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- Querido, gostas destes meus sapatos?

E as roupas dele tinham caído no chão e o jantar fora atrasado. Eles...

A voz de Kelly chamava-a:

- Vamos tomar o pequeno almoço ou vamos jantar?

Dirigiram-se ao café. O dia estava fresco e limpo e o céu era de um azul translúcido.

- Céus azuis - comentou Diane. - Um bom presságio.

Kelly mordeu o lábio para evitar rir. De uma certa maneira, as superstições de Diane eram engraçadas.

A poucos metros do café, Diane e Kelly passaram por uma pequena loja. Olharam uma para a outra, fizeram um enorme sorriso e entraram.

Uma vendedora aproximou-se: - Posso ajudar?

- Sim - respondeu Kelly entusiasmada.

- Temos de ter calma - avisou Diane. - Lembre-se do que aconteceu da outra vez.

- Pois. Nada de exageros.

As duas vaguearam pela loja, escolhendo um número bastante reduzido de artigos. Deixaram as roupas velhas que tinham vestidas nos provadores.

- Não vão levar estas roupas? - perguntou a vendedora.

- Não. Pode dá-las para a caridade - respondeu Diane a sorrir.

À esquina havia uma loja de conveniência.

- Olha - disse Kelly. - Celulares descartáveis.

Kelly e Diane entraram e compraram dois, cada um deles com mil minutos incluídos.

- Vamos trocar os números outra vez - disse Kelly.

- Okay. - Diane sorriu.

Demorou-lhes apenas uns segundos. Quando estavam para sair e Diane pagava na caixa, olharam para as carteiras.

- Estou quase a ficar sem dinheiro.

- Eu também - corroborou Kelly.

- Talvez tenhamos que começar a usar os cartões de crédito - opinou Diane.

- Não enquanto não encontrarmos o buraco mágico do coelho.

- O quê?

- Esqueça.

Quando já estavam sentadas à mesa do café, a empregada aproximou-se e perguntou:

- O que querem tomar, minhas senhoras?

Kelly virou-se para Diane:

- Escolha primeiro.

- Eu quero um sumo de laranja, ovo, torradas e café.

A empregada dirigiu-se a Kelly:

- E a senhora?

- Meia toranja.

- Só isso? - comentou Diane.

- Exactamente.

A empregada partiu.

- Você não pode viver só com meia toranja.

- É o hábito. Há uma série de anos que faço uma dieta rigorosa.

Alguns modelos chegam mesmo a comer os Kkeaex para enganar a fome.

- A sério?

- A sério. Mas agora já não interessa. Nunca mais vou trabalhar como modelo.

Diane olhou para ela por momentos.

- Porquê?

- Porque agora já não é mais importante. Mark ensinou-me o que é verdadeiramente importante e... - Calou-se, tentando evitar as lágrimas. - Gostaria que o tivesse conhecido.

- Eu também. Mas você agora vai ter de recomeçar a sua vida.

- E a Diane? - perguntou Kelly. - Vai recomeçar a pintar?

Fez-se um longo silêncio.

- Eu tentei... Não.

Quando Kelly e Diane terminaram o pequeno almoço e se dirigiam para a porta, a primeira reparou que os jornais da manhã estavam a ser colocados nos escaparates.

Diane continuou a andar, mas Kelly pediu:

- Espere um segundo. -Voltou atrás e tirou um dos jornais. - Olhe!

Apontou para um artigo no topo da primeira página.

O Kingsley Internacional Group vai celebrar um serviço religioso em honra de todos os seus empregados cujas recentes mortes têm sido causa de especulação universal. O tributo terá lugar nas instalações do KIG, em Manhattan, na próxima segunda feira, pelas 11.25 da manhã.

 - Eu não quero ser chata, mas como é que espera sair de lá com vida?

- Vou pensar numa forma. - Olhou para Kelly e sorriu. - Confie em mim.

Kelly abanou a cabeça.

- Não há nada que me deixe mais nervosa do que quando alguém me diz "Confie em mim". - O seu rosto de repente iluminou-se. - Tenho uma idéia. Já sei como sair disto.

- Qual é a sua idéia?

- Vai ser uma surpresa.

