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Deu ao empregado do parque o bilhete e ele partiu para lhe ir buscar o carro.

Dois minutos mais tarde, Diane guiava em direção a norte, a caminho de casa.

Havia um semáforo na esquina. Quando Diane travava para parar, um jovem muito bem vestido que estava parado na esquina aproximou-se do carro.

- Desculpe, estou perdido. Podia...

Diane baixou o vidro.

- Importa-se de me dizer como se vai para o túnel Holland? o jovem tinha sotaque italiano.

- E muito simples. Dirija-se à primeira...

O homem ergueu o braço e tinha uma arma com silenciador na mão:

- Minha senhora. Saia já do carro. Rápido Diane empalideceu.

- Tenha calma. Está bem...

Quando começava a abrir a porta do carro, o homem afastou-se para trás um pouco e Diane carregou com toda a força com o pé no acelerador e o carro afastou-se a grande velocidade. Ouviu o vidro traseiro a ser estilhaçado quando foi atingido por uma bala, e em seguida o som de outra bala a embater contra as traseiras. O coração batia-lhe descompassado e tinha dificuldade em respirar.

Diane Stevens ouvira falar em seqüestros de automóveis, mas eram histórias que se contavam, algo que só acontecia aos outros. E o homem tentara matá-la. Os assaltantes de carros costumavam fazer isso? Diane esticou a mão para o celular e marcou o 911. Passaram-se quase dois minutos até alguém do outro lado atender.

- Nove um um. Qual é a emergência?

Enquanto Diane explicava o que se tinha passado, foi-se apercebendo da inutilidade da situação. Naquela altura o homem já devia ter desaparecido.

- Vou mandar um polícia para o local. Pode dar-me o seu nome, morada e um número de telefone?

Diane deu as informações. Inútil, pensou. Deitou uma olhadela ao vidro partido e estremeceu. Ansiava por poder falar com Richard no trabalho e contar-lhe o que se passara, mas sabia que ele estava ocupado com um projeto muito importante. Se lhe telefonasse e lhe contasse o que se passara, ele ia ficar preocupado e correria para junto dela, e ela não queria que ele falhasse o prazo. Contar-lhe-ia o que se passara quando ele voltasse para casa.

E, de repente, um terrível pensamento ocorreu-lhe. Estaria o homem ali à espera dela, ou tudo não passara de uma coincidência? Recordou a conversa que tivera com Richard, quando o julgamento começara:

- Acho que não deves testemunhar, Diane. Pode ser muito perigoso.

- Querido, não te preocupes. O Altieri vai ser condenado. Eles vão prendê-lo para sempre.

- Mas ele tem amigos e...

- Richard, se eu não fizer isto, não vou ser capaz de me encarar.

O que acabara de se passar tinha de ser uma coincidência, decidiu Diane. Altieri não seria, com certeza, suficientemente doido para me fazer qualquer coisa, principalmente nesse momento, enquanto o julgamento estava a decorrer.

Diane saiu da auto-estrada e guiou para oeste até chegar ao edifício onde tinha o seu apartamento, na East Seventy-fifth Street. Antes de entrar na garagem subterrânea olhou cuidadosamente uma vez mais pelo retrovisor. Tudo parecia normal. O apartamento era um dúplex térreo bastante arejado, com uma espaçosa sala de estar, janelas que iam do chão até ao teto e uma grande lareira em mármore. Tinha sofás forrados com tecidos floridos, cadeirões de braços, uma estante embutida e uma enorme tela de televisão. Nas paredes havia coloridos quadros. Um Childe Hassam, um Jules Pascin, um Thomas Birch, um George Hitchcock e, numa zona grande, um grupo de quadros pintados por ela própria.

No andar seguinte, havia um quarto de casal e uma casa de banho, um segundo quarto de visitas e um ensolarado ateliê onde Diane costumava pintar. Vários dos seus quadros estavam pendurados pelas paredes. Num cavalete no meio da divisão estava um retrato meio acabado.

