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- Já conhece Corinne Murphy e Karolee Trost - respondeu a senadora. Tanner sorriu:

- Sim. Tenho muito gosto em voltar a vê-las - e virou-se para a senadora. - Soube da morte do seu marido. Lamento muito.

Ela agradeceu.

- Muito obrigada. Há já uns tempos que ele estava doente e por fim, há umas semanas... - respondeu, forçando um sorriso. - A propósito, as informações que me tem enviado sobre o aquecimento global têm sido muito interessantes.

- Muito obrigado.

- Quer ter a amabilidade de nos mostrar então o que fazem aqui?

- Mas é claro. E que tipo de visita têm em mente? Temos visitas de cinco dias, de quatro e de hora e meia.

- A de cinco dias não seria má... - comentou Corinne Murphy a sorrir.

A senadora van Luven interrompeu-a: -Contentamo-nos com a de meia hora.

- Com todo o gosto.

- Quantas pessoas trabalham no KIG? - perguntou a senadora.

- Perto de duas mil. O KIG tem escritórios em cerca de uma dúzia das mais importantes cidades do mundo.

Corinne Murphy e Karolee Trost estavam impressionadas.

- Nestas instalações, temos quinhentos empregados. Os membros da equipa e todos os que se encontram ligados à pesquisa encontram-se em instalações à parte. Cada cientista que aqui empregamos tem um QI mínimo de cento e sessenta.

- São génios! - arquejou Corinne Murphy.

A senadora olhou para ela com um olhar de desaprovação.

- Queiram seguir-me, por favor - pediu Tanner.

A senadora, Murphy e Trost seguiram Tanner através de uma porta lateral que conduzia aos edifícios contíguos e chegaram a uma sala cheia de equipamento de aspecto esotérico.

A senadora dirigiu-se a uma daquelas estranhas máquinas e perguntou: - Para que serve isto?

- Esta máquina é um espectógrafo de som, senadora. Converte o som da voz em escrita impressa. Tem capacidade para reconhecer milhares de vozes.

- E como é que funciona? - perguntou Trost, franzindo o sobrolho.

- Pense assim, quando um amigo lhe telefona, você reconhece-lhe imediatamente a voz porque o padrão de som da voz dele está registado no circuito do seu cérebro. Nós programámos esta maquina da mesma forma. Um filtro electrónico permite apenas a entrada no registo de uma certa gama de freqüências, por isso recebemos simplesmente os traços distintivos da voz dessa pessoa.

O resto da visita transformou-se numa sequência fascinante de gigantescas máquinas, diminutos microscópios electrónicos e salas de laboratório cheias de quadros negros repletos de misteriosos símbolos, laboratórios onde uma dúzia de cientistas trabalhavam em grupo e gabinetes onde um único cientista se encontrava embrenhado a tentar resolver um arcano problema qualquer.

Passaram por um edifício em tijolo vermelho com um conjunto duplo de fechaduras na porta.

- E aqui, o que se passa? - perguntou a senadora van Luven.

- Uma pesquisa governamental secreta. Desculpem-me, mas não é permitido o acesso.

A visita demorou duas horas. Quando terminou, Tanner acompanhou-as de volta ao seu gabinete.

- Espero que tenham gostado - disse.

- Sim. Foi interessante - respondeu a senadora.

- Muito interessante. - Corinne Murphy sorria. Os seus olhos só viam Tanner.

- Eu adorei! - exclamou Karolee Trust.

Tanner virou-se para a senadora:

- A propósito, já teve oportunidade de conversar com os seus colegas acerca do problema ambiental de que falamos?

- Sim - respondeu a senadora, num tom de voz em que não se comprometia.

E pode dizer-me se pensa que existem hipóteses, senadora?

- Senhor Tanner, aqui não se trata de um jogo de pensar. Será informado assim que for tomada uma decisão.

Muito obrigado - retorquiu Tanner, tentando sorrir. - Muito obrigado por terem vindo até cá.

E ficou a vê-las sair. Assim que a porta se fechou nas costas delas, a voz de Kathy Ordonez soou no intercomunicador:

- Senhor Kingsley, Saida Hernandez tem estado a tentar entrar em contacto consigo. Disse que era urgente, mas o senhor pediu-me que não lhe passasse chamadas.