Diane olhou para ela, preocupada.

- Tem a certeza de que nos consegue safar?

- Confie em mim.

Quando voltaram para a pensão, Kelly fez um telefonema.

Nessa noite, ambas dormiram mal. Kelly estava deitada na cama, preocupada. Se o meu plano falhar, morremos as duas. No momento em que adormeceu, pareceu-lhe ver a cara de Tanner Kingsley a olhar para ela. E ele ria.

Diane rezava, os olhos bem fechados. Meu amor, é bem possível que esta seja a última vez que falo contigo. Não sei muito bem se deva dizer adeus se olá. Amanhã, eu e Kelly vamos ao KIG, ao serviço em tua memória. Não me parece que as hipóteses de escaparmos com vida sejam muito boas, mas tenho que ir, para te tentar ajudar. Só te queria dizer, uma vez mais, antes que seja, talvez, demasiado tarde, que te amo. Boa noite, meu querido.

- É amanhã. - Kelly olhou para Diane.

- Porque é que acha que eles estão a fazer isto?

- Acho que nos estão a preparar uma armadilha.

- Também eu - concordou Kelly. - Kingsley pensará que nós somos tão estúpidas que vamos cair... - Olhou para a expressão de Diane e disse espantada:

- Nós vamos, é?

Diane acenou que sim..

- É impossível!

- Temos que ir. Tenho a certeza de que Betty Barker vai lá estar. E eu tenho que falar com ela.

 

CAPÍTULO 32

O serviço tinha lugar no Parque KIG, uma zona que fora especialmente arranjada nas traseiras do complexo do Kingsley Internacional Group para servir de lugar de recreio para os empregados. Cerca de uma centena de pessoas estavam reunidas no parque, ao qual se acedia apenas por dois caminhos com portões, um para entrada e outro para saída.

No centro, fora erguido um estrado onde se sentavam meia dúzia de executivos do KIG. Numa ponta da fila estava sentada a secretária de Richard Stevens, Betty Barker. Era uma mulher atraente de aspecto aristocrático, nos trinta anos. Tanner falava ao microfone:

- ...e esta empresa foi construída com a dedicação e a lealdade dos seus empregados. Estamos gratos a todos eles e saudamo-los. Sempre gostei de considerar a nossa empresa como uma família, em que todos trabalham para um objectivo comum.

Enquanto falava, ia observando as pessoas ali reunidas. - No KIG, temos resolvido problemas e executado idéias que tornam o mundo um lugar melhor e não existe maior satisfação do que...

Ao fundo do parque, viu Diane e Kelly, que tinham acabado de entrar. Tanner deitou uma olhadela ao relógio. Eram onze e quarenta. No seu rosto apareceu um sorriso de satisfação. Continuou a falar:

- ... saber que o sucesso desta empresa a todos vós se deve.

Diane olhou para a plataforma e, excitada, deu uma cotovelada a Kelly:

- Está ali Betty Barker. Tenho que falar com ela.

- Tenha cuidado.

Diane olhou em volta e disse, pouco à vontade:

- Isto é demasiado fácil. Tenho a sensação de que fomos... - Virou-se para olhar para trás e arquejou. Num dos portões via-se Harry Flint com dois dos seus homens. Olhou para o outro portão. Estava bloqueado por Carballo com mais dois homens.

- Olhe! - Diane sentiu a garganta a ficar seca.

Kelly virou-se para ver seis homens a bloquearem as saídas.

- Há mais alguma maneira de sair daqui?

- Acho que não.

Tanner dizia:

- ... infelizmente, desgraças recentes têm atingido vários membros da nossa família. E quando uma tragédia se abate sobre alguém da família, isso afecta-nos a todos. Por isso, o KIG oferece uma recompensa de cinco milhões de dólares a quem possa provar quem se encontra por detrás de tudo isto.

- Cinco milhões de dólares que saem de um dos teus bolsos para entrarem no outro - disse Kelly baixinho.

Tanner olhava por cima da multidão para Diane e para Kelly e os seus olhos estavam gelados.

- Temos hoje entre nós dois membros enlutados, as esposas de Mark Harris e Richard Stevens. Vou-lhes pedir que façam o favor de vir até aqui ao pódio.