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Seguimos até um ramal que se dirigia ao Norte e, imediatamente, fomos detidos pelas montanhas desmoronadas.

— O mais prático — disse Louis — será voltar ao povoado e tomar o caminho da estrada.

Aqui estamos muito próximos da zona morta.

Encontramos meu tio sentado em uma cadeira, com uma atadura no pé, conversando com o cura e com o mestre. Informamos que não deviam nos aguardar até o dia seguinte e partimos na direção Norte.

A estrada subia primeiro um pequeno desnível e então descia até um vale paralelo.

Achamos algumas granjas que não haviam sido muito danificadas; os camponeses cuidavam dos seus animais e dos seus labores, como se nada houvesse acontecido.

Alguns quilômetros mais distante nos vimos obrigados novamente a deter-nos.

Aqui a zona destruída era mais estreita e na sua metade se levantava, intacto, um montículo. Subimos nele e pudemos dar-nos conta do aspecto geral daqueles lugares.

Ali também, um pântano bordeava a «terra».

Como estava chegando a noite vermelha, nos deitamos em uma fazenda, esgotados por nossas escaladas.

Depois de seis horas de sono, marchamos para o Oeste. Nesta ocasião não foi uma pântano que nos deteve, e sim um mar desolado. Depois seguimos para o Sul. A «terra» alcançava uns doze quilômetros antes da zona morta. Por um milagre, a estrada se conservava quase intacta no meia do destruição, o que facilitou enormemente nossa exploração. Contudo, nos vimos obrigados a rodar a pouca velocidade, porque de vez em quando os penhascos obstruíam nosso caminho.

De súbito, depois de uma curva, desembocamos em lugar resguardado. Estava rodeado de bosques e pastos, em um vale menor, no qual havia se formado um lago por causa dos desprendimentos que haviam detido a torrente. A meia subida se alçava um pequeno castelo. Uma avenida de árvores conduzia à entrada.

Penetrei com o carro, embora tenha observado uma placa: «Estrada proibida, propriedade privada»

— Creio — disse Michel — que dadas as circunstâncias…

Apenas chegados em frente ao castelo, na entrada apareceram um jovem e duas moças. A fisionomia do primeiro expressava uma surpresa encolerizada. Era bastante alto e bem parecido, moreno e robusto. Uma das jovens, de aspecto agradável, era evidentemente sua irmã. A outra, mais velha, apresentava um cabelo excessivamente ruivo para ser natural. O jovem desceu as escadas com rapidez.

— Não sabem ler?

— Pensei — começou Vandal — que nestas circunstâncias…

— Aqui não há circunstâncias que justifiquem! Esta é uma propriedade privada e não quero ninguém que não tenha sido convidado.

Naquele tempo eu era jovem, vivaz e não muito cortês.

— Vamos ver, jovem impetuoso, nós viemos ver se, por azar, este glorioso castelo, que não é provavelmente de seus antepassados, não havia caído sobre isto que te serve de cabeça. Parece-lhe bem receber-nos desta forma?

— Saia da minha casa! — vociferou — ou mando que os expulsem, a ti e a teu comparsa.

— Ia avançar, quando Vandal interveio; — É inútil que briguemos. De qualquer forma vamos embora. Porém permita adverti— lo que nos encontramos em outro planeta e que vosso dinheiro corre o perigo de ficar sem curso legal.

— Que está acontecendo?

Um homem na plenitude da idade, de notável envergadura, acabava de aparecer, seguido de uma duzia de indivíduos de aspecto pouco tranquilizador.

— O que ocorre, pai, é que esta gente entrou sem permissão de ninguém e que…

— Cala-te Charles!

Dirigiu-se a Vandaclass="underline" — Você falava de outro mundo, que há de verdade nisto tudo?

Vandou informou-o.

— Então não estamos na Terra? Isto é muito interessante. Em um pais virgem?

— Até o momento, a esse respeito nada vimos mais que um pântano que fecha-nos em duas direções e um mar por outra. Falta-nos explorar o último lado, o de vocês, sempre e quando seu filhe nos autorize.

