- Controle do tempo.
Apontou para outro:
- Local.
Olhou para o irmão.
- Estás a ver como o tornámos tão simples?
- Eu lembro-me... - disse Andrew quase sem fôlego.
Tanner virou-se para Pauline:
- Isto é unicamente o princípio, Princesa.
E tomou-a nos braços - Estou a contactar mais trinta países. Tens o que querias. Poder e dinheiro.
- Um computador como este pode valer milhões... - respondeu, feliz, Pauline.
- Dois computadores como este - interrompeu Tanner. - Tenho uma surpresa para ti. Já alguma vez ouviste falar na ilha de Tamoa, no Pacífico Sul?
- Não.
- Bom. Acabámos de comprá-la. Tem noventa e cinco mil metros quadrados e é inacreditavelmente bela. Faz parte das ilhas da Polinésia francesa e tem uma pista de aviação e um porto para barcos.
Tem tudo, incluindo - e fez uma pausa para dar maior dramatismo às suas palavras - o Prima II!
- Queres dizer que existe um segundo...? - perguntou Pauline.
- Exactamente! - respondeu Tanner. - Está no interior da Terra, onde jamais alguém o conseguirá detectar. E agora que aquelas duas cabras bisbilhoteiras se encontram finalmente fora do nosso caminho, o mundo é todo nosso.
CAPÍTULO 42
Kelly foi a primeira a abrir os olhos. Estava deitada de costas, despida, no nu chão de cimento de uma cave, as mãos algemadas com correntes de vinte e quatro centímetros, presas à parede, logo acima do chão. Numa parede mais afastada via-se uma pequena janela com grades, e a entrada fazia-se através de uma porta de aspecto robusto.
Kelly virou-se para Diane, que estava a seu lado, também ela nua e algemada. As roupas delas estavam atiradas para um canto.
- Onde estamos nós? - perguntou Diane meia grogue.
- No Inferno, companheira.
Kelly experimentou as algemas. Estavam fechadas e bem apertadas em redor dos seus pulsos. Conseguiu levantar o braço dez ou quinze centímetros, mas mais nada.
- Caímos direitinhas na armadilha - disse, amargamente.
- Sabe o que mais odeio em tudo isto?
Kelly olhou em redor do quarto nu e respondeu:
- Não faço a mínima idéia.
- É que eles ganharam. Sabemos porque mataram os nossos maridos e porque nos vão agora matar a nós, mas não temos qualquer hipótese de passar a informação lá para fora, para que o mundo saiba. Eles vão-se safar. Kingsley tinha razão. A nossa sorte chegou, finalmente, ao fim.
- Não, não chegou.
A porta abriu-se e Harry Flint entrou no quarto. O seu sorriso cresceu. Fechou a porta atrás de si e meteu a chave no bolso.
- As balas que disparei eram de Xilocaína. Devia ter-vos matado, mas depois pensei que antes disso nos podíamos divertir um pouco.
Aproximou-se.
As duas mulheres trocaram um olhar aterrorizado. Ficaram a ver enquanto ele, sorridente, despia a camisa e as calças.
- Olhem só o que eu tenho aqui para vos dar. Deixou cair as cuecas. O seu membro estava teso e túrgido. Olhou para elas e avançou na direcção de Diane.
- Porque não começo por ti, minha querida, e depois...?
Kelly interrompeu-o:
- Espera aí, bonitão. Que tal começares por mim? Estou cheia de tesão.
Diane olhava, estupefacta, para ela.
- Kelly...
Flint virou-se para Kelly e desfez-se em sorrisos.
- Mas é claro, querida. Tu vais adorar.
- Oh, sim! - gemeu Kelly. - Sinto tanto a falta disso.
Diane fechou os olhos. Não tinha forças para ver aquilo.
Kelly afastou as pernas e, quando Flint começou a entrar nela, ela ergueu o braço uns centímetros e meteu a mão no seu elaborado penteado. Quando a retirou trazia um travessão com uma lâmina de aço com quinze centímetros de comprimento. Num movimento destro, espetou a lâmina na parte de trás do pescoço de Flint, enterrando-a até ao fundo.
Flint tentou berrar, mas a única coisa que se ouviu foi um gorgolejar rouco. O sangue escorria-lhe pelo pescoço. Diane abriu os olhos, atordoada.
