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— Nunca ouvi falar — disse Sigmund.

— Exatamente. Suas credenciais são das mais impressionantes. Segundo o dossiê do Controlador, Angel esteve envolvido no assassinato sikh de Khalistan, na Índia. Ajudou os terroristas machateros em Porto Rico, assim como o Khmer Vermelho, no Camboja. Planejou o assassinato de meia dúzia de oficiais do exército em Israel. Os israelenses ofereceram um prêmio de um milhão de dólares por ele, vivo ou morto.

— Parece promissor — comentou Thor. — Podemos consegui-lo?

— Ele é caro. Se concordar em aceitar o contrato, vai nos custar dois milhões de dólares.

Freyr soltou um assovio, depois deu de ombros.

— Pode-se dar um jeito. Tiraremos o dinheiro do fundo de despesas gerais que instituímos.

— Como fazemos contato com esse tal de Angel? — perguntou Sigmund.

— Todos os seus contatos são efetuados por intermédio da amante, Neusa Muñez.

— Onde a encontramos?

— Ela vive na Argentina. Angel montou um apartamento para ela em Buenos Aires.

— Qual seria o próximo passo? — perguntou Thor.

— Quem entraria em contato com ela por nós?

— O Controlador sugeriu um homem chamado Harry Lantz — respondeu o presidente.

— O nome parece familiar.

O presidente acrescentou, secamente:

— Tem saído nos jornais. Harry Lantz é um indisciplinado. Foi expulso da CIA por organizar sua quadrilha de traficantes de tóxicos no Vietnam. Enquanto estava na CIA, fez uma excursão pela América do Sul, e por isso conhece o território. Seria um intermediário perfeito. — O presidente fez uma pausa. — Sugiro que façamos uma votação. Todos que estão a favor da contratação de Angel levantem as mãos, por favor.

Oito mãos bem cuidadas se elevaram pelo ar.

— Então está resolvido. — O presidente levantou-se.

— A reunião está encerrada. Por favor, observem as precauções habituais.

Era uma segunda-feira, e o guarda Leslie Hanson estava fazendo um piquenique na estufa do castelo, onde não tinha direito de ficar. Não estava sozinho, como mais tarde teve de explicar a seus superiores. Fazia calor na estufa, e sua companheira, Annie, uma rechonchuda camponesa, persuadira o bom guarda a levar um cesto de piquenique.

— Você entra com a comida e eu ofereço a sobremesa

— comentara Annie, rindo.

A "sobremesa" tinha quase um metro e setenta de altura, seios lindos e firmes, e quadris que deixava um homem com vontade de cravar os dentes.

Infelizmente, porém, no meio da sobremesa a concentração do guarda Hanson foi desviada por uma limusine que saía pelo portão do castelo.

— Este lugar deveria estar fechado às segundas-feiras

— murmurou.

— Não perca o seu lugar, meu bem — sussurrou Annie.

— De jeito nenhum, querida.

Vinte minutos depois o guarda ouviu um segundo carro partindo. Desta vez ele ficou bastante curioso para se levantar e dar uma espiada. Parecia uma limusine oficial, com as janelas escuras que não deixavam ver os passageiros.

— Você não vem, Leslie?

— Já estou indo. Não consigo imaginar quem poderia ter ido ao castelo. Está sempre fechado, a não ser nos dias de visita.

— Exatamente o que vai acontecer comigo, meu bem, se você não vier logo.

Vinte minutos depois, quando ouviu o terceiro carro partindo, a libido do guarda Hanson perdeu a batalha para o seu instinto de policial. Houve mais cinco veículos, sempre limusines, deixando o castelo a intervalos de vinte minutos. Um dos carros parou por um momento para deixar que um cervo passasse pelo caminho, e o guarda Hanson pôde anotar o número da placa.

— Este deveria ser o seu dia de folga — queixou-se Annie.

— Pode ser importante.

Enquanto falava, o guarda Hanson especulava se deveria ou não comunicar o incidente.

— O que estava fazendo no Castelo Claymore? — perguntou o Sargento Twill.

