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- Gostava de saber quais são as suas e quais são as minhas.

- Isso não interessa - comentou Diane. - Vamos ficar aqui pelo menos uma semana, ou talvez mais, por isso o melhor é pendurarmos as coisas.

- Também acho que sim.

E começaram a pendurar os vestidos e as calças, a arrumar a lingerie nas gavetas e os artigos de toilette na casa de banho.

Assim que as malas ficaram vazias e tudo estava nos seus lugares, Diane descalçou os sapatos, despiu o vestido e, satisfeita, deixou-se cair sobre uma das camas.

- Isto soube-me muito bem - e suspirou de satisfação. - Não sei quais são as suas intenções, mas, quanto a mim, vou jantar na cama. Em seguida vou tomar um longo banho. Daqui já não saio.

Uma simpática criada fardada bateu à porta e entrou na suite, com um braçado de toalhas limpas. Dois minutos depois, saiu da casa de banho.

- Se precisarem de alguma coisa, por favor toquem para me chamar. Tenham uma boa noite.

Diane lia um folheto do hotel que estava na mesa de cabeceira.

- Sabe em que ano foi construído este hotel?

- Vista-se - disse Kelly. - Vamo-nos embora.

- Foi construído em...

- Vista-se. Nós vamo-nos pirar daqui para fora.

- Está a brincar comigo? - perguntou Diane a olhar para ela.

- Não. Vai acontecer uma coisa horrível. -A voz dela transbordava de pânico.

Diane sentou-se, alarmada.

- Mas o que é que vai acontecer?

- Não faço idéia, mas ou nos vamos embora daqui depressa ou morremos ambas.

O medo dela era contagioso, mas não fazia qualquer sentido.

- Kelly, não está a ser razoável. Se...

- Diane, peço-lhe.

Quando Diane mais tarde relembrou a situação, não percebeu se tinha cedido devido à tensão que havia na voz de Kelly, ou se fora por ela lhe ter chamado pela primeira vez Diane.

- Tudo bem - respondeu Diane levantando-se. - Arrumamos as nossas roupas e...

- Não! Deixe tudo para trás.

Diane olhava para Kelly sem querer acreditar:

- Deixar tudo? Mas acabámos de comprar...

- Depressa! Já!

- Está bem.

Só espero que ela saiba o que está a fazer, pensava Diane enquanto, relutante, se voltava a vestir.

- Mais depressa! - Era como um grito estrangulado.

Diane vestiu-se rapidamente.

- Embora!

Pegaram nas carteiras e correram pelo corredor.

Eu devo estar doida para estar afazer isto, pensava Diane, aborrecida. Quando chegaram ao átrio do hotel, Diane deu por si a correr para conseguir acompanhar Kelly.

- Importa-se de me dizer onde raio é que nós vamos?

Na rua, Kelly olhou para ambos os lados.

- Há um parque ali do outro lado, em frente do hotel. Eu... eu preciso de me sentar.

- Mas, o que é que estamos nós a fazer? - perguntou Diane.

Nesse instante, ouviu-se uma enorme explosão vinda de dentro do hotel e, de onde estavam sentadas, Diane e Kelly viram as janelas do quarto onde tinham estado instaladas a saltar e detritos a voarem pelos ares.

Muda de espanto, Diane olhava o que estava a acontecer.

- Aquilo... aquilo foi uma bomba - o terror instalara-se-lhe na voz. - No nosso quarto. Como é... como é que sabia? - perguntou, virando-se para Kelly - A criada.

- O que é que ela tinha? - perguntou, intrigada, Diane.

- As criadas de hotel não usam sapatos de trezentos dólares do Manolo Blahnik - respondeu Kelly num murmúrio.

Diane sentia dificuldade em respirar.

- Como é que eles nos descobriram?

- Não faço idéia - respondeu Kelly. - Mas não se esqueça com que tipo de pessoas estamos a lidar.

E ali ficaram sentadas, as duas, aterrorizadas.

- Tanner Kingsley deu-lhe alguma coisa quando esteve no gabinete dele? - perguntou Diane.

- Não. E a si? - respondeu Kelly abanando a cabeça.

- Também não.

Lembraram-se ambas ao mesmo tempo.

- O cartão!

Abriram as bolsas e tiraram para fora os cartões que Tanner Kingsley lhes dera.