Kelly olhou para ela.
- Já pode... Agora já pode relaxar. - E afastou o corpo inerte de cima de si. - Ele está morto.
O coração de Diane batia tão depressa que parecia que lhe ia saltar do peito. Estava pálida de morte.
Kelly olhava para ela, alarmada.
- Sente-se bem?
- Eu estava com medo que ele - E a boca ficou-lhe seca. Olhou para o corpo de Harry Flint e estremeceu. - Porque é que não me contou? - Apontou para o travessão espetado no pescoço do outro.
- Porque se não servisse para nada... Bom, eu não queria que pensasse que eu a estava a deixar mal. Vamos sair daqui.
- Como?
- Já lhe mostro. - Kelly esticou uma das suas longas pernas para onde Flint deixara cair as calças. Os seus dedos dos pés esticaram-se para as alcançar. Faltavam uns seis centímetros. Mudou de posição. Ainda faltavam três centímetros. Finalmente, foi bem sucedida. Sorriu. – Voilà! Os seus dedos do pé apanharam as calças e, devagarinho, foi puxando por elas até ficarem suficientemente perto para lhes poder chegar com as mãos. Vasculhou os bolsos das calças à procura da chave. Encontrou-a. Uns segundos depois, tinha as mãos soltas. Correu para junto de Diane.
- Meu Deus, você é um milagre - exclamou esta.
- Agradeça ao meu novo penteado. Vamos sair daqui.
As duas mulheres apanharam as roupas do meio do chão e vestiram-se rapidamente. Kelly retirou a chave da porta do bolso de Flint.
Dirigiram-se para a porta e pararam para escutar. Silêncio. Kelly abriu a porta. Estavam num longo corredor vazio.
- Deve haver algures uma saída - disse Diane.
- Pois deve - concordou Kelly. -Vá por aí que eu vou...
- Não. Por favor. Vamos ficar juntas, Kelly.
Kelly apertou suavemente o braço a Diane e anuiu.
- Com certeza, companheira.
Minutos mais tarde, as duas mulheres deram por si numa garagem. Lá dentro havia um Jaguar e um Toyota.
- Escolha - disse Kelly.
- O Jaguar dá. muito nas vistas. Vamos levar o Toyota.
- Só espero que a chave esteja...
E estava. Diane sentou-se ao volante.
- Faz alguma idéia para onde vamos? - perguntou Kelly.
- Para Manhattan. Mas ainda não tenho nenhum plano.
- Ora aí estão boas notícias - respondeu Kelly suspirando.
- Precisamos de encontrar um lugar para dormir. Quando Kingsley descobrir que conseguimos fugir, vai ficar doido. Não estaremos seguras em lado nenhum.
Kelly pensava.
- Estaremos, sim.
- O que quer dizer com isso? - perguntou Diane a olhar para ela.
- Eu tenho um plano - respondeu Kelly, orgulhosa.
CAPÍTULO 43
Enquanto guiava em direcção a White Plains, a quarenta quilômetros de Manhattan, Diane comentou:
- Parece ser uma cidade simpática. O que estamos aqui a fazer?
- Tenho aqui uma amiga. Ela toma conta de nós.
- Fale-me dela.
Kelly começou a dizer devagarinho:
- A minha mãe casou-se com um bêbado que gostava de lhe bater. Quando tive, finalmente, possibilidade financeira de tomar conta dela, consegui convencê-la a deixá-lo. Uma modelo que eu conhecia e que fugira a um namorado que a maltratava falou-me neste local. E uma pensão gerida por um anjo que se chama Grace Seidel. Trouxe a minha mãe para aqui até lhe conseguir arranjar um apartamento. Vinha todos os dias visitá-la a Grace Seidel. A minha mãe adorou cá estar e fez amizade com outras pensionistas.
Finalmente arranjei-lhe um apartamento e vim buscá-la. - Calou-se.
- E que aconteceu? - perguntou Diane.
- Ela voltou para o marido.
Tinham chegado à pensão.
- Cá estamos.
Grace Seidel era uma mulher que estava por volta dos cinqüenta anos, dinâmica, uma maternal bola de energia. Quando abriu a porta e viu Kelly, o seu rosto iluminou-se.
- Kelly! - Abraçou-a. - Que bom ver-te.
- Esta é a minha amiga Diane - apresentou Kelly.