batalha pela custódia. O pai de Leslie se apaixonara por uma viúva que era professora na universidade e fora viver com ela, em sua casa na Limestone Street.

Um dia, quando saíram para fazer compras, a mãe de Leslie apontou a casa e disse, amargurada:

- É ali que eles vivem.

Leslie resolveu visitar o pai. Ao me ver refletiu ela, papai vai querer voltar para casa.

Numa sexta-feira, depois das aulas, Leslie foi até a casa na Limestone Street e tocou a campainha. A porta foi aberta por uma garota de sua idade. Ela usava um vestido de veludo marrom com punhos de renda. Leslie ficou chocada.

A garota a fitava com uma expressão de curiosidade.

- Quem é você?

Leslie saiu correndo.

No decorrer do ano seguinte, Leslie observou a mãe se recolher mais e mais para dentro de si mesma. Ela perdera todo e qualquer interesse pela vida. Leslie sempre achara que "morrer de coração partido" era apenas uma frase vazia, ma acabou observando, impotente, a mãe definhar e morrer. Quando as pessoas lhe perguntavam de que a mãe morrera Leslie respondia:

- Ela morreu de coração partido.

E decidiu que nenhum homem jamais faria isso com ela. Depois da morte da mãe, Leslie foi morar com a tia. Cursou o segundo grau na Bryan Station High School e se formou com summo cum laude pela Universidade do Kentucky. Em seu último ano de faculdade, foi eleita rainha da beleza. Recusou diversas propostas de agências de modelos.

Ela teve dois namoros breves, o primeiro com um astro de futebol americano da universidade, o outro com seu professor de economia. Ambos a deixaram rapidamente entediada. O problema era o fato de ser mais inteligente do que os dois.

A tia morreu pouco antes de Leslie se formar. Logo em seguida, ela se candidatou a um emprego na agência de propaganda e relações públicas Bailey &Tomkins. O escritório ficava na Vine Street, num prédio em formato de U, com um telhado de cobre e um chafariz no pátio.

Jim Bailey, o sócio sênior, examinou o currículo de Leslie e fez um movimento de aprovação com a cabeça.

- Impressiona de fato. E você está com sorte. Precisamos de uma secretária.

- Uma secretária? Eu esperava...

- Sim?

- Nada.

Leslie começou como secretária, tomando anotações em todas as reuniões, a mente sempre julgando e pensando em meios de melhorar as campanhas de propaganda que eram sugeridas. Certa manhã, um executivo de conta disse:

- Pensei no logotipo perfeito para a conta do Rancl Beef Chili. Podemos mostrar na etiqueta da lata um vaqueiro laçando um boi. Sugere que a carne é fresca e...

É uma idéia horrível, pensou Leslie. Todos a fitaram e ela percebeu, horrorizada, que falara em voz alta.

- Importa-se de explicar, mocinha?

- Eu... - ela gostaria de estar em outro lugar. Qualquer um. Todos esperavam.

Leslie respirou fundo.

- Quando as pessoas comem carne, não querem ser lembradas de que estão comendo um animal morto.

Houve um silêncio prolongado. Por fim, Jim Bailey limpou a garganta e comentou:

- Talvez devêssemos pensar mais um pouco a respeito.

Na semana seguinte, durante uma reunião para discutir a nova campanha de um sabonete especial, um dos executivos propôs:

- Vamos usar vencedores de concursos de beleza.

- Com licença - interveio Leslie, hesitante.

- Creio que isso já foi feito. Por que não podemos mostrar lindas comissárias de bordo do mundo inteiro para mostrar que nosso sabonete é universal?

Em reuniões subseqüentes, os homens passaram a recorrer cada vez mais à opinião de Leslie.

Um ano depois, ela era redatora júnior e, dois anos mais tarde, tornou-se uma executiva de conta, cuidando tanto de propaganda quanto de relações públicas.

Oliver Russell era o primeiro grande desafio que Leslie tinha na agência. Duas semanas depois de ele procurá-los, Bailey sugeriu a Leslie que talvez fosse melhor abandonar a conta, já que ele não podia pagar os honorários normais da agência. Leslie persuadiu-o a continuar com a conta, dizendo:

- Encare como um serviço de utilidade pública. Bailey estudou-a em silêncio por um momento.

- Está bem.

Leslie e Oliver Russell estavam sentados num banco no Triangle Park. Era um dia frio de outono, uma suave brisa soprava do lago.

- Detesto política - comentou Oliver Russell.

Leslie fitou-o, surpresa.

- Então por que se meteu...?

- Porque quero mudar o sistema, Leslie. Ele está sendo dominado pelos lobistas e pelas corporações que ajudar a levar as pessoas erradas para o poder para depois controlá-las. Há muitas coisas que quero fazer - Sua voz estava cheia de entusiasmo.

- As pessoas que dirigem o país o transformaram numa ação entre amigos. Estão mais preocupadas com elas próprias do que com o povo. Não é certo, e tentarei corrigir isso.

Leslie ficou escutando, enquanto Oliver continuava a falar, e pensou: Ele pode conseguir. Oliver emanava uma energia contagiante. A verdade é que ela achava tudo nele excitante. Nunca se sentira assim por um homem antes, e era uma experiência estimulante. Não tinha como saber o que Oliver sentia por ela. Ele era sempre o perfeito cavalheiro, diabos.

Leslie tinha a impressão de que a intervalos de poucos minutos várias pessoas se aproximavam do banco para apertar a mão de Oliver e lhe desejar boa sorte. As mulheres lançavam olhares furiosos para Leslie. É bem provável que todas tenham saído com ele, pensou Leslie. É provável também que todas tenham ido para cama com ele. O que não é da minha conta.