— Uma visita turística, senhor.

— O castelo estava fechado.

— Mas a estufa estava aberta, senhor.

— Então você resolveu fazer uma visita turística à estufa.

— Isso mesmo, senhor.

— Sozinho, não é?

— Para ser franco, senhor...

— Não precisa relatar os detalhes escabrosos. O que o fez desconfiar dos carros?

— O comportamento deles, senhor.

— Carros não têm comportamento, Hanson. Os motoristas é que têm.

— Tem razão, senhor. Os motoristas pareciam muito cautelosos. Os carros partiram a intervalos de vinte minutos.

— Deve saber que há provavelmente mil explicações inocentes para isso. Na verdade, só você é que parece não ter uma explicação inocente.

— É verdade, senhor. Mas achei que deveria comunicar o que aconteceu.

— Agiu certo. Esta é a placa que você anotou?

— É sim, senhor.

— Muito bem. Pode deixar comigo. — O sargento pensou num comentário crítico para acrescentar. — E não se esqueça... é perigoso jogar pedras nos outros se você tem um telhado de vidro.

E riu de sua piada durante toda a manhã.

Quando recebeu a informação sobre a placa do carro, o sargento Twill concluiu que Hanson se enganara. Levou a informação para o inspetor Pakula e explicou a situação.

— Eu não o incomodaria com esse problema, inspetor, mas a placa do carro...

— Entendo. Pode deixar que cuidarei do caso.

— Obrigado, senhor.

No quartel-general do SIS, o Serviço de Informações Secretas da Inglaterra, o inspetor Pakula teve uma rápida reunião com um dos diretores, um homem corpulento e de rosto avermelhado, sir Alex Hyde-White.

— Fez bem em trazer o problema ao meu conhecimento — disse sir Alex, sorrindo, — Mas receio que não seja nada mais sinistro do que tentar arrumar uma viagem real de férias sem que a imprensa tome conhecimento.

— Lamento tê-lo incomodado com algo assim. O inspetor Pakula levantou-se.

— Não tem problema, inspetor. Demonstra que seu serviço está vigilante. Como é mesmo o nome do jovem guarda?

— Hanson, senhor. Leslie Hanson.

Assim que o inspetor Pakula se retirou e a porta foi fechada, sir Alex Hyde-White pegou um telefone vermelho em cima da mesa.

— Tenho uma mensagem para Balder. Estamos com um pequeno problema. Explicarei na próxima reunião. Enquanto isso, quero que providencie três transferências. Sargento policial Twill, inspetor Pakula e guarda Leslie Hanson. Espace as transferências em alguns dias. Quero que sejam enviados para postos separados, o mais longe possível de Londres. Informarei ao Controlador e verei se ele quer que se tome mais alguma providência.

Em seu quarto de hotel em Nova York, Harry Lantz foi despertado no meio da noite pela campainha do telefone. Quem pode saber que estou aqui?, pensou. Olhou para o relógio na mesinha-de-cabeceira e depois atendeu.

— Porra! São quatro horas da madrugada! Quem... Uma voz suave começou a falar e no mesmo instante

Lantz sentou na cama, o coração disparando.

— Pois não, senhor — disse ele. — Está bem, senhor... Não, senhor, mas posso dar um jeito de ficar livre.

Escutou em silêncio por um longo tempo e depois murmurou:

— Compreendo, senhor. Pegarei o primeiro avião para Buenos Aires. Obrigado, senhor.

Lantz desligou e acendeu um cigarro. As mãos tremiam. O homem com quem acabara de falar era uma das pessoas mais poderosas do mundo e o que pedira a Harry Lantz para fazer... Mas afinal, o que está acontecendo?, perguntou a si mesmo. Só pode ser alguma coisa muito grande. O homem ia lhe pagar cinqüenta mil dólares para transmitir um recado. Seria divertido voltar à Argentina. Harry Lantz adorava as mulheres sul-americanas. Conheço uma dúzia de sacanas com tanto tesão que preferem foder a comer.