A primeira coisa que fez assim que chegou a casa, foi entrar apressadamente no ateliê. Retirou o retrato inacabado do cavalete e substituiu-o por uma tela virgem. Começou a desenhar o rosto do homem que a tentara matar, mas as mãos tremiam-lhe de tal forma que teve de parar.

 Enquanto guiavam em direção ao apartamento de Diane vens, o detetive Earl Greenburg queixou-se:

- Esta é a parte do meu trabalho que eu mais detesto.

- E melhor sermos nós a dizer-lhes do que ficarem a saber pelos noticiários da noite - respondeu Robert Praegitzer, e olhou para Greenburg. - Dizes tu?

Earl Greenburg anuiu com um ar infeliz. Deu por si a recordar a história do detetive que saíra para informar a senhora Adams, mulher de um patrulha, que o marido fora morto.

- Ela é muito sensível prevenira-o o chefe. Vais ter que lhe dar a notícia com muito cuidado.

- Não se preocupe. Eu sé lidar com isso.

- O detetive batera à porta da casa dos Adams e, quando a mulher fora abrir, o detetive perguntara:

- É aqui que mora a viúva Adams ?

Diane sobressaltou-se ao ouvir o som da campainha da porta. Não estava à espera de ninguém. Dirigiu-se ao intercomunicador:

- Quem é?

- Detetive Earl Greenburg. Gostaria de falar consigo, senhora Stevens.

É sobre o sequestro do carro, pensou. A polícia fora rápida. Premiu o botão e Greenburg entrou no átrio e caminhou até à porta dela.

 - Boa tarde.

- Senhora Stevens?

- Sim. Muito obrigada por terem vindo tão depressa. Já comecei a desenhar o rosto do homem, mas... - respirou fundo. – Ele era moreno, com olhos castanhos-claros muito profundos e tinha um pequeno sinal no queixo. A arma tinha um silenciador e...

Greenburg olhava para ela, confuso.

- Desculpe, mas não estou a perceber...

- O assaltante de carros. Eu chamei o 911 e... Viu a expressão no rosto do polícia. - Isto não tem nada a ver com assaltos a carros, pois não?

- Não, minha senhora, não tem... - e Greenburg fez uma pequena pausa. - Posso entrar?

- Faça favor.  Greenburg entrou.

Diane olhava para ele de sobrolho franzido:

- O que é que se passa? Aconteceu alguma coisa?  As palavras pareciam não querer sair.

- Sim, lamento muito. Receio... receio que seja portador de muito más notícias. É sobre o seu marido.

- O que foi que aconteceu? - A voz dela tremia.

- Ele sofreu um acidente.

Diane de repente sentiu-se gelada.

- Que tipo de acidente?

Greenburg suspirou profundamente:

- Foi morto ontem à noite, senhora Stevens. Encontramos o corpo dele esta manhã debaixo de uma ponte, no rio East.

Diane ficou a olhar para ele durante um longo momento e, em seguida, começou a abanar a cabeça.

- Está enganado na pessoa, Tenente. O meu marido está a trabalhar no seu laboratório.

Ia ser muito mais difícil do que aquilo que antecipara.

- Senhora Stevens, o seu marido veio para casa ontem à noite?

- Não, mas Richard trabalha frequentemente à noite. Ele é cientista... - Ela estava a ficar cada vez mais agitada.

- Senhora Stevens, tinha conhecimento de que o seu marido estivesse envolvido com a Máfia?

Diane empalideceu. - Com a Máfia? Está louco?

- Encontramos...

Diane começara a hiperventilar.

- Deixe-me ver a sua identificação.

- Com certeza. - E o detetive Greenburg puxou do seu cartão de identificação e mostrou-lho.

Diane deitou-lhe uma olhadela, devolveu-lho e em seguida esbofeteou-o com força na cara.

- Esta cidade paga-lhe para andar por aí a assustar os cidadãos honestos? O meu marido não está morto! Ele está a trabalhar! – Diane gritava.

Greenburg olhou para o fundo dos olhos dela e viu neles choque e negação.