— Charles é jovem e ignorava estes acontecimentos. Não havíamos compreendido absolutamente nada. Primeiramente acreditei que se tratava de um tremor de terra.

Porém, quando vi os dois sois e as três luas… Enfim, obrigado por haver-nos explicado a situação. Tomarão alguma bebida conosco…

— Obrigado, porém não temos tempo.

— Claro que sim! Ida, manda preparar…

— Sinceramente, não temos tempo. — disse — É essencial que cheguemos até o limite e estejamos no povoado à noite.

— Neste caso não insisto mais. Virei amanhã para conhecer o resultado de suas explorações.

Partimos.

— Não é muito simpática essa gente. Disse Michel.

— Ora! — disse Louis — Não sabem quem eles são? Os Honneger, suíços, assim afirmam, milionários, que se hão enriquecido com o tráfico de armas. O filho é pior que o pai. Está certo de que todas as garotas vão cair em seus braços por causa do seu dinheiro. Não existe sorte! Eles é que deveriam ter ficado sob as ruínas, e não o prefeito.

— E a ruiva?

É Magda Ducher. — disse Michel — Uma atriz de cinema, mas ela é mais célebre por suas aventuras escandalosas que por seu trabalho artístico. Sua foto estava em todos os jornais.

— E a duzia de indivíduos macabros?

— Provavelmente guarda-costas para seu negócio sujo. — disse Louis.

— Temo que essa gente nos dará o que fazer. — manifestou-se Vandal pensativo.

Adentramos na outra zona morta, o que nos levou quatro horas de marcha para atravessá-la, porém nesta ocasião tivemos o prazer de vê-la terminar em terra firme.

Eu estava emocionado. De pé, sobre um bloco calcário, meio enterrado em uma vegetação desconhecida, hesitei um momento antes de pisar no solo de outro mundo.

Louis e Michel, menos impressionáveis, me haviam antecedido.

Recolhemos algumas amostras de plantas. Eram umas ervas esverdeadas, duras e cortantes, sem inflorescências, arbustos de talo muito rijo, de casca cinza metálico.

Pudemos examinar também um representante da fauna. Foi Louis quem o descobriu.

Tinha a forma de uma serpente chata, de uns três metros de comprimento, cego e invertebrado. A «cabeça» armada de duas grandes mandíbulas fortes e tubulares, análogas a uma larga de dítico, como nos disse Vandal. Não tinha semelhança alguma com a fauna terrestre. Parecia dissecado. Observei com interesse que seu tegumento tinha uma abertura desmesurada, ao redor da qual havia se solidificado uma baba brilhante. Vandal teria querido levar este exemplar. Porém, examinandolhe mais de perto, vimos, e sobretudo percebemos, que somente o tegumento era seco e que o interior estava em plena decomposição. Contentamo-nos em fotografálo.

Como as altas ervas poderiam ocultar outros espécimes, estes vivos e perigosos, batemos em retirada, voltando à estrada do povoado.

A planície se perdia ao longe e no céu flutuava uma nuvem verde.

II — SOLIDÃO

Antes de pretender explorar o planeta, necessitávamos de um estabelecimento sólido sobre o pedaço da terra que nos havia seguido, e tínhamos que organizar ali uma sociedade.

Uma boa notícia nos aguardava no povoado: o poço tinha água de novo, que se revelou potável, apenas um pouco salobra, segundo análise que fez Vandal. O censo estava em marcha. Havia sido fácil para os homens, mas difícil para o gado, e andava muito mal com referência às reservas materiais. Pois, como disse meu tio: todos me conhecem, porem eu não sou ninguém, nem prefeito, nem sequer um vereador municipal.

Da recontagem, se depreendia que a população da vila ascendia a 843 homens, 1.007 mulheres e 897 meninos menores de dezesseis anos; um total de 2.847 almas.

O gado parecia abundante, em especial o bovino.