- Ligue para ela - pediu Tanner.

Saida Hernandez era a mulher que ele mandara ao Adams Hotel para colocar a bomba.

- Linha um.

Tanner atendeu o telefone, à espera de ouvir boas notícias.

- Então Saida? Correu tudo de acordo com o plano?

- Lamento muito, senhor Kingsley, mas não! - Sentiu o medo na voz dela. - Elas conseguiram escapar.

- Elas o quê? - O corpo de Tanner ficou rígido.

- Pois foi, senhor. Saíram do hotel antes da bomba explodir.

Um dos porteiros viu-as sair.

Tanner desligou, batendo com toda a força o telefone, e carregou no botão que ligava à sua secretária.

- Diga a Flint e a Carballo para virem cá.

Um minuto mais tarde, Harry Flint e Vince Carballo entravam no gabinete de Tanner. Este olhou-os. Estava furioso.

- As cabras conseguiram mais uma vez escapar. Esta é a última vez que permito que isto aconteça. Estão a perceber? Eu vou dizer onde elas estão e vocês vão tratar-lhes da saúde. Alguma pergunta?

- Não, senhor - responderam Flint e Carballo olhando um para o outro.

Tanner premiu um botão e imediatamente apareceu o mapa electrónico da cidade.

- Enquanto elas tiverem os meus cartões, conseguimos sempre saber onde estão.

E ficaram a ver no ecrã da televisão as luzes a acenderem-se no mapa. Tanner premiu outro botão. As luzes não se mexeram. Cerrou os dentes.

- Desfizeram-se dos cartões.

E o rosto dele foi ficando vez mais vermelho. Virou-se para Flint e Carballo. - Eu quero-as hoje!

Flint olhou para Tanner e perguntou:

- Mas como, se nós nem sabemos onde é que elas estão! Com é que quer...?

- Acham mesmo que ia permitir que uma mulher fosse mais esperta do que eu? - interrompeu. - Enquanto elas tiverem os celulares, não vão a lado nenhum sem nós sabermos.

- O senhor conseguiu arranjar os celulares delas? - perguntou Flint espantado.

Tanner nem se dignou responder. Examinava o mapa.

- Nesta altura já devem estar separadas. - Premiu outro botão.

- Vamos tentar primeiro Diane Stevens. - Marcou um número.

As luzes no mapa começaram a mexer e, devagarinho, foram-se centrando nas ruas de Manhattan, mostrando hotéis, lojas e centros comerciais. Por fim, pararam numa loja em cujo letreiro se lia "O Shopping para Todos".

- Diane Stevens está num centro comercial. - Premiu outro botão. - Vamos ver onde está Kelly Harris.

E repetiu o procedimento. As luzes recomeçaram a mover-se, desta vez centrando-se numa outra parte da cidade.

Os homens olhavam enquanto a zona iluminada se ia reduzindo e mostrava uma rua com uma loja de roupas, um restaurante, uma farmácia e uma paragem de autocarros. As luzes pesquisaram a área e, de repente, pararam em frente de um edifício grande e aberto.

- Kelly Harris está numa estação de camionetas. - A voz dele era sinistra. - Temos que as apanhar e depressa.

- Mas como? - perguntou Carballo. - Cada uma está no seu lado da cidade. Quando lá chegarmos, já terão partido.

- Venham comigo - pediu Tanner virando-se.

E dirigiu-se a uma sala ao lado, com Flint e Carballo mesmo atrás dele. A sala onde entraram era uma imensidão de monitores, de computadores e de teclados electrónicos, com diferentes teclas de cores codificadas. Numa prateleira estava instalada uma pequena máquina com dúzias de CDs e de DVDs. Tanner procurou e inseriu na máquina um que tinha escrito por fora Diane Stevens. E foi explicando aos homens:

- Isto que aqui temos é um sintetizador de voz. As vozes das senhoras Stevens e Harris foram previamente digitalizadas. Os padrões da fala delas foram registados e analisados. Ao premir um botão, cada palavra que eu disser será calibrada de forma a duplicar vozes delas. - Tanner pegou num celular e marcou uns números. Ouviu-se um cauteloso:

Alô? - ouviu-se a voz de Kelly Harris.