Diane tentou rasgar o seu ao meio, mas ele nem sequer dobrava.

- Tem uma espécie de chip lá dentro - disse, furiosa.

Kelly também tentou dobrar o seu.

- O meu também tem. É assim que os filhos da mãe nos têm conseguido localizar.

Diane pegou no cartão de Kelly e disse, zangada:

- Pois agora acabou-se.

Kelly ficou a olhar enquanto Diane caminhava até à rua e lançava os cartões para o meio da faixa de rodagem. Em poucos minutos já tinham passado por cima deles uma boa dúzia de carros e camiões. À distância, o som das sirenes que se aproximavam enchia o ar.

Kelly levantou-se:

- O melhor é desaparecermos daqui, Diane. Agora já não vão poder mais localizar-nos. Vamos estar em segurança. Eu vou regressar a Paris, e você, o que vai fazer?

- Tentar descobrir porque é que tudo isto está a acontecer.

- Tenha cuidado.

- Você também.

Diane hesitou uns segundos:

- Kelly, muito obrigada. Salvou-me a vida.

- Há uma coisa com que não me sinto bem. Eu menti-lhe - disse Kelly atrapalhada.

- Mentiu?

- Lembrasse do que eu lhe disse sobre o seu quadro?

- Lembro.

- Eu gostei dele, gostei mesmo muito. Pinta muito bem.

- Obrigada - e Diane sorriu. - Receio que também eu tenha sido muito brusca consigo.

- Diane?

 - Sim?

- Eu não cresci rodeada de criados.

Diane riu e as duas abraçaram-se.

- Fico satisfeita por nos termos conhecido - disse Diane calorosamente.

- Eu também.

Ali ficaram a olhar uma para a outra, com dificuldade em dizer adeus.

- Tenho uma idéia - disse Diane. - Se precisar de mim, aqui tem o meu número de celular. - Escreveu-o num pedaço de papel.

- E este é o meu - respondeu Kelly e deu-o a Diane.

- Então... Uma vez mais adeus.

- Pois. Eu... Bom, adeus Kelly - respondeu Diane, hesitante.

Diane ficou a ver Kelly afastar-se. A esquina, ela virou-se e acenou com a mão. Diane retribuiu o aceno. Assim que Kelly desapareceu, Diane olhou para o buraco enegrecido que deveria ter sido o seu túmulo e sentiu um arrepio.

 

CAPÍTULO 29

Kathy Ordonez entrou no gabinete de Tanner Kingsley com os jornais da manhã na mão e disse:

- Aconteceu mais uma vez - e deu-lhe os jornais. Todos traziam enormes cabeçalhos.

"Nevoeiro perturba as mais importantes cidades alemãs" "Todos os aeroportos alemães fechados devido ao nevoeiro" "Número de mortos aumenta devido ao nevoeiro na Alemanha"

- Quer que mande tudo isto à senadora van Luven? - perguntou Kathy.

- Sim. E rapidamente - respondeu Tanner a sorrir.

Kathy saiu apressadamente do gabinete.

Tanner olhou para o relógio de pulso e sorriu. A estas horas a bomba já deve ter explodido. Finalmente estou livre daquelas duas cabras. A voz da sua secretária soou no intercomunicador:

- Senhor Kingsley, a senadora van Luven está ao telefone, para falar consigo. Quer atender?

- Sim. - Tanner atendeu o telefone. - Daqui Tanner Kingsley.

- Como está, senhor Kingsley? Fala a senadora van Luven.

- Muito boa tarde, senadora.

- Eu e as minhas assistentes estamos perto das vossas instalações e gostaria de saber se seria conveniente para si aparecermos para uma pequena visita?

- Com certeza - respondeu Tanner com entusiasmo. - Terei muito gosto em lhe mostrar a nossa empresa.

- Muito bem. Estaremos aí dentro em breve.

Tanner premiu o botão do intercomunicador:

- Estou à espera de umas visitas, daqui a minutos. Por favor, não me passe mais chamadas.

Pensou no obituário que lera há poucas semanas nos jornais. O marido da senadora van Luven morrera de um ataque cardíaco. Vou apresentar os meus sentimentos.

 Quinze minutos mais tarde, a senadora van Luven e as suas duas atraentes assistentes chegaram.

Tanner ergueu-se para as cumprimentar.

- Sinto-me encantado por ter decidido